Chegando à Femina, uma simples, humilde e querida funcionária administrativa, aproxima-se de mim e me faz um pedido: “- O Senhor poderia fazer uma crônica para mim?”

Indago-lhe sobre o assunto.

“Amor Eterno”, respondeu-me.

Ela está apaixonada? Quer dar de presente ao seu amor uma crônica minha falando dos seus sentimentos? Será que ela é leitora do Vinicius de Moraes, e agora apaixonada, quer alguém que contrarie o poeta de Ipanema para quem o “Amor é eterno enquanto dure”?

Vou escrever que o amor eterno é como tudo na vida. Não tem passado, nem futuro. Que aproveite o presente e o faça parar para usufruir eternamente do seu amor, que só assim será eterno.

Não faço planos para o futuro, que tem mais incertezas do que certezas. Amor eterno é possível espichando os dias e não deixando-o para trás que vira passado, de utilidade nenhuma. Vamos valorizar os segundos do nosso dia sem dor e sofrimento. Observar a felicidade no somatório dos segundos que contemplam o nosso dia.

A beleza do raiar do dia. O maravilhoso espetáculo do crepúsculo. O dia claro de céu azul e temperatura tórrida. O acordar da cidade e os seus primeiros movimentos. Os pássaros buscando alimento e amor. O trabalho do construtor “João-de-barro” com os seus conjuntos habitacionais ecologicamente corretos.

A solidão das águas do rio e a sua musicalidade. A paciência quase religiosa do pescador de anzol. A noite estrelada com pontos luminosos para lembrarmos passagens do nosso amor eterno, pois eternas são as coisas criadas por Deus e entendidas pelo homem.

Creio que amor eterno é sentir a perfeição da Natureza, que entre as suas riquezas, produziu o Amor.

...

*Gabriel Novis Neves é médico, professor-fundador e primeiro reitor da Universidade Federal de Mato Grosso

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