O professor acorda cedo. Sei, porque algumas vezes o vi retornando de sua caminhada matinal. Vem em passos rápidos e quase sempre com um saco de poucos pães.

Creio que refresca-se da caminhada na padaria e já por ali matuta sobre o dia que começa.

O professor sabe do Drummond. Pouco importa o embate gramatical, se havia uma pedra ou se tinha uma pedra. Ela estava ali e pronto. E no meio do caminho.

O professor trupicou e caiu.

Das costelas só se sabe a serventia quando dói. E como dói.

(...)Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.

Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra (...)

Imagino das inúmeras pedras que já passou nos caminhos. As pedras que passam em nossos caminhos.

Essa não deu para o gosto. Não deu para desviar, não deu para chutar longe.

Derrubou o professor.

Não foi pedra de jogar em passarinho.

Não foi pedra de sentar encima.

Não foi pedra de fazer parede.

Não foi pedra de fazer enfeite.

Foi pedra de derrubar gente.

Não foi pedra atirada.

Foi pedra colocada onde não se devia e quem
distraía na caminhada em qualquer pensamento.

Lembrou Drummond.

Maldita pedra.

Melhoras!!!

...

*Wagner Malheiros é médico pneumologista em Cuiabá/MT

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