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TEMA LIVRE : Coluna do Arquimedes

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Tudo tem jeito
21/10/2012

Comecemos esta análise fazendo umas continhas simples, de aritmética:

52 semanas/ano x 03 dias/semana = 156 dias de trabalho/ano

Recesso Parlamentar = 54 dias/ano

Portanto:

156 dias – 54 dias = 102 dias de trabalho/ano

Isto significa que um parlamentar brasileiro, em nível de Congresso Nacional, a partir de agora passará a dedicar apenas (102/365) x 100 = 27,94% do ano à busca de solução para os problemas nacionais.

Enquanto um cidadão normal, em idade produtiva, dedica ao trabalho, na pior das hipóteses:

52 semanas/ano x 5 dias/semana = 260 dias de trabalho/ano

Ou 260/365_ x 100 = 71,23% do ano

E, neste caso, sem 14º Salário, sem 15º Salário, sem oito (08) passagens aéreas por mês, sem plano de saúde “gold”, sem apartamento funcional por conta do contribuinte, sem cartão corporativo, sem direito a duas dezenas de assessores e sem mais nada! E os aumentos de salário, “Ó”!

Como diz o grande jornalista e âncora da TV Bandeirantes, Ricardo Boechat, “pra uma classe política tão desacreditada, como a do Brasil, o fato de a partir de agora deputados e senadores serem “obrigados” a trabalhar apenas três (03) dias por semana, até que não surpreende”.

Que vergonha, Brasil!

Houvesse respeito à Nação Brasileira e alguém haveria de convocar uma Assembleia Nacional Constituinte, formada por cidadãos doutos e de conduta ilibada, nos moldes, por exemplo, do Dr. Ives Gandra Martins, contratados para serviços de estruturação e redação de uma nova Constituição para o Brasil, da qual resultassem expurgados todos esses lastimáveis vícios parlamentares e esses extremamente danosos buracos na legislação vigente, que facilitam a penetração de dispositivos tão marotos e desrespeitosos quanto o direito que têm, deputados federais e senadores, a uma previdência parlamentar que privilegia o ócio, pisoteia o direito comum e faz da Constituição da República um instrumento apenas de retórica.

Tão melhor seria que, devidamente qualificados para a função, parlamentares de todos os níveis fossem voluntários no exercício do bem legislar, reunindo-se periodicamente com o objetivo de ajudar o País a desenhar no horizonte as melhores estradas por onde pudesse passar o futuro. Um jeito inteligente de filtrar, naturalmente, o ingresso de picaretas ao serviço legislativo nacional.

Diz o pensador, que o que educa é o exemplo, e isso deveria estar presente no ideário de todos quantos têm tido a oportunidade de legislar e governar! Um mau homem público degenera a nação a que pertence e faz dos próprios rastros o que o rato faz com o rabo ao deixar os fétidos esgotos por onde transita!

Que necessidade real há em mantermos, no Congresso Nacional, ao custo absurdo de mais de um milhão e meio de reais ao ano, 513 deputados federais e 81 senadores? Sendo bem simplistas na aritmética, também aqui podemos constatar a absurdez de tal manutenção:

513 deputados + 81 senadores = 594 parlamentares

594 parlamentares x R$1.600.000,00/ano = R$950.400.000,00/ano

Sem muito receio de equívoco ou exagero, podemos arredondar esse valor para Um Bilhão de Reais; até porque, os senadores custam bem mais do que um deputado federal e, em que pese o fato de existirem – felizmente para o contribuinte – em número bastante menor do que os deputados federais, influenciam significativamente no resultado aqui exposto à guisa de demonstração.

Perdemos a oportunidade de parir uma constituição que contemplasse esse sonho, em 1988, porque não foram brasileiros doutos, mas – em sua grande maioria - políticos a quem o uso do cachimbo já entortara os beiços, os seus atores. Boa parte deles, os mesmos que patrocinaram escândalos medonhos, como os mensalões, apenas alguns anos depois que a promulgaram e que, para quase assombro de quem auscultar os gritos de quem não se conforma, continuam sendo eleitos - aqui e ali - para os mesmos ou para cargos onde podem engordar sempre mais os porquinhos nascidos do mau hábito de locupletarem-se com as funções a que têm sido guindados pelo voto.

Joelmir Beting diz que “há partidos políticos, como o PT, que começaram com presos políticos e que terminarão com políticos presos”. É o que move as esperança do povo cansado de – como quer Rui Barbosa – “tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça e de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus”.

Ainda como o grande brasileiro de antanho, de tanto mau exemplo exarado por líderes a quem pelo voto o povo deposita confiança, “o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”.

Não precisa e nem tem que ser assim!

As eleições municipais de 2012 têm fornecido oxigênio à esperança, e o Brasil já antevê o surgimento de líderes novos, probos e dignos, que do seio da juventude que agora conscientemente participa do processo democrático, emergirão para a história limpa que se escreverá.

E os partidos políticos, instrumentos necessários à plenitude do Estado de Direito, poderão abrir a camisa e escancarar o peito, orgulhosos porque então serão compostos – integral e exclusivamente - por gente de bem.

Porque tudo tem jeito! Mas precisa ser feito por quem sabe!

Pra frente, Brasil!

...

*Arquimedes Estrázulas Pires é só um cidadão brasileiro


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