|
TEMA LIVRE : Valéria Del Cueto
São tantas impressões
25/09/2011

Nem sei por onde começar a falar sobre esse clima primaveril de não vai sobrar pedra sobre pedra. Essa primavera quase hitlerista. Um sacode generalizado abala as estruturas (frágeis) em pequena, média e larga escala.
Vindo do geral para o particular, posso citar a crise econômica que faz os ricos se coçarem, os médios se acharem e os micros se encolherem. Até agora tratada como uma “marolinha”. Nossos líderes parecem ter desistido de vender o peixe do problema distante para passarem a olhar para o alto, estratosfera onde flutua a cotação da moeda-mor que, na realidade, afeta a vida e o bolso de todo cidadão comum.
E dá-lhe conseqüências inestimáveis e incontroláveis para o populacho engrupido pelo blábláblá tranqüilizador de nossos augustos dirigentes, pagos com nosso sofrido dindin, para mentirem descaradamente sobre as conseqüências (inconsequentemente) minimizadas e funestas do violento funk dançado nas bolsas do mundo afora.
Tudo detalhe, para quem não tem que lidar com novos custos das passagens internacionais, a explosão do cartão de crédito, as altas dos produtos importados, o final de ano que se aproxima. Que atire a segunda pedra quem não tem uma despesinha indexada em dólar para os próximos meses.
No mais, vamos comemorar a marcante e inesquecível participação pela primeira vez na história deste país, do mundo e da ONU de uma mulher abrindo a sua Assembléia. E?
Bom, isso foi lá, beeem longe. Por aqui... Tá tudo um céu de brigadeiro, com muito chocolate, pra ficar bem moreno, mais saboroso e no matiz exato do nosso horizonte auspicioso...
E vem aí a Comissão da Verdade. Uma verdade relativa, já que só vai olhar um lado da moeda e ainda por cima é datada. Ou seja: para Celso Daniel, aquele prefeito do estado de São Paulo, por exemplo, nem nua e nem crua, não haverá solução. Seguem no mesmo ritmo as lambanças do DNIT, do Ministério dos Transportes, do Turismo, da Saúde...
Enfim, deixemos essas verdades recentes para lá e vamos nos preocupar com as ameaças mais antigas, de preferência dos que estão com mais de 70 anos. Antes que eles passem dessa para melhor.
Dos causos mais recentes teremos muito tempo para cuidar. Primeiro, os depuramos. Os que ainda forem lembrados daqui a alguns muitos anos, serão devidamente cuidados, de preferência quando prescritos, que é para o STF poder decretar seus exercícios findos. Tipo Edmundo.
Que diferença fará? Para o po(l)vo, só uma. Afinal, águas passadas depois da ditadura não movem moinhos. No período, movem apenas vultuosas indenizações para os que não tiveram decência de achar que jogo é jogo e no campo ele deve ser resolvido. Haja tapetão e grana de quem não teve nada com as opções de cada um nos episódios em questão. Ou você acha que as indenizações milionárias saíram de onde? Do meu, do seu... deixa para lá.
Temo pela histeria coletiva e pelos apelos já existentes do tipo: “você conheceu algum torturador? Então agora é sua chance de denunciá-lo!” Por torturador entende-se somente o pessoal do lado que hoje não está por cima da carne seca. Esses, se deram um chacoalhões, umas porradas ou assassinaram alguém, estavam apenas cumprindo seu honroso e revolucionário dever. Ideologia por ideologia, agora só tem democratas no pedaço. Comunismo e, portanto, totalitarismo, são palavras e regimes extintos e extirpados de nossa pobre história brasileira. Perspectiva histórica nem retórica mais é.
Pra mim, pobre legalista, resta a opinião solitária de que a verdade não tem lado, não tem cor e nem partido. Mas... e eles com isso?
...
*Valéria del Cueto é jornalista, cineasta, gestora de carnaval e porta-estandarte do Saite Bão. Esta crônica faz parte da série Parador Cuyabano do SEM FIM - http://delcueto.multiply.com


Compartilhe:
|
|