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TEMA LIVRE : Montezuma Cruz

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Comunistas chegam às ilhas do Paranazão
12/01/2011



José Gonçalves da Conceição, Zé Dico, era um homem pobre antes de adquirir os direitos de posse de 5.324 hectares situados no perímetro da reserva das lagoas do Rio Paraná, o Paranazão, em Epitácio. Nesse local, ele instalou a sede da Fazenda Bandeirantes. Era dono de fato, mas não de direito. Se tornaria um homem rico, ganancioso e bravo.

Em 1967, a Aliança Libertadora Nacional (ALN)* atuava em Presidente Epitácio, na divisa paulista com o antigo Estado de Mato Grosso. Estudos feitos pelo falecido professor José Ferrari Leite revelam que, até 1963 e durante longos anos não havia Justiça Federal nem Ouvidoria Agrária no interior. Valia, portanto, a lei do mais forte, o mando dos fazendeiros.

Zé Dico entrava numa área de terras cuja história começava em 1942. Naquela época, o governo paulista considerava público um território de 1,7 mil hectares, habitado por cerca de trezentos posseiros, a oeste da reserva, entre as lagoas e o Rio Paraná.

Os posseiros só souberam da realidade das terras em 1965, em conversas com o padre Olívio Reato e com guardas da Polícia Florestal paulista, constatava o professor Ferraria Leite. Zé Dico aumentava o tamanho da fazenda para 7.744 ha. Essa situação também fora constatada pelo jornalista José Aparecido, durante suas visitas à região, a serviço do Correio da Manhã, do Rio de Janeiro. Era dessa maneira, graças à amizade com aquela gente simples, que ele levava para São Paulo as informações necessárias à ação dos comunistas.

Cada lote dos posseiros media entre quatro e cinco hectares e o acesso a tais lotes era feito só de barco. Os posseiros viviam em situação de penúria. Sem escrituras e, conseqüentemente, assistência técnica, eles nem passavam nas portas dos bancos. Quem lhes concederia financiamento? Quase quatro décadas antes do surgimento do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, os bancos os ignoravam.

Esses posseiros apelavam para o então poderoso Zé Dico, que não hesitava em explorá-los. O fazendeiro colocava jagunços armados por toda a área, a fim de evitar quaisquer reações contra o seu domínio. Cobrava regularmente 30% da produção de banana, da cana-de-açúcar, do milho e do arroz colhidos.

Seus jagunços não deixavam nem as galinhas para os posseiros. Assim a ALN encontrava justificativa para defender essa gente com coragem e ousadia, usando táticas de guerrilha que esbofeteavam o regime militar.

(Continua)

*A ALN foi uma dissidência do Partido Comunista Brasileiro (PCB), o Partidão, conhecida também por Ala Marighella. Expulso do PCB em setembro de 1967, por haver comparecido, sem autorização, à Conferência da Organização Latino-Americana de Solidariedade (OLAS), em Cuba, Carlos Marighella esfacelava o comitê estadual do partido e organizava o Agrupamento Comunista de São Paulo (AC-SP), que em janeiro de 1969 daria origem à ALN.

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