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TEMA LIVRE : Valéria Del Cueto

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Salve o Santo, viva Jorge!
02/05/2010

Nada como um refresco, uma brisa de ar marítimo e um bom “sacode” dançante. Viajei para o Rio no hiper feriadão carioca, que começou na quarta, se apreguiçou num ponto facultativo e começou a pegar fogo na alvorada de São Jorge, sexta, dia 23 de abril.

É muito feriado e deveria haver mais um. Não fosse esse um país tão pouco patriótico. Quem me alertou para o fato foi um motorista de táxi, uma tribo carioquíssima com idéias próprias e, na maioria dos casos, um papo pra lá de agradável, tipo colocado.

- Que dia é hoje? Desafiou um autêntico representante da classe, a caminho de Ipanema.

- O dia entre Tiradentes e São Jorge, arrisquei.

- É, mais uma! Peguei meu filho hoje de manhã. Ele não ligou a data ao fato. Este país é incrível, onde já se viu ninguém lembrar que é o dia do descobrimento do Brasil? Me aponte um outro país em que a data seja assim, ignorada.

Preferi não discutir, mas acrescentei um dado à pesquisa:

- Claro que é lembrada, pelo menos na mais famosa manifestação popular brasileira, o carnaval. E cantarolei: “Quem foi que descobriu o Brasil, foi seu Cabral, foi seu Cabral, dois meses depois do carnaval...”

Se o feito português não é lembrado, o mesmo não se pode dizer do santo da Capadócia que ano a ano arrasta fieis às igrejas e terreiros, enchendo a cidade de sons e festejos.

É impressionante a mobilização que começa antes das quatro da madrugada em diversos pontos da cidade. Como Quintino era muito longe, preferi a igreja do Campo de Santana, no centro do Rio, para ver a movimentação da alvorada festiva a e a primeira missa do dia.

Gente, muita gente. A maioria vestida com as cores do santo. Barracas de lembranças, quitutes e muita festa circundam a igreja. As filas são quilométricas para entrar no templo. Não me arrisco a encará-las. Prefiro observar a roda de umbanda.

Entre o som do atabaque, velas, espadas de São Jorge, a planta, flores, latas e copos de cerveja, volta e meia alguém recebe uma entidade, sob os olhos e cuidados dos que, depois de um tempo ajudam a tirar o santo do cavalo incorporado. Só o toque do clarim da alvorada e a missa, transmitida do interior da igreja, interrompem a festa afro-religiosa.

Na hora do Hino Nacional, me lembro da conversa do motorista de táxi. Que coisa linda ouvi-lo sendo cantado pela multidão. Tímida, na primeira parte, mas contagiada de amor e entusiasmo a partir da virada da música. Melhor do que em jogo de futebol. Aqui,, ninguém fingia que cantava mexendo discretamente a boca. A terra era mais garrida, os campos tinham mais flores e os bosques mais amores. A devoção só foi maior na hora do Pai Nosso.

Que festa. Na comunhão comecei a notar que não conseguia mais me mexer para fotografar. Era uma multidão vermelho e branco de amor ao santo guerreiro. Colei nas costas e segui os passos do primeiro cara bem grandalhão que passou, abrindo o caminho va-ga-ro-sa-meennn-te em direção a Presidente Vargas, a rota de fuga mais rápida em direção à minha caminha. Emergi na avenida suada, amarrotada, mas muito feliz.

As luzes do Rio começavam a empalidecer, contrastando com o dia que nasce, ainda azul rosado. Na bolsa, a câmera fotográfica camuflada e uma dezena de fitinhas de São Jorge, compradas por um real, par distribuir para os verdadeiros companheiros de caminho e devoção.

Este é um ano em que ser um guerreiro é muito mais que simplesmente lutar, é saber por que lutar. A vitória será de quem nele persiste mesmo que, com eu, através da ausência e da inevitável saudade.

...

*A coleção de fotos de Salve, Jorge está no SEM FIM http://delcueto.multiply.com. Valéria del Cueto é jornalista, cineasta, gestora de carnaval e porta-estandarte do Saite Bão. Este artigo faz parte da série "Ponta do Leme"


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