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TEMA LIVRE : Lúcio Flávio Pinto
Morre aos 55 anos fêmea de peixe-boi da Amazônia
26/02/2008
Mayra será taxidermizada para integrar uma
exposição sobre a evolução da vida animal
Mayra, peixe-boi fêmea, morreu aos 55 anos no Parque Zoobotânico do Museu Goeldi, em Belém. O raríssimo animal media 2,50m, pesava em torno de 300 quilos e fazia a alegria de funcionários e visitantes. Se não houve um fator acidental, ingestão de corpo estranho – plástico, por exemplo –, a causa provável da morte foi a idade avançada desse mamífero aquático que já apresentava comportamento característico da fase senil: letargia e lentidão na ingestão de alimentos.
Dentro do projeto de Revitalização do Parque Zoobotânico, a direção do museu já havia organizado um projeto de reforma do tanque do peixe-boi, e em seguida levaria um companheiro para a fêmea. Agora, além de continuar procurando uma empresa que patrocine a reforma do ambiente, a instituição vai precisar encontrar novos moradores para o novo ambiente.
A direção do museu pretende taxidermizar o corpo de Mayra, para incorporá-lo na próxima exposição que aborda a evolução da vida. Para tanto, pediu ao Museu Nacional, no Rio de Janeiro, a vinda de um especialista. Se tudo der certo, Mayra não sairá de “cartaz” no parque e poderá ser uma das estrelas da nova exposição, que homenageia as teorias de Darwin e Wallace. O museu vai preservar a pele, a gordura e os seus ossos.
Tristeza geral
O sábado, 23, foi um dia triste para o Museu Goeldi. Mayra era uma das mais queridas e antigas moradoras do Parque Zoobotânico. Ela foi encontrada morta em seu tanque pela bióloga do Serviço do Parque Zoobotânico, Thatiana Figueiredo. Pertencia à espécie Trichechus inunguis e estava na lista de animais ameaçados de extinção no Estado do Pará.
O veterinário do museu, Antonio Messias Costa, relata que Mayra estava sob vigilância constante em função de sua idade. Cuidado que se intensificou desde julho de 2007, quando ela superou uma crise gástrica. Para restabelecer a saúde do peixe-boi, a equipe de veterinária do Goeldi diversificou a dieta do animal, oferecendo-lhe, além de capim, melão e banana, suplementos vitamínicos e protetores da mucosa. A rotina de Mayra passou a ser monitorada constantemente.
Ainda no sábado, o museu iniciou o exame necrológico em Mayra, para investigar os motivos de sua morte. O material da autópsia será encaminhado para a Universidade Federal Rural da Amazônia, onde serão feitos exames específicos para confirmar o laudo preliminar. O resultado preliminar da causa da morte será divulgado quarta-feira, dia 27. O parecer defintivo provavelmente será divulgado em um mês, após a avaliação dos peritos da universidade.
Mayra fazia parte de um grupo que inspira cuidados e exige uma rotina mais rigorosa da equipe de veterinária: são os idosos da coleção faunística do Museu Goeldi, que incluem o jacaré-açu (Melanosuchus ninger) Alcindo, com 55 anos, a onça pintada (Panthera onca) preta Bemp, 21 anos, e o cauauã (Euxenura maguari), com 35 anos.
Todos eles já apresentaram problemas diversos em função da idade e passaram por intervenções cirúrgicas recentes. O animal mais debilitado atualmente é a onça pintada, que está com diarréia e não vem se alimentando regularmente.
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*Lúcio Flávio Pinto -- editor do Jornal Pessoal e colunista da Agência Amazônia -- com informações da Assessoria de Comunicação do Museu Goeldi. T
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