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TEMA LIVRE : Wagner Malheiros

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Em defesa do Hospital Metropolitano
27/10/2011

O modelo de saúde pública está falido. Nos últimos anos a imprensa foi pródiga em denuncias a respeito da estrutura e do funcionamento precário do Pronto Socorro Municipal de Cuiabá.

As causas do mau funcionamento? – várias. Desde o inchaço de funcionários à falta de condições de trabalho. Pacientes eram filmados ou fotografados em macas no chão. A elevada demanda, sobretudo pela inoperância da saúde no interior do Estado fez do Pronto Socorro um galpão em que doentes eram amontoados – alguns por meses à espera de cirurgias.

Qualquer pessoa em sã consciência sabe que o modelo de administração privada é superior à pública. Os hospitais particulares são a prova cabal deste argumento. A simples observação da relação de funcionários versus leitos disponíveis comprova o descalabro. Nas instituições públicas sobra funcionário e falta responsabilidade sobre a qualidade e administração de metas.

Pois bem, inaugurou-se o Hospital Metropolitano. Com apenas quinze dias de funcionamento já sobraram criticas. Cobraram de um recém-nato a arte de andar, correr e falar com desenvoltura - um espanto! Após três meses o hospital ultrapassou todas as metas e faltaram elogios.

Entidades de defesa profissional arvoraram-se para depreciar o modelo de gestão proposto, sem apresentar nenhuma solução.

O caos do Pronto Socorro não é de hoje e quais foram às propostas apresentadas para melhorar essa situação?

Se o modelo de gestão privada vai funcionar numa estrutura pública, não posso responder. O que não se pode é condenar algo com base em sentimentos corporativistas ou ideológicos não se dando o tempo ou a honestidade necessária para avaliar o mérito.

E os pacientes?

Onde ficam? A discussão passa longe deles.

O hospital Metropolitano não surgiu para resolver o caos na saúde pública, mas pode ser um passo adiante num ambiente de tenebrosa imobilidade que muitos que hoje cacarejam críticas eram silentes e coniventes.

No nosso país é costume justificar o injustificável recorrendo-se ao emaranhado de leis que dispomos e que confunde a todos, nublando-se a razão e criando-se um clima de insegurança que só leva dano ao desesperado que necessita do socorro público.

Afronta à lei - argumentam!

Afronta à lei é doente no chão ou morrendo sem tratamento. Afronta é perpetuar a indignidade e desumanidade do atendimento de nossos cidadãos nos dois pronto-socorros sem estrutura para a demanda.

A questão da saúde é de humanidade, de atender a quem sofre como seres humanos.

Se o hospital Metropolitano está cumprindo o seu papel, palmas. Se não estiver que se faça a crítica de forma justa.

Existe um grupo de funcionários trabalhando, cumprindo metas e tendo como resposta o agradecimento de pessoas que eram tratadas de forma desumana.

O hospital Metropolitano é uma realidade. Seria a solução para o caos da saúde pública o seu modelo de gestão?

É possível – mas é necessário que o mérito e as falhas sejam apontados com honestidade e não da forma perversa como muitos propõem.

Esqueçam questões políticas, deixem de lado as idiossincrasias ideológicas - o que importa é procurar fazer o melhor e obter resultados que desanuviem essa triste sombra que paira sobre a saúde de nosso Estado.

...

*Wagner Malheiros é médico pneumologista em Cuiabá/MT


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