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Celulares viram cartão de crédito
20/07/2009

Se o celular já é considerado o principal objeto sem o qual as pessoas não saem de casa, daqui a algum tempo será possível sair de casa sem o segundo item mais importante: a carteira. O uso do celular como meio de pagamento, muito disseminado entre os japoneses, começa a ganhar força no Brasil. "Agora nem bolsa eu carrego. Saio só com a chave e o celular", diz a nutricionista Erika Ibe Rodriguez, 26 anos, que utiliza o aparelho diariamente para pagar a conta do almoço no Shopping Flamingo, em Alphaville, em Barueri (Grande São Paulo). "Uso umas duas ou três vezes por dia. É prático e moderno."

Pioneira nesse serviço no Brasil, a Oi possui uma base de 200 mil usuários que realizam, em média, duas a três transações mensais por meio do Oi Paggo. O serviço estreou em 2007 e conta com 72 mil estabelecimentos cadastrados no País, de pequenos restaurantes a grandes varejistas como Americanas ou a Gol Linhas Aéreas.

Há duas semanas, a Vivo lançou uma parceria com o Itaucard que permite aos titulares do cartão Vivo Itaucard pagar contas apresentando apenas o número do celular - em vez do cartão de plástico - em qualquer estabelecimento que aceite cartões. Por estar restrito aos titulares do cartão Vivo Itaucard, cuja anuidade pode variar de R$ 56 a R$ 360, o serviço é mais limitado que o da Oi - por sua vez, disponível aos usuários da operadora. Mas é sinal de que a Vivo e o Itaú não querem ficar fora desse mercado.

Sem vínculo com operadora ou banco, a empresa de bandeira de crédito Novo e-pay já passou por uma fase piloto, em Alphaville e Aldeia da Serra, na Grande São Paulo, e agora faz planos de crescer. Este mês, estreou na capital paulista e está em negociações para chegar a Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro e até Portugal, em parceria com o grupo Sonae. O presidente e sócio da Novo e-pay, Erivelto Rodrigues, conta que, em quatro meses de operação, a empresa conquistou 5 mil clientes e credenciou 600 estabelecimentos. "Temos hoje um volume mensal de R$ 1 milhão de transações pelo celular", diz Rodrigues, conhecido do mercado financeiro por sua empresa de análise de bancos Austin Rating.

Segundo ele, a ideia é atrair desde lojas e restaurantes até camelôs, taxistas e pequenos comerciantes informais que não têm acesso a cartões de crédito. "Fechamos contrato de exclusividade com a feira de eletrônicos ?Feira da Madrugada?, uma feira que acontece no centro de São Paulo das 2 horas às 6 horas da manhã e movimenta R$ 1,5 milhão por dia", diz. Para atrair os lojistas, a Novo cobra taxa de administração de 1,98%, inferior aos 3% a 5% cobrados pelas empresas de cartão.

Segundo o presidente da Novo, foram investidos R$ 25 milhões no negócio. "Desenvolvemos uma tecnologia que permite realizar compras mesmo quando não há sinal", diz. Pelo sistema, o celular funciona com um aplicativo que gera uma senha nova a cada transação.

Na tecnologia usada pela Oi e pela Vivo, para confirmar a transação, o cliente recebe um torpedo e depois digita uma senha no celular. O diretor de meio de pagamentos da Oi, Roberto Rittes, reconhece a limitação do serviço em regiões onde não há sinal, mas afirma que quando existe rede, é "raro o sistema falhar ou demorar".

A Oi não revela o volume de recursos movimentados pelo Paggo. Mas a maior parte das operações, segundo Rittes, se refere a compra de créditos para o próprio celular. Para este ano, a empresa resolveu concentrar a estratégia de crescimento em 12 centros urbanos onde é líder de mercado - São Paulo, onde estreou no fim do ano passado, ficou de fora. " Em vez de crescer devagar em uma grande área, resolvemos investir para crescer rapidamente em áreas menores."

Outra empresa de soluções para pagamento via celular é a M-Cash, que começou associada ao HSBC mas hoje atua de forma independente. Dentre os produtos desenvolvidos pela M-Cash está um vale-presente da Livraria Cultura que o presenteado recebe pelo celular.

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Mariana Barbosa - O Estado de S.Paulo

  

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