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Cuiabá MT, 12/10/2024
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Curto&Grosso O que ainda será manchete

TEMA LIVRE : Eduardo Mahon

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A guerrilha dos blogues mato-grossenses
28/10/2008

Nunca fui contra que a linha editorial de um determinado veículo de comunicação posicionasse abertamente suas preferências políticas. Ao contrário, entendo que o modelo estadunidense, nesse quesito, deva merecer atenção dos jornalistas brasileiros. É que sabemos todos que ninguém é completamente imparcial e carrega em si uma carga de valores coletivos e individuais insuscetível de contemporizações. E mais – o jornal tornou-se uma grande empresa, lucrando muito com os anúncios institucionais de organismos públicos e privados, levantando ainda mais questões relativas à independência do veículo de comunicação e dos profissionais que os dirigem.

Nenhum problema, até então. Bastava que o mito da isenção e da ética jornalística de botequim pseudo-imparcial, sumisse. O único ser humano independente mesmo é o eremita e, mesmo assim, com sérias ressalvas. Termos a coragem de adotarmos um posicionamento é até mais honesto com o leitor que saberá ao certo discernir a ótica da notícia. O problema não é simplesmente escamotear uma notícia (fatal para um jornal de média e grande circulação) e sim a forma, o meio, a abordagem com que a notícia é tratada. Diante do resultado do pleito cuiabano, poderíamos dizer que Mauro Mendes saiu de 1% e chegou aos 40% ou simplesmente que Wilson Santos bateu seu adversário com mais de 60% de votos. A notícia, no conjunto, é a mesma – mas a tônica é bem diversa.

O que se viu nos jornais mato-grossenses foi o temor de assumir posições, com a eterna covardia de dizer-se imparcial, quando até as pedras sabem que, nesse meio, há filtros aos milhares. Em um jornal, seria impossível ler que Mauro Mendes crescia ao ritmo de 0,5% a 1% ao dia, e em outro, que Wilson Santos tinha larga margem de vantagem. Então, a notícia é manipulada? Sim, talvez seja. Mas creio ocorrer pior que isso. Mesmo não descaradamente escondida ou editada, o mais perigoso ao leitor é a falta de honestidade em assumir posições. Esse slogan “independente”, “fiscal”, “imparcial”, “objetivo” é tão clichê que chega a depor contra a equipe de marketing, de ingênuo e primário para dizer o mínimo. Um jornal que se empenha em veicular notícias exclusivamente negativas a uns e não poupar rasgos de elogios a outros, não é completamente sério.

Nesse ramo, quem se destaca são os blogues. Pessoalmente, acompanho os seguintes: Olhar Direto, Adriana Vandoni, ClickMT, MidiaNews, Romilson Dourado e Página do E. Fui advogados de uns, acionei outros, fui elogiado por estes, detratado por aqueles e deslembrado por poucos. Cada qual com um objetivo, com uma linguagem e com uma abordagem de comunicação. O mais original, indubitavelmente, é Marcos Antônio Moreira. Com um estilo e um palavreado repleto de humor, acidez e furos (que se confirmam ou não), o “Villa” merece a minha atenção cativa. Quando não há notícia, sobram as piadas e fotos de mulher pelada. É isso mesmo, a originalidade e a genialidade não têm cabrestos no politicamente correto e não podem ser patrulhadas. Os codinomes que imputa aos políticos é simplesmente o melhor da leitura.

A tucana Vandoni e seus comentaristas politizados estão ganhando o gosto de um público não acostumado a enxergar o fenômeno partidário mais amplo que o mato-grossense; o Olhar Direto é vanguardista na cobertura com sua dinâmica nervosa e instantânea; o MidiaNews está na ponteira tecnológica, unindo vídeos e áudios; Romilson brilha com as análises políticas especializadas e furos de bastidores, desgostando muitas autoridades; e, recentemente, a Página do E do petista Enock Cavalcanti destacou-se na cobertura aprofundada da luta frustrada pelas eleições Diretas na OAB e, agora, cobre as questões relativas ao Tribunal de Justiça, onde devemos também reconhecer o pioneirismo de Marcos Coutinho soltando as primeiras notícias do escândalo das facções internas e apurações da gestão passada. Recentemente, um furo do Romilson (omitido por todos os jornais que abafaram) abalou os alicerces do Ministério Público; incomodados também está a chefia da Defensoria Pública, posturas que aplaudimos no jornalismo mato-grossense. Por isso mesmo, todos os grandes expoentes dos blogues já integraram a mídia impressa, mas para que noticiam, comentam e repercutem não há espaço no jornal de grande circulação.

Mas até mesmo os blogues têm sérias dificuldades de se posicionar de forma clara, em termos políticos. Afora Adriana Vandoni e Enock Cavalcanti, o leitor não sabe declaradamente de quem recebem os profissionais, quais suas preferências ou apoios financiados. Não sabe a linha editorial e nem se há uma pauta mínima de redação ou se há um analista interno ou externo para fazer autocrítica. O que é amplamente coberto por uns, é solenemente ignorado por outros ou, até mesmo, por todos. Estranhamente, contra alguns políticos ou autoridades públicos, há os que preferem simplesmente “filtrar” e fingir que nunca houve a notícia ou que não merece ser veiculada. Mede-se a seriedade desses veículos revolucionários de comunicação, partindo daí. Aliás, mensura-se qualquer credibilidade de qualquer jornal da mesma forma. Os caprichos da redação ou os cabrestos do proprietário.

Julgo que nunca fui expressamente censurado na imprensa mato-grossense. É claro que piso em alguns calos e, não sendo jornalista, posso auxiliar no ofício de criticá-los. Os blogues avançaram, transcenderam o modismo, consolidaram-se em credibilidade, conquistaram públicos, anunciantes e lentamente estão virando uma empresa. Sempre admirei a minoria. Espero que o nicho alternativo da notícia não se converta numa sucursal de partidos ou instituições patrocinadoras, onde a ética dominante e a opinião institucional é rifada para aquele que paga ou toma rumos contrários contra aquele que deixa de pagar. Isso é, numa palavra, a velha chantagem da imprensa marrom. Essa já a conhecemos e sabemos bem que faz – patronos da moralidade.

Espero ainda que prossigam sérios com essa postura dinâmica que marca a internet, a independência crítica que fura as redações dos jornais tradicionais deixando-as na retaguarda e, finalmente, não incorram no mesmo erro da grande mídia, vendendo-se a alguns, filtrando notícias e análises que fazem do leitor um completo paspalho ou desacreditam no trabalho de guerrilha que fizeram dos blogueiros as maiores referências de independência no jornalismo contemporâneo.

...

Eduardo Mahon é advogado em Mato Grosso e Brasilia/DF


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