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TEMA LIVRE : Coluna do Arquimedes

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De Jóka a Mércia
31/12/2011

Mais um fim de ano em que, a despeito do registro de tantas coisas boas havidas por conta da iniciativa privada e das camadas produtivas da sociedade, em termos de governos nada temos a comemorar. Refiro-me – logicamente! – ao que nós, a porção mortal da pirâmide social brasileira não temos a comemorar. Porque – também logicamente! - a classe política, só comemorou, diga-se, a bem da verdade!

Poucas coisas louváveis - é claro - mas comemorou! Comemorou ministros que em nome do corporativismo maroto caíram jurando inocência, comemorou escândalos maliciosa e levianamente negados, sangrias ao erário, inutilidade parlamentar, locupletação, descaminhos, falta de moral pública, falta de ética, falta de humildade administrativa, falta de verdade no trato da coisa pública, falta de respeito ao povo e falta de patriotismo, cidadania e brasilidade. Entre tantas outras comemorações de bastidores, claro!

Outro dia ouvi de um grande amigo, a seguinte máxima: "No Brasil ou você tem ética ou você é político". Diz ele, o Joka, que é assim porque “as duas coisas não andam juntas”; o que é absolutamente verdadeiro! Veja-se, por exemplo, os acintosos aumentos de salários que os legisladores brasileiros, das três esferas de governo se autoconcedem; flagrante desrespeito ao povo que os colocou lá para em seu nome desenvolverem ações que beneficiem o País como um todo.

Tenho uma amiga em São Luís do Maranhão, a Senhora Mércia Botêlho Pacífico, que de pacífica não tem nada, quando se trata de desrespeito ao cidadão e ao Brasil, que me interpelou um dia destes sobre o porquê de a grande mídia dizer pouco ou quase nada sobre isso de os parlamentares legislarem sobre seus próprios salários. Ela é da opinião de que vereadores, deputados estaduais e federais, senadores, ministros de Estado e até Presidentes da República tenham seus vencimentos atrelados ao salário mínimo que autorizam seja pago à classe produtiva nacional e aos aposentados e pensionistas do INSS que, não obstante haverem contribuído tributariamente durante longos anos de suas vidas, justo quando mais precisam de grana, recebem verdadeiras merrecas, a título de “benefício”. Seria um ato de incúria e desrespeito ao espírito cidadão, não concordar com ela! Mas, essa é outra estória, da qual trataremos oportunamente e até, atendendo ao pedido de Dona Mércia Botêlho Pacífico, quem sabe com uma campanha nacional para coleta de assinaturas, nos moldes daquela feita pela Lei Ficha Limpa. A mesma Lei de iniciativa popular que, aliás, Jader Barbalho retorna ao mandato, neste final de ano, criticando.

Voltando ao tema é importante admitir que, a não ser que se utilize um pouco de tecnologia, dificilmente teremos chances reais de que porções sadias e respeitosas a princípios éticos, retomem as veredas vazias da política voltada para o bem comum. Poder-se-ia utilizar daquela tecnologia que se utiliza para produzir emulsões – asfálticas ou de qualquer outra natureza onde seja necessário adicionar água a um meio oleoso – para que as duas coisas comportem-se como um todo aparentemente homogêneo; seria uma possibilidade de as pessoas de bem sentirem-se motivadas a participar da política partidária para transformá-la em coisa útil; porque necessária já é!

Seria apenas um artifício para transformar uma situação de caos em um meio mais ou menos homogêneo. Pra isso poderíamos usar um emulsificante, pra que a mistura se torne estável e não seja rompida com eventuais variações “ambientais”. No caso em foco, onde se pretende misturar políticos de carreira, com pessoas éticas, o emulsificante pesquisado e indicado seria a compostura; ela faria com que os políticos, por respeito ao meio onde exercem suas funções públicas destinadas a desenvolver ações de benefício público, porque são pagos pelo público, acatariam, comedidamente, princípios, ideias, ideais e projetos propostos pelos membros éticos de cada setor envolvido na administração pública, na produção e na observância de dispositivos legais. Um jeito de promover uma reforma gradual e permanente, no sistema, sem que seja necessário romper as estruturas existentes, que são de ótima concepção; o que as estraga – via de regra - é o núcleo operante em cada uma delas.

Isso posto, importa que eu volte ao princípio e – pra que se justifique o propósito – deseje a todos que refletirem sobre este texto, concordando com ele ou não, um Ano Novo cheio de esperanças, saúde, paz, progresso e prosperidade em todos os sentidos aonde o sonho leve a efeitos positivos, éticos e coletivamente proveitosos.

FELIZ 2012!


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