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TEMA LIVRE : Wagner Malheiros

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Sumiço de palavras
01/03/2011

Nos últimos anos, um movimento vem banindo certas palavras do vocabulário e isso vem ocorrendo em todas as línguas. Em nome de uma política dita correta os asseclas desse movimento, todos juramentando boa fé estão transformando ou procurando transformar a realidade. Tolos são os que pensam existir boa intenção nisso tudo, a coisa é mais embaixo, ou melhor, em banda verticalmente inferior.

Quando era menino meu pai dizia que se devia pagar as contas, quem não fizesse era caloteiro. Hoje em dia não mais existe o caloteiro, quem não paga suas contas é inadimplente. Ficou até bonito. Dá vontade de encher o papo e soltar – Eu sou um inadimplente!

Pelo que me falaram, ao chamar alguém de caloteiro se incorre em risco de ser processado. Benza Deus!

Em priscas eras, o ladrão era condenado e como prisioneiro ia para cadeia. Hoje o ladrão tem diversos nomes, mas o melhor defendido é o tal corrupto. Não é ladrão, é corrupto. Não é mais prisioneiro, é reeducando ou detento. Não existe mais cadeia e sim Centro de Ressocialização. Até assassinos sumiram do mapa, hoje são homicidas.

Em jornais antigos era comum manchetes do tipo - “Ladrão do erário público vai para cadeia.” Nada disso, hoje é errado e feio assim falar, onde já se viu! No máximo sai uma nota - “Funcionário suspeito de desviar fundos ingressa no Centro de Ressocialização.” Parece convite de festa !

Muitas outras palavras estão sumindo. O corno virou vítima de infidelidade conjugal. Os anões são cidadãos verticalmente prejudicados. Os gordos agora são obesos ou portadores de sobrepeso. O branco virou anglo descendente, o negro afro descendente e o japonês agora é sino oriental. O negro, além do afro descendente se diluiu em diversas matizes a sabor hoje em dia de grupos de averiguação e julgamento da cor da pele em Universidades, Faculdades ou onde exista o tal regime de cotas. Deve parecer algo como aqueles programas de aprovação musical - “Você passou!”. Creio que somente em regimes semelhantes ao nazista se criaram grupos para se julgar a raça de alguém.

Baderneiros viraram “membros de movimento”, pivete é “menor infrator”, cocaleiro ficou bonito, agora é usuário. Drogado nem pensar!

Ninguém mais é preso bêbado dirigindo. Todos são ou estão alcoolizados ao volante. Deficiente é portador de necessidade especial. Funcionário é colaborador. Empregada doméstica é assistente do lar. Favela é comunidade. Cego é deficiente visual ou melhor, portador de necessidade especial para os olhos.

Os responsáveis pela revolução do falar e escrever alegam que certas palavras podem humilhar ou denegrir. Aqui em Pindorama resolveram corrigir as obras do nosso Monteiro Lobato e em bandas acima do Equador cismaram com o Mark Twain. Todos alegam as melhores intenções, mas o que falta mesmo é o bom senso.

Corro os olhos pela estante e lá está, “1984” de George Orwell, que no relato de um mundo politicamente correto do Big Brother (não é BBB, por céus!), a grande forma usada pelo poder central de corromper o pensar da população era manipular o sentido das palavras, com uma ciência criada somente para isso, a “Novilíngua”.

O grande problema é que os defensores desse pensar acabam se transformando no que alegam combater. É a máxima de Nietzsche “Quando se olha muito tempo para um abismo, ele olha para você.”

O negócio hoje é não falar, não escrever e de preferência não pensar. O homem perfeito para eles é o insípido, inodoro e mudo. E vai tudo ficando muito chato e posso ter certeza, os patrulheiros do não-livre pensar vão me encher o saco.

Só para terminar, não existe mais o broxa, agora se denomina portador de disfunção erétil. Não é em ¨Alice no país das Maravilhas¨ que, após se tomar a pílula azul, a história acaba e você acorda na sua cama?

...

Wagner Malheiros é Pneumologista e desconfia das intenções desse pessoal politicamente correto.


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