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TEMA LIVRE : João Vieira

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Nosso acesso ao ensino superior
01/04/2011

Nacib Hetti, diretor da Associação Comercial de Minas Gerais, escreveu sobre jovens que, certa época, deram largada na perseguição de conhecimentos para uma avaliação abalizada da realidade social do Brasil e também do mundo, na FACE – Faculdade de Ciências Econômicas de Minas Gerais. Isso no que diz respeito aos campos Administrativo (público), Econômico e Sociológico.

Pois bem: 50 anos se passaram e a turma que logrou o seu intento e que ainda dá o ar graça na vida e correspondentes aplicações profissionais, se esmera em rodadas de conversa e mais encontros anuais, tal fora a importância do feito em si mesmo perante a história e o tempo. Perdido (ou achado?) por entre essas pessoas estava eu, egresso de êxodo rural, vindo de Minas, para dar seqüência e fecho condizente à minha própria saga. Da importância desse fato-ato significativo, que o diga Nacib – de quem faço minhas, ipsis literis, as palavras, a seguir:

“Neste ano de 2011 estaremos fazendo 50 anos de ingresso na Faculdade de Ciências Econômicas (Face) da UFMG. Foi ali, na rua Curitiba, 832, onde tivemos uma das melhores experiências da nossa vida. O ambiente político da época e a vontade em se acessar os novos conhecimentos econômicos, administrativos e sociológicos, foram elementos catalisadores do processo de união do nosso grupo. Foi um período tão marcante que parte da nossa turma se encontra, até hoje, duas vezes por mês, além de uma grande reunião no fim de cada ano. Por diversas circunstâncias nossa turma é diferenciada. Pode-se dizer que a Face foi a primeira escola do Brasil a se colocar no mesmo patamar dos maiores centros acadêmicos de ciências sociais, sendo pioneira ao divulgar os conceitos e as metodologias contemporâneas da análise política.

Fato curioso: a carência de cientistas sociais com formação acadêmica nos primeiros tempos da Face, ao contrário do que poderia acontecer, foi determinante para a composição do seu marcante corpo docente. Foram buscados intelectuais, jornalistas, poetas, historiadores, filósofos, escritores e juristas, todos com profunda formação humanista e universalista. Eventualmente todas as características acima poderiam ser encontradas na mesma pessoa. A geração seguinte, também competente, já veio engessada pelo formalismo acadêmico; cada um focado na sua ¨cadeira¨.

Os precursores da sociologia brasileira da primeira metade do século passado, antes apenas referenciados, passaram a ser analisados pela ótica dos cientistas sociais mineiros como intérpretes de uma ¨nova¨ realidade, antes maquiada pela análise romântica dos pretensos sociólogos e economistas. Além do curso de Sociologia e Política nós tínhamos os cursos de Economia, Administração de Empresas, Administração Pública, Contábeis e Ciências Atuariais. O ambiente altamente politizado e a diversidade acadêmica ajudaram no processo de produção de um contingente de profissionais ecléticos e aptos para um novo mercado de trabalho.

A vontade na absorção de novos conceitos se refletia na edição dos nossos ¨cadernos de textos¨ com a reprodução, no idioma de origem, de obras ou trechos inéditos, de autores cultuados nos meios acadêmicos, principalmente europeus. Era através dos ¨cadernos¨ que os alunos tomavam conhecimento dos autores ainda não editados no Brasil e, por isso, quase inacessíveis, expressando as tendências do pensamento sociológico e econômico, como Georges Gurvitch, Max Weber, Gunnar Myrdal, Keynes, Karl Marx, Durkheim, Lukács, além dos economistas e sociólogos mergulhados na nova realidade brasileira.

O período foi bastante fértil para o desenvolvimento do pensamento socioeconômico, focado na expansão e na criação de novos mercados, além do acirramento do conflito ideológico. EUA e União Soviética eram dois polos profundamente antagônicos, disputando a hegemonia mundial na marcação de territórios e influindo na formação política dos países periféricos. O ambiente acadêmico era bastante propício para discussões filosóficas.

Todos eram tão fortemente marcados pela radicalização política que raramente alguém conseguia ficar imune. Em compensação foram oferecidos todos os instrumentos metodológicos para a racionalidade futura.

Após a ¨revolução¨ de 1964 os cursos de ciências sociais foram estigmatizados como instrumento político das esquerdas; com o tempo foram perdendo substância e, literalmente, levados para o subsolo das faculdades. Quem perdeu foi o país. Hoje os melhores analistas sociais e políticos ainda em atividade no Brasil foram formados naquela época. Para suprir nossa carência de cabeças pensantes somos, vez por outra, ¨interpretados¨ por analistas estrangeiros.

A qualidade do ensino na Faculdade de Ciências Econômicas naquele período está refletida na projeção no cenário político, econômico e social dos alunos que de lá saíram para a vida profissional.

Foi uma rara e feliz oportunidade conviver com as turmas da Face formadas entre 1961 e 1967, com muitos colegas alçados a cargos importantes da República. Além de cinco ministros e diversos secretários de Estado, a escola, no mesmo período, gerou mais de cinquenta executivos para grandes empresas, cientistas sociais e acadêmicos reconhecidos aqui e no exterior. Até cineastas foram produzidos na escola. Hoje matamos nossa saudade nas nossas reuniões periódicas, vistas como oportunidades de se recordar um ambiente perturbador e, ao mesmo tempo, agradável. Foi uma fase de grandes transformações na vida política e econômica do Brasil, marcando profundamente a vida de cada um de nós” – conclui o autor.

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*Professor-fundador do Departamento de Sociologia da Universidade Federal de Mato Grosso e onde dirigiu o Museu Rondon. E-mail: joaovieira01@yahoo.com.br


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Comentários dos Leitores
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Comentário de bruno (bruno.gsf@hotmail.com)
Em 28/05/2012, 20h03
saber
gostaria muito de ter acesso a essa sabedoria!como vai S.r Jaoão? perdao por postar essa mensagen mais foi unico jeito que encontrei pra falar com voce. e perdao tabem pela a escrita errada.se sabe pra pessoas que num tem acesso esse novo mundo.o mundo do saber que os mais esperto ambicioso passa a passa pra tras aquele q mau sabe o direito que se tem.q dificil ter acesso a educaçao merecida e mais dificil ainda a tecnologia.mais entao Seu João no tive a oportunidade de ler pelo o motivo que estou em uma lanhouse e o dinhiro ta curto nem da pra ter acesso.mais pelo titulo deu pra entede.mais sim do meu modo eu bruno gaspar de souza fernandes 20anos de idade moro em uberaba mg nascido criado em uberaba dos modos mineiro simples humildade nao o da luxuria do dinheiro mais o mior de si viver nao sei como vive as pessoas esperta mais que sei q todo pouco com DEUS e muito.nao tive acesso ao ensino superior. nao pela falta de vontade.empleno o seculo XXI tem apenas o fundamental cocluido ou seja o ensino medio imcopleto a e essa palvra dificil q tive q decora pra por em meu curricolo rsrs.nao tive esse tal de ensino superio. mais tenho um pouco de nossao da vida.sei que o DEUS e tudo que vive e facil dificil e peparar para a morte ou seja morrer bem e q morte e o nome que nois serhumano damos a vida eterna.....

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