Desde criança, ouço histórias do Mato Grosso de antigamente, de como aqui era uma terra sem lei, em que certas coisas se resolviam na bala. A violência campeava, os poderes se aproveitavam e usavam da intimidação e do pavor para manterem-se perpétuos, dispondo do erário público para locupletarem até a última geração.

Dizem que os homens públicos já não são assim, que a democracia estabelecida garantiu direitos iguais a todos, assegurados na constituição de nosso país. A violência, dizem, foi banida. O que é válido hoje é o poder da argumentação e exposição de valores, para se arrebanhar o povo e seus votos.

Então tá.

Existe um partido político chamado DEM. Existe um membro de seu partido, vereador no interior do Estado, na cidade de Pontes de Lacerda, que agrediu de forma covarde com uma bofetada no rosto uma mulher, uma repórter que tentou entrevista-lo. O partido nada comentou.

Agora encontraram uma bomba caseira de grande fragmentação, podendo atingir um raio superior a cinqüenta metros, em frente à creche que ficam quase quinhentas crianças, entre elas, os filhos da repórter. Uma catástrofe poderia ter ocorrido. Um atentado terrorista poderia ter ceifado a vida de dezenas, talvez centenas de crianças. Um vigia achou as bombas antes que detonassem e avisou a polícia.

Em 2008, invasores de terrenos públicos insuflados pelo vereador explodiram duas bombas, tentando atingir a casa do prefeito, que lhe era contrário. O mesmo modus operandi.

A justiça puniu o vereador obrigando-o a dormir em casa. É detenção em regime aberto. Para mim parece mais definição de casamento, ser obrigado a dormir em casa. A esposa do vereador talvez tenha gostado, ou não.

O DEM está quieto. Diferente do que dizem alguns jornais, nada foi feito, ele ainda é membro do partido. Parece normal que um membro, um político de um partido possa comportar-se como um agressor de mulheres e ser suspeito de plantar artefatos explosivos e nada seja feito.

É. Mato Grosso parece ainda ser a terra de ninguém.

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*Wagner Malheiros é médico pneumologista, novo membro do Grupo Fazendas Reunidas Perereca Enterprise, Broadcasting & Corporation e não é membro de nenhum partido político.

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