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De Última! Só lendo para acreditar

TEMA LIVRE : Valéria Del Cueto

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Sonhos de quinta, realidade de segunda
25/03/2012

Quase sempre é a mesma coisa. Escrever esta crônica semanal é uma aventura literária. Sexta, depois do encerramento da edição, após a entrega do material minha mente ferve de novos temas e enredos. Dialogo comigo mesma preparando os argumentos que usarei na próxima empreitada com um entusiasmo contagiante. Claro que não escrevo nem anoto nada.

Aí, vem o final de semana e o princípio da próxima. Só na quinta feira lembro-me que o dia seguinte é o dia D. Como sei que tenho estoque de assuntos pensados, começo a buscar no meu HD interno os arquivos que estão por lá, desordenados, porém registrados em alguma curva do cotidiano semanal. Essa procura vai até a noite quando, cansada de percorrer as vielas da memória, chego a conclusão que se nenhum dos temas me encantou a ponto de virar crônica é por que a fila andou e outras coisas mas urgentes e interessantes surgiram.

Na noite de quinta crio novos argumentos, construo frases inteligentes e imagens interessantes, dialogando com meu travesseiro e juro colocá-las no papel assim que acordar. O problema é que, com aqueles sonhos maravilhosos que costumam povoar minhas noites bem dormidas, ao acordar me dá um branco e não consigo lembrar nem das viagens pelo incrível mundo sem barreiras do inconsciente, nem o que escrevi mentalmente antes de embarcar no sono dos sonhos.

Aí, quando a jiripoca está quase piando, anunciando a hora do deadeline editorial, parto pra ignorância: percorro as notícias buscando um fio que me leve a preencher as duas laudas semanais. Sempre acabo deprimida diante das mazelas diárias dos jornais. Mortes, roubos, desamor e dor não são assuntos que se adequem a minha proposta literária!

Na minha busca, começo a avaliar as informações e da leve depressão passo ao espanto diante das mentiras e distorções sobre as conjunturas locais, estaduais, nacional e mundial.

Impressionante a capacidade de uns e muitos de jogarem o jogo do faz de conta, deturpando números, tentando reescrever e reinterpretar o óbvio: não há crise, nem inflação, os problemas não estão se agravando, não estamos sendo assaltados por impostos abusivos e nunca destinados às necessidades básicas da população, como saúde, educação e segurança. Só para citar o básico...

Mas não termina aí. Minha revolta começa ao vermos aqueles que deveriam legislar e fiscalizar essa bandalheira toda destilando verborragia ao alertar em tom professoral que algo deve ser feito para contar tais absurdos. Os mesmos que eles apoiam e dos quais se beneficiam descaradamente. Lembrando que os Contos da Carochinha políticos aumentam exponencialmente em anos eleitorais, o que acontece de dois em dois anos.

E dá-lhe base sem vergonha, oposição inexistente, justiça de olho aberto, com sua balança adulterada pendendo para o lado que ali coloca umas nada reles moedas para fabricar decisões pra quem lhe interessar.

Se há luz no fim do túnel ela não virá dos faróis de xenon ofuscantes dos poderosos, mas das lanternas e isqueiros do povo que, de saco cheio de tanta palhaçada, se juntará para iluminar o próprio caminho.

Um bom exemplo vem da fronteira oeste do sul: cansados de se submeterem ao monopólio da empresa de ônibus que atende mal e caramente a região, depois de ações na justiça, protestos nos meios de comunicação e tudo o que podia ser feito pelos trâmites normais, alguém partiu para usar as armas das redes sociais: criou um grupo no Facebook dos incomodados que não têm direito a mudarem para outra companhia de transporte pela inexistência de qualquer opção. O tal grupo cresce a cada dia, assim como as assinaturas numa petição pública contra o monopólio dos transportes. Um bom exemplo a ser seguido por esse Brasil afora, aí incluindo meu querido Mato Grosso!

Para dar o nome aos bois, a empresa se chama PLANALTO e o link para se juntar aos descontentes é: https://www.facebook.com/groups/367650956601519/

...

*Valéria del Cueto é jornalista, cineasta, gestora de carnaval e porta-estandarte do Saite Bão. Esta crônica faz parte da série “Fronteira Oeste do Sul” do SEM FIM http://delcueto.multiply.com


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