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TEMA LIVRE : Wagner Malheiros
É o caos
05/04/2011
As ruas da cidade estão esburacadas e o trânsito caótico. As praças imundas se transformaram em matagais. As bocas de lobo entupidas resultam em alagamentos com qualquer chuvinha que cai.
Tudo muito sujo.
A impressão que passa aos que aqui chega é de uma cidade sem administração.
O alcaide realiza a política de deixar tudo se deteriorar para num mutirão supostamente salvador sair remendando os buracos das ruas e capinar o mato abundante. É ridículo.
Mais ridículo ainda é anunciar o dia do acontecimento com pompa e soberba e depois adiar. O motivo alegado foi a chuva. Sei...
Cuiabá hoje é a capital mais abandonada do país. De uns anos para cá além de não se ganhar nada em qualidade em vida, a cidade esta perdendo o pouco que tem.
E para consagrar à estultice a piada atual mais infame parte de alguns representantes políticos que insistem em instalar radares nas ruas. A pergunta que se faz: - Como é meus nobres capadócios, que alguém pode ser multado andando nessa buraqueira?
Derrubaram o Verdão e estão fazendo um novo estádio que parece que vai custar o dobro do planejado. Se brincar chega próximo a um bilhão de reais a conta. Duvidam? É só aguardar...
Poderiam chamá-lo Buracão, seria condizente com o estado das coisas. Estão brincando de Copa de mundo numa estrutura falida.
Teremos estádio, mas onde serão atendidos os supostos turistas caso fiquem doentes? No Pronto Socorro?
Já posso adivinhar as publicações científicas estrangeiras publicando relatos de casos de dengue hemorrágica sendo exportados mundo afora. Isso sim é a globalização da miséria!
Não se cansa de falar que o Pronto Socorro Municipal não possui a capacidade de funcionar como um Hospital Geral, mas a insistência em realizarem puxadinhos e remendos mal feitos não cessa. Inaugura-se um puxadinho e poucos dias depois ou o teto cai ou outra ridicularia acontece. A cada puxado uma placa de inauguração. Uma festa.
O Pronto Socorro não funciona? Aumenta-se sua estrutura. Belíssimo! Se uma coisa não funciona basta elevá-la a potência. Uma nova lei da física é criada, uma coisa ruim aumentada se transforma em boa. A incompetência quando elevada transforma-se em sucesso administrativo.
Dá um prêmio ignóbil de Economia, se dá!
Estão acabando com minha cidade, nossa cidade.
O triste é que o desgoverno se vangloria de obras que ainda não realizaram. Comemora-se o que não foi feito.
São obras tardias que já deveriam ter sido realizadas há tempos.
E toma de viagens e mais viagens mundo afora. O gasto mensal de passagens aéreas e de hotelaria dos sábios da Agecopa é absurdo. Viaja-se de bando. Tudo em nome do povo.
A construção de algumas trincheiras passa a ser um fenômeno de engenharia. Não se sabe ainda o modelo de transporte público a ser instalado. Cada um puxa a brasa para a sua gorda sardinha. Qual a palavra de especialistas? Não há discussão a sério. Somente políticos defendendo um ou outro modelo, sabem-se lá com que interesse.
Não existe transparência e explicações. A única coisa que se tem acesso são alguns desenhos das obras, todos bonitos de se ver. Publicações na mídia sobre a diretoria da Copa nos fazem perceber que ali é uma briga de comadres vaidosas.
Querem instalar um teleférico na Chapada. Para que? Por acaso é alguma obra de importância vital para nosso povo?
Queremos asfalto, não remendos. Queremos praças e ruas limpas. Queremos respeito com a saúde de nosso povo.
Após a Copa vai ser uma beleza apreciar o novo Estádio de futebol sem uso e o os doentes serem atendidos da mesma forma no Pronto Socorro. O que vai mudar?
Vamos institucionalizar o leito em cadeira de fio? O atendimento de doentes no chão?
Uma fortuna será gasta com quatro jogos e depois, como ficamos?
Teremos um elefante branco caríssimo, alguns viadutos e trincheiras prontos e a sensação de quem vai pegar realmente essa conta é o povo.
Obras para melhorar o esgoto? Para água tratada? Construir um hospital?
Não, não e não.
Aqui se vai de pão e circo.
...
*Wagner Malheiros é médico pneumologista em Cuiabá/MT
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