|
TEMA LIVRE : Rodrigo Monteiro
Um retrato na parede
01/09/2011
A UFMT é administrada pela reitora Maria Lúcia Cavalli Neder. Ela ingressou como docente em 1973 e se aposentou em 30 de setembro de 1994 (a Portaria foi publicada no Diário Oficial da União de 11 de outubro de 1994). Curiosamente, ela prestou concurso público para docente na mesma instituição, em julho de 1994 e foi aprovada, sendo (re)nomeada em 11 de novembro de 1994.
Confesso que não entendo os reais motivos que a levaram fazer isso. Se pretendia permanecer lecionado e pesquisando na UFMT, por que então se aposentou? E a duplicidade de cargos? Receberia dois salários (o de professora concursada e de professora aposentada)? E quando ela decidir se aposentar novamente da vaga que foi aprovada em 1994? Receberá duas aposentadorias? Não sei. Mas, fatos como esse, me levam a acreditar que é necessário realizar uma profunda reforma da Previdência em nosso país.
Em novembro de 2000, a "magnífica" se tornou pró-reitora de Ensino de Graduação (gestão Paulo Speller), permanecendo no cargo até maio de 2002. Verificando as resoluções dos Órgãos Colegiados no site de nossa universidade, obtive as seguintes informações: durante a gestão Paulo Speller, foram criados 21 cursos regulares de graduação e 17 turmas especiais de graduação. Mas, o fato que me chamou a atenção é que durante os anos em que a "magnífica" esteve frente à PROEG, não foi criado sequer um único curso regular e uma única turma especial. Ou seja, seus antecessores e sucessores foram mais eficientes e competentes no setor de graduação da UFMT. Complementando: na gestão Fernando Nogueira, foram criados 4 cursos regulares e 27 turmas especiais de graduação.
Atualmente, na UFMT, a atual administração demonstra um profundo desprezo em relação à graduação - foram criados apenas 12 cursos regulares de graduação, porém, foram criados 13 cursos de mestrado e 5 de doutorado. A Graduação também foi afetada pelo ENEM, aprovado "ad referendum", sem diálogo e contrariando a maioria da sociedade mato-grossense.
Analisando os dados dos discentes ingressantes de 2011, verifiquei que nenhum curso teve as suas vagas totalmente preenchidas, mesmo com 3 listas de chamada de aprovados. Em alguns casos, cursos com alta concorrência chegaram à ter menos de 50% de suas vagas preenchidas, na primeira lista de chamada de aprovados.
Além disso, falta transparência: não há a divulgação dos documentos dos aprovados, como a saudosa lista de aprovados do vestibular. Será que é porque a aprovação dos mato-grossenses na UFMT foi baixa?
A evasão é alta, durante as inscrições. Gostaria de saber, se todos os ingressantes chegarão a concluir o curso. O fato é que, graças às 3 listas de chamadas do SiSu, um discente que não conseguir ser aprovado em um curso na primeira chamada, pode optar por outro na segunda chamada, até conseguir ser aprovado. Mesmo que não tenha vocação. Que tipo de profissionais teremos no futuro? Profissionais infelizes e despreparados?
O ministro da Educação e os reitores que o apoiaram são cúmplices de um grande crime que será cometido à longo prazo com o ENEM: acabar com uma sociedade inteira e destruir famílias e sonhos, criando frustações; a curto prazo, o mal já foi feito: a universidade deixou de ser um lugar onde se produz conhecimento, para ser uma fábrica de diplomas.
Será que não sabem que um profissional tem que gostar do que faz, para ser um bom profissional? E que o ENEM contraria essa lógica, reconhecida por vários estudiosos da área?
Mas, eles não se preocupam com as vidas em jogo das pessoas. Preocupam-se em elegê-lo prefeito de São Paulo, em 2012, e formar cidadãos sem senso crítico, transformando as universidades em apêndices de projetos políticos do "lulismo".
Enquanto isso, o ministro da Educação, Fernando Haddad, se preocupa mais com sua candidatura à Prefeitura de São Paulo, em 2012, pelo PT. Se recusa a dialogar com os grevistas, afinal, isso não dará votos a ele.
A "magnífica" poderia muito bem estar defendendo os interesses da comunidade universitária, mas prefere defender o governo federal e o PT. Ela se recusa a subscrever qualquer manifesto em defesa das reinvidicações dos grevistas; prefere escrever manifesto de apoio à candidatura presidencial do PT. Uma pena que não escreveu uma carta de renúncia ao mandato: a UFMT agradeceria.
Em relação ao ENEM, o discurso do ministro é capenga - e o partido que finge apoiá-lo não tem discurso para se credenciar junto ao eleitor. E a reitora se nega a discutir a relação que existe entre a UFMT e o Ministério da Educação. Deixa o assunto para seu vice. O vice não consegue convencer ninguém que a UFMT e o MEC são entidades distintas.
Qualquer dia desses, relembrarei o documento assinado por todos os reitores das UFs, à exceção, na época, dos reitores da UFPA e da UFPR, de apoio à candidatura da atual presidente da República. A assinatura de Lúcia está no documento. A do Reitor Paulo Speller [Unilab], ultimamente tão próximo de Maria Lúcia, está lá também.
O apelo da "magnífica" para que em 2012 se "ponha o retrato na parede" é um fecho nostálgico e irônico de sua gestão.
...
*Rodrigo Monteiro, engenheiro, é ex-aluno da UFMT.
Compartilhe:
|
|