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TEMA LIVRE : Valéria Del Cueto
De novo!
14/08/2011

Não sei por onde, mas sei pra onde: eis-me em mais um tetê-a-tete com as terríveis e incontroláveis teclas de Tadinho, o “computa” de mão.
Pensando bem, isso pode virar um novo formato de diálogo implícito e inevitável com minha dislexia crônica, inconteste e assumida.
Minha mão esquerda sempre foi muito mais rápida do que a direita, o que faz com que as letras se confundam, apesar de sempre estarem todinhas ali, em desordem absoluta, porém comparecidas.
Tem sido assim, acho que por que perdi – e ainda não encontrei substituto - para local ideal para o ritual de sacar minha caneta, o caderninho e me deixar levar pelas palavras, enlevada pelo entorno inspirador.
E não me venha dizer que é bestice, que só gosto de escrever na Ponta do Leme, em plena praia, banhada pelo sol, respirando maresia e ouvindo o barulho das ondas e marolas. Tal afirmação é maldosa, falsa e apenas demonstrara um desconhecimento latente sobre a vasta coleção de crônicas que habita meu Sem Fim.
Ora, e as crônicas da série “Parador Cuyabano”? A maioria escrita no banco de madeira ao lado do chalé chapadense da rua da Piscina, sem número, ao som dos passarinhos e do murmurar do vento nas folhas da velha mangueira? Ele, o banco, foi meu refúgio por mais de um ano e de lá falei da vida e das coisas do meu Mato Grosso. (Digo meu, por que assim o é. E faz é tempo, por maior que seja o tempo que leve para voltar).
E aí, retorno ao princípio para explicar que ainda não encontrei meu ponto de escrevinhação inspiradora nessa mais uma viagem ao centro da terra sul-americana.
Por isso fico enrolando, rodeando, procurando o lugar que o escritor Carlos Castañeda cita no clássico “A Erva do Diabo”: um ponto de sinergia, só seu, nos espaços onde quer que você esteja.
O que sei sobre meu ponto é que, normalmente ele é rente ao chão, perto da terra. E sempre procuro por ele, onde quer que eu vá.
Ainda não o encontrei! Razão pela qual o caderninho segue fechado e euzinha, numa luta titanica para, sempre em cima do laço, providenciar mais uma crônica.
Talvez seja essa a nova brincadeira: ser rápida, confusa e rasteira, fechando o texto na marra! Pra delírio de uns e outros que me disseram, na última semana, que gostaram desse estilo sei lá o que. Sinceramente, nunca imaginei que meu mega jetleg pudesse fazer sucesso...
Agora, já mais centrada, sinto na pele o calor de Cuiabá, uma ótima desculpa para a desorientação literária que me atinge, até não sei quando.
E mais não tenho a dizer, a não ser que me viro como posso na uma hora que me resta antes do deadline editorial e sigo procurando o local que me permita voltar à posição contemplativa que tanto gosto, para cultivar e dissecar os meus escritos.
Até lá, dê-se por satisfeito, querido leitor, pela maravilha do mundo moderno que corrige os absurdos teclados pela minha dislexia anteriormente mencionada. Senão, a confusão de idéias acima, seria ideal para ser servida como entrada da refeição: uma deliciosa e confusa sopa de letrinhas. O que não ia cair muito bem nas condições climáticas que nos envolve nesse momento HellCity.
PS: A não ser que fosse uma sopa de beterraba fria ou um gaspacho espanhol, com tomates, pepinos e etc...
...
*Valéria del Cueto é jornalista, cineasta, gestora de carnaval e porta-estandarte do Saite Bão. Esta crônica faz parte da série Parador Cuyabano, do SEM FIM - http://delcueto.multiply.com


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