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TEMA LIVRE : Valéria Del Cueto
Tango down, coisa e tal
22/01/2012
Se hoje fosse ontem, meus queridos e animados leitores, vocês estariam perdidos. Que dia! Tentei escrever minha crônica no caderninho da vez, na praia de sempre. Ficou impublicável. Não que eu estivesse de mal com Deus ou amaldiçoando os céus. Meu problema era com os homens e a santa ignorância latente que grassa por aí.
Navios afundam por vaidade, a medíocre Luiza volta correndo pra ocupar os minutos de fama destinados aos insuportáveis imbecis que perdem sua vez estuprando nossa sucumbida ilibada moral, duvidando de nossa inteligência mínima e inestimável. Inventar novas formas de censura e aprimorar maquiavelicamente o “queromeu” viraram os esportes da vez dos eleitos pelo gado humano para melhorarem o Brasil e o mundo. Que sopa indigesta!
Isso, foi ontem, meus amores. Antes de começar a terceira guerra, essa, digital: a resposta Anonymous pra quem pensa que todo mundo vai aceitar de cabeça baixa as imposições do status quo vigente e operante. Nanananinanão! Sabem a música: “Cai o rei de Copas, cai o rei de Espadas, cai o rei de Paus, cai...”?
Como não sou hacker diplomada, uso minha vozinha pra espalhar no meu quadrado que, agora, o buraco é mais em cima, nas altas camadas da nuvem cibernética e pra relembrar uma antiga lei da física que diz que “toda ação provoca uma reação...” etc, etc. Ou seja, adieu sites das gravadoras, governos e quem mais tentar calar a voz dos anônimos. Corruptos, corporações e afins, Anonymous, é uma legião que não perdoa e não esquece, esperem por nós!
A SOPA vai desandar e um cerol poderoso e invisível vai tirar essa PIPA ditatorial dos ares.
Parece grego? Mas não é. O movimento espalha-se pelo mundo. Formiguinhas trabalham para mostrar que nossa gente bronzeada, colorida, preta, branca e invisível não vai deixar barato.
Como hoje não é ontem, troco o tênis pela flecha de São Sebastião, santo padroeiro do Rio de Janeiro para comemorar a alegria de ser carioca em pleno verão. Afinal, depois de tanto relatar as águas que nos impediam de sermos felizes nas nossas praias, é justo que haja um registro informando que o sol voltou a brilhar no céu abençoado da cidade maravilhosa.
Graças a ele, ontem pude tentar realizar uma crônica que provavelmente nunca será publicada. Afinal, este não é um espaço pra tristeza, revolta e/ou mau humor. Quando muito, me permito uma pequena pincelada cinzenta, mas apenas como contraponto, pra fazer as cores vivas e alegres da vida se destacarem ainda - e sempre mais - na tela literária e/ou fotográfica a ser exposta, a cada semana, nos jornais e sites que me abrigam.
Ontem a coisa estava tão assim que cogitei até a hipótese de suspender a escrevinhação e adjacências por tempo indeterminado, pra não contaminar meus sonhos e esperanças com essa realidadezinha sorumbática, tacanha, pequena e mesquinha! Fui até a noite cair, convicta que essa seria a opção mais coerente com o meu SEM FIM... de crônicas que se desdobra há mais de sei lá quantos anos. Falhando apenas uma ou outra semana, quando afazeres mais pueris e inadiáveis me impediram de chegar até vocês.
Aí, a SOPA desandou, a falta de ventos fez a PIPA despencar e a esperança voltou a fazer cosquinhas nos meus dedos escrevinhadores atiçada pela movimentação noturna das redes sociais que retransmitiam as incríveis atividades da legião de Anonymus pelo mundo cibernético a fora.
É bom saber que não sou uma única voz estarrecida contra os que, em nome de seus próprios umbigos, acham que dominam o mundo e, agora, querem manipular nossa mente e a rede global que nos pertence.
Tango down para a desesperança, o egoísmo e a violência, que somos Anonymos de paz e pela paz...
...
*Valéria del Cueto é jornalista, cineasta, gestora de carnaval e porta-estandarte do Saite Bão. Esta crônica faz parte da série e “Ponta do Leme”, do SEM FIM http://delcueto.multiply.com
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