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TEMA LIVRE : Haroldo Assunção
Julier Sebastião "Chico de Brito" ou Ainda há juizes em Berlim
29/05/2010
UMA HISTORINHA
Em 1912 um austero cidadão chamado Francisco José de Brito, assumiu as funções de intendente (prefeito) e delegado do Crato, no Ceará. Homem destemido que era Brito não queria conversa, quem andasse fora da lei, pobre, rico, importante ou não, ele prendia, processava e até castigava. Não se cansava nunca de dizer: ¨A lei é dura, mas é lei¨.
Um dia o intrépido delegado prendeu um jovem estudante de direito só porque estava incomodando as moçoilas da pacata cidade, com gracejos. O rapaz, arrogantemente, perguntou. ¨Baseado em que lei o senhor acha que vai me prender?¨. Brito não pensou muito e disse. ¨Na Lei do Chico de Brito!¨.
Daí surgiu essa expressão ¨Lei do Chico de Brito¨ que, em ¨cearensês¨, significa: ¨Quem manda sou eu e não tem apelação¨.
HISTORINHA MALCONTADA
No melhor estilo “Chico de Brito” ou, por outra, “prendo e arrebento” – para lembrar o falecido ex-presidente general João Figueiredo, o juiz federal Julier Sebastião da Silva expediu 91 mandados de prisão na esteira da famigerada “Operação Jurupari”.
No meio de tanta gente, mandou prender o irmão e a esposa do presidente da Assembléia Legislativa, deputado José Geraldo Riva, a quem o juiz tenta – sem sucesso – “enquadrar”, há vários anos. Difícil, praticamente impossível, dissimular o viés político das ordens judiciais – mesmo porque o próprio magistrado teria recomendado à Polícia Federal que averiguasse apenas os casos que envolvem políticos.
Não é de hoje, aliás, que lhe brilha na toga a matiz política.
De quem era filiado ao PT antes de ingressar na magistratura, ex-líder estudantil nos tempos de universidade federal, na qual chegou a comandar o Diretório Central dos Estudantes, em companhia do hoje deputado estadual petista Alexandre Cesar – este, quando candidato a prefeito de Cuiabá, beneficiado por outra decisão suspeita de Julier, que à época determinou busca e apreensão no comitê tucano.
Desta feita, Julier Sebastião foi desancado pelo desembargador federal Tourinho Neto, que colocou em liberdade todos os presos da “Operação Jurupari”.
OUTRA HISTORINHA
Em 1745, o rei Frederico II da Prússia, ao olhar pelas janelas de seu recém-construído palácio de verão, não podia contemplar integralmente a bela paisagem que o cercava. Um moinho velho, de propriedade de seu vizinho, atrapalhava sua visão. Orientado por seus ministros, o rei ordenou: destruam o moinho!
O simples moleiro (dono de moinho) de Sans-soussi não aceitou a ordem do soberano.
O rei, com toda a sua autoridade, dirigiu-se ao moleiro: Você sabe quem eu sou? Eu sou o rei e ordenei a destruição do moinho!
O moleiro respondeu não pretender demolir o seu moinho, com o que o rei soberano redargüiu: “Você não está entendendo: eu sou o rei e poderia, com minha autoridade, confiscar sua fazenda, sem indenização!”.
Com muita tranqüilidade, o moleiro respondeu “Vossa Alteza é que não entendeu - ainda há juízes em Berlim!”.
E também em Brasília, como demonstrou Tourinho Neto.
Talvez envergonhado, Julier Sebastião está de malas prontas para a Inglaterra – para estudar.
Já vai tarde – e tomara que aprenda algo sobre os princípios da Justiça e do Direito.
...
¨Haroldo Assunção é jornalista em Cuiabá/MT
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