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TEMA LIVRE : João Vieira

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Comedor
30/10/2008

Depois de um longo e tenebroso inverno de infernal 40º positivos emanados desde a sombra das centenas de imersões na Rede Sarah, eis que ressurge das cinzas, velha, idosa, quase senil determinação para se si tirar os dois pés atolados até os ossos de uma imensa e colossal jaca-jeca ou porque agora choro em Pirenópolis-GO, onde e quando o norte aponta resoluto, decisivo e decidido, em seta e riste o rumo:Paris! Via única e última forma de se endireitar a louca bússola que me guia e então transvia a vida que só e só desvia o que só eu sou e suo só. Ou melhor seria acordar vazia numa noite e fria? Melhor suar cozinhando e vendendo o que cozinhar do que gastar como quem esbanja pérolas com varas varada. E via um mero comedor porque cacife para um restaurante é só o muito de tudo o que eu não tenho. Sequer para o comedor, eu sei.

E, é por sabê-lo, que passo uma lista na base do que ¨se colar, colou e não se fala mais nisso¨, contendo itens dos quais não se pode prescindir para se ter o mero. E porque um dia como tantos outros de igual degradação euzinha na cozinha, flagrei-me pronunciando conzinha em galope rascante nos ouvidos, melhor, antes, apontar o que tenho: o endereço. Ótimo; privilegiado mesmo: Praça da Matriz, 01. Centro do centro, do centro histórico de uma cidade que conta com a indústria do turismo em plena funcionabilidade; espaçoso, na medida para o número da demanda possível; relativamente próximo a BSB, alias a cidade é polarizada por BSB (100 km.) e vem de lá uma boa fatia do público alvo, cliente potencial pretendido; (único e cruel defeito: todos os defeitos possíveis e impôs além de repleta deles, rodeada de goianos chapéu atolado, quando não geneticamente no cérebro, trintoitão na cinta) então e assim eu possuo boa parte do mobiliário cuja qualidade vai fazer diferença mais 1 fogão industrial, 2 bocas, emprestado; 30 pratos, branco, louça; 2 dz. facas (comuns) de mesa (não tenho os garfos); zilhões de objetos para a decoração do cafofo pretendido, quais igual farão diferenças zils.

As toalhas, para, inicialmente 12 mesas, eu estou fazendo-costurando; o nº de panelas que tenho faz cócegas no quase; alvará de funcionamento e toda a disposição e motivação do mundo, também as tenho, e como, embora pouco eu coma! Ou será que estou em coma... Na cama? Que nada, eu estou mesmo é aqui pesada, pregada, perdida, parada, mas já não mais mirando o nada, pois é que eu tenho além, 3 mesas belezas!

Agora sim, vamos, então para o que não tenho: 1 dz. de facas de metal prateado (comuns) e 3 dz.de garfos; 1 dz. de porta guardanapos; 1 dz. de recipientes para (jogo de três,cada) sal, vinagre e azeite; 1 passagem p/ Paris. Porque eu não sou besta, de Portugal também serve, ora pois, pois, de lá eu pego o trem e não volto nunca mais, nunca mais, nunca mais; 1 freezer vertical, 2ª mão e outro horizontal, idem 2ª mão; 2 dz. Pratos de louça branca, rasos; 1 cirurgia plástica. Êpa! É só o contorno do queixo e fazer as pálpebras, pô, titica de nada, coisiquinha mesmo... Mas que pão duragem, o meu! Êêêu, hem? Que horror que é ninguém reconhecer e sobretudo financiar as necessidades primárias de um ser vivente/pendurente... 3 dz. Pratos de louça branca para salada (e sobremesa); 3 dz. talheres p/ sobremesa; 1 pia – p/ lavar as mãos; 1 carro c/ motorista automático, tanque cheio e manutenção mecânica ad eternos; 1 vaso sanitário p/ o segundo banheiro (he, he, he); 1 talão de cheques assinados em branco para belos zils banhos de loja; 1 dz. Cumbucas para feijoada. 4 pessoas, cerâmica; 4 dz. Cumbucas p/ feijoada, individual, cerâmica; 4 dz. De copos para caldo, cerâmica, êpa, caldo de feijoada. Ah! Os meus 40 anos! Excluída a maternidade, antes não os quero, pois os passei chorando. E, como também eu não sou leão, 1 moreno alto de bigodes. Pensando bem, com bigodes. ou sem eles, do jeito que vier tá bom. Zilhões de travessas inoxidáveis e 1 dz. de jarrinhos para flores nas 12 mesas (sic); Zilhões de copos – números proporcionais às mesas de 4 lugares – cerveja, água, vinho, Wisque, cétara.

O resto, é chá comigo!

...

*João Vieira é sociólogo


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Comentários dos Leitores
Os textos dos leitores são apresentados na ordem decrescente de data. As opiniões aqui reproduzidas não expressam necessariamente a opinião do site, sendo de responsabilidade de seus autores.

Comentário de Xico Mendonça (paradigma9@hotmail.com)
Em 30/10/2008, 08h56
Heim? Como?
Necessário, antes de mais nada, saber o que o João andou bebendo. O texto não passa por teste de bafômetro algum, por mais que esteja seduzido pelos acepipes. Cê voltou a fumar, Joãozinho?

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