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TEMA LIVRE : Rozeno Costa
Paixonite aguda
20/03/2011
Foi mais um dia de consultório lotado. Vi muita gente saudável e como sempre conversei de todos os assuntos possíveis e inimagináveis da mente feminina... Sim, está aí a vantagem de ser ginecologista. Não atendo só pessoas doentes, a maioria por sinal não tem sintomas. Procuram-me apenas para fazer sua rotina anual...
Em um destes atendimentos, mais uma vez, escutei uma história que se repete cada vez mais em nossa moderna e volátil sociedade.
Soube em um depoimento espontâneo de uma antiga paciente, que seu “fiel” e atuante companheiro a abandonara 7 dias após o parto de seu esperado herdeiro. O mesmo estava enamorado de uma colega de serviço. Caso antigo, que acontecia mesmo antes do casal engravidar, na surdina.
No ato fiz meu diagnóstico: Paixonite Aguda.
A paixonite pode ocorrer em qualquer momento de nossas vidas, desde a infância até a terceira idade – embora aconteça com mais freqüência entre os jovens – ela pode atacar a qualquer hora e em qualquer lugar. É como uma bebida que mistura emoções intensas e poderosas, e que deve ser tomado em um gole só. Vicia. Causa confusão de pensamentos. Deixamos de saber o que é certo e errado. Deixamos de valorizar aquilo que até então era insubstituível, passando a acreditar apenas nas incertezas do talvez. A verdade insiste em se esconder, e a ilusão chama a atenção e envolve ao mesmo tempo. Não há mais controle de seus atos. Não há mais perigo ou moral. Adeus sanidade...
Tal gama de sentimentos pode ser disparado por algo tão simples como um olhar. A pessoa se sente flutuando, fora da realidade.
E isto realmente pode ser uma doença. Segundo estudos americanos, os cérebros de pessoas apaixonadas têm 40% menos de um neurotransmissor chamado serotonina, que tem a função de conduzir informações de uma célula nervosa para outra. Controla de forma geral, o apetite, o sono, a ansiedade e até a agressividade. O que explica a maneira de se comportar daqueles que estão apaixonados. Perder o apetite, não dormir direito, ter palpitações...
A paixonite aguda pode virar a vida das pessoas de pernas para o ar... Resultam em situações drásticas, como escândalos, cenas de ciúme, brigas e até a morte. Cega e leva a caminhos que não sabemos se tem volta. Principalmente se os envolvidos são casados ou tem um relacionamento fixo. Filhos então, que tragédia!
Lembrem-se, meus caros que abandonam seus lares e rebentos recém-nascidos... Não confundam paixão com amor. A paixão é cega, instantânea e unilateral; já o amor é mais maduro e bilateral... Ambos amadurecem e evoluem juntos... Paixonites começam rapidamente e terminam abruptamente... Tem prazo de validade.
No entanto, muita gente consegue separar bem uma paixão de um amor maduro e duradouro que busca e encontra em seus parceiros. A paixão evolui para uma fase menos arrebatadora, para um amor baseado na amizade, no companheirismo, ou seja, o casal se conecta no nível físico, espiritual e emocional. Portanto concluímos que o amor é a evolução da paixão...
Meu querido amigo, volte para casa, tem uma mulher e uma filha que precisam muito do teu colo neste momento...
...
*Rozeno Costa é Ginecologista e Obstetra e atende no Hospital Femina em Cuiabá. Além disso, é médico coordenador da Unidade de Fisioterapia da Unimed Cuiabá e médico do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da UFMT, e leitor do site que ninguém lê. Texto escrito em 06/03/2011
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Comentários dos Leitores
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Comentário de Michelle Marques (michellenet_9@hotmail.com) Em 07/06/2011, 11h26 |
Paixonite Aguda |
Concordo plenamente com o artigo do meu querido ginecologista Rozeno, eu ao longo dos meus 30 anos posso afirmar q já passei por diversas paixões, algumas avassaladouras, outras nem tanto, e que passaram na mesma velocidade que elas surgiram. Entretando, quando as pessoas se dispõem a dividir a sua vida com uma outra pessoa,ato este selado pelo casamento,e mesmo assim fora contaminado pela paixonite aguda, penso que isso não lhe dá o direito de magoar a pessoa que você escolheu para dividir a vida, aquela pessoa que esta ao seu lado na dor e nas alegrias, aquela pessoa que você escolheu para ser mãe dos seus filhos, tudo bem, se contaminado pela paixão muitas vezes deixamos a sanidade mental de lado, mas se você ainda não sabe diferenciar um amor verdadeiro de uma paixão e não consegue medir os seus atos quando está apaixonado é melhor prolondar o namoro por mais tempo, ao invés de entrar num casamento. O casamento é um ato voluntário você faz a escolha, você faz a opção, você deixa de ser uma pessoa única e passa a ser duas. Posso afirmar que mesmo tendo passado pela dor de ver meu ex-marido apaixonado por uma terceira pessoa, mesmo ele tendo optado por viver essa paixão me deixando para escanteio, não perdi a esperança de que em algum lugar nesse mundo possa existir pessoas que saibam o verdadeiro valor do amor nas nossas vidas, que conseguem distinguir o que realmente é importante para ser uma pessoa feliz e assim ser capaz de fazer a outra pessoa feliz.
Muitos são os casos de pessoas que sofreram com um casamento fracassado, e nem todos conseguem tirar disso uma lição de aprendizado, eu posso dizer que aprendi com tudo, muito mais do que perdi.
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Comentário de Rafaelle Castro (rafaellemgc@hotmail.com) Em 27/03/2011, 10h49 |
Paixonite aguda |
Concordo com Jaime, quem já não sofreu de paixonite e aposto que a maioria como eu foi com um professor, que legal me fez lembrar e rir bastante de mim mesma... |
Comentário de Vanessa Pereira (vanessa-pps@uol.com.br) Em 23/03/2011, 09h05 |
Paixonite aguda |
Julio Fabrini Mirabette assevera que: "A paixão é uma profunda e duradoura crise psicológica que ofende a integridade do espírito e mesmo do corpo, causando também intensa perturbação dos sentidos". A paixão é crônica e prolonga-se no tempo. |
Comentário de JAIME DE FIGUEIREDO NETO (djaimefisio@hotmail.com) Em 21/03/2011, 13h52 |
paixonite aguda |
Quem ja não sofreu de paixinite aguda, confesso eu...que algumas vezes ja,inclusive não faltava nem um dia se quer as aulas de portugues, a paixão era tanta que até no sabado eu vestia o uniforme..rsrs...mais muito bom o texto até me fez lembrar da professora. |
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