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TEMA LIVRE : Valéria Del Cueto
"Tudo era difícil na época!"
30/10/2011

Assim Ramis Bucair, fundador da Sociedade Amigos do Marechal Rondon, descreveu os tempos em que viveu e os lugares por onde andou o militar. Eu ampliaria e atualizaria a afirmação: ”Tudo ainda é muito mais difícil quando se trata de Cândido Mariano Rondon”. E vou mais longe, acrescentando uma indagação: “Por que há tão poucas obras sobre esse exemplo de brasileiro, o Patrono das Comunicações, Pacificador, Civilizador do Sertão, Desbravador e Guerreiro da Paz? Sabem do que falo? Me refiro ao tipo de exemplo que anda tão em falta nos dias atuais.
Não foram poucos, os que fracassaram na tentativa de contar sua rica história e os frutos gerados por seu trabalho em trabalhos audiovisuais.
Tenho para mim que consigo definir um dos fatores que estabelecem quem tem autorização celestial de Candido (vem do latim: puro, alvo) para fazê-lo. Somente alcança esse objetivo quem realmente o deseja com o coração, luta com perseverança contra as inúmeras dificuldades que encontra no caminho e dispõe de uma grande dose de bravura para realizá-lo com dignidade.
É o que vejo no trabalho de Cacá de Souza: a simplicidade, sinceridade e o despojamento que sempre caracterizaram o indigenista, desbravador e militar que nos tempos de estudante também foi abolicionista e republicano. A mesma força de vontade para superar os obstáculos que se apresentam no seu caminho, sempre árduo, sem nunca desistir de seu intento.
A segunda obra do documentarista e jornalista sobre este excepcional personagem de nossa história (a primeira foi “Roosevelt, Rondon – a Expedição”, de 1999) aborda uma questão relevante e atual para o país e Mato Grosso: seu incrível e minucioso trabalho cartográfico.
A contribuição de Rondon à cartografia brasileira é inestimável. Ainda hoje rende frutos preciosos para a consolidação das fronteiras no país. Tramita no Supremo Tribunal Federal uma contenda entre os estados de Mato Grosso e o Pará em torno de suas divisas. Em meio as principais provas apresentadas para resolver a questão estão os marcos e referências limítrofes fixados por Cândido Rondon, em sua missão entre os anos de 1917 e 1922.
O vídeo apresenta um rico material fotográfico, cinematográfico e cartográfico realizado pelo próprio Rondon e seus auxiliares. Nas longas missões pelo interior do país que estenderam por mais de 5 décadas foram reunidas informações e referências geográficas e antropológicas relevantes e precisas. Seus resultados deram ao marechal mato-grossense Cândido Rondon reconhecimento internacional por sua contribuição às ciências.
Os fotogramas e mapas apresentados foram garimpados em instituições como o Museu Histórico e o Serviço Geográfico do Exercito, Arquivo Nacional, Museu do Índio, Museu Americano de História Natural e da Sociedade Geográfica Americana, durante os 14 meses de produção do documentário. As gravações das participações de cientistas, historiadores e pesquisadores brasileiros e americanos, se realizaram em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia e Rio de Janeiro, no Brasil, e New York, nos EUA.
“Rondon e a Cartografia” é parte da trilogia do documentarista sobre o personagem. O terceiro trabalho, que começa a ser produzido, abordará a construção das linhas telegráficas que interligaram e integraram o Brasil, nas primeiras décadas do século XX. Muitos outros poderiam ser feitos, tal a gama de registros em diferentes áreas onde o Marechal atuou. Para divulgar a vida e a obra de Rondon está no ar o site www.candidorondon.com.br
Tenho orgulho de haver contribuído para que Cacá de Souza realizasse seus dois primeiros trabalhos. Claro que espero participar também do(s) próximo(s). Parabéns, amigo!
*Valéria del Cueto é jornalista, cineasta, gestora de carnaval e porta-estandarte do Saite Bão. Esta crônica faz parte da série Parador Cuyabano do SEM FIM http://delcueto.multiply.com


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