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TEMA LIVRE : Coluna do Arquimedes

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Uns e outros
11/01/2013

Uma das mais patéticas circunstâncias existenciais é o sujeito abandonar suas atividades normais, da vida, pra se tornar profissional da política ou da religião.

Quando isso ocorre, ou a pessoa é um profissional incompetente e frustrado no desempenho daquilo que seja lá o que for até então tem sido seu ganha pão ou, o que é mais provável, convenientes alquimias fizeram dele um parasita. De uma corrente religiosa ou da política partidária.

As duas coisas não são só patéticas; são declarações incontestáveis de um caráter duvidoso. Porque ditos personagens não mais “ganharão o pão com o suor do próprio rosto”, mas com o suor do rosto dos outros.

Em sua grande maioria passam a ser políticos de carreira ou líderes religiosos que não fazem nada além de engrossarem o cordão de exploradores da esperança que o povo tem, em dias melhores. Pelo menos não por obra da obra que executam nas tribunas ou nos púlpitos. Porque, ou são trampolineiros políticos, de um lado, ou aduladores da fé, do outro.

A legislação eleitoral não deveria permitir a reeleição nem mesmo no âmbito legislativo. E as religiões não deveriam permitir arautos remunerados.

No primeiro caso – atuando paralelamente à sua atividade profissional fora da lide política – o sujeito prestaria seus labores à sociedade com desvelo e responsabilidade durante um único mandato, diria ao povo a que veio e passaria à história como um cidadão digno de respeito e admiração; porque teria contribuído com o bem comum. Se de todo modo fosse desmerecedor da confiança recebida pelo voto, a própria legislação permitiria fosse removido sumariamente da atividade, independente do tempo transcorrido no exercício do mandato.

No segundo caso, atuando religiosamente sem depender financeiramente disso, além de não sangrar os cofres da instituição religiosa a que pertence, o indivíduo ainda produziria ótimos exemplos de decência e dignidade na luta pela conquista de bens materiais indispensáveis à vida; o que é um direito de todos que trabalham.

A política é instrumento e canal de voz da democracia, sistema que tem origem na ideia de soberania popular. E as religiões, instrumentos e canais de voz de doutrinas e filosofias que buscam tornar o homem a cada dia melhor e melhor sintonizado na frequência de vida em sociedade. Uma coisa completaria a outra e o mundo seria, evidentemente, melhor, mais seguro e menos explorado por líderes que se arvoram de direitos que moralmente não têm.

Pela voz da democracia “o poder emana do povo e em seu nome deve ser exercido”. Pela voz das religiões o Poder emana de Deus, de quem – segundo as Escrituras – “somos imagem e semelhança”.

O que não significa, no primeiro caso, que o povo possa representar-se a si mesmo, sob pena de tumulto e anarquia. Por isso há os representantes por ele nomeados, no plano político. E que também não significa, no segundo caso, que precise haver coação econômica, sob pena de que o mensageiro, ávido de haveres outros, ponha em risco a credibilidade de Deus.

Por isso todas – absolutamente todas – as religiões deveriam orientar no sentido real do “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”.

Deus ou, a Inteligência Cósmica, não precisa de dinheiro, não precisa de suntuosos templos e não faz milagres; ou será que precisaria mais algum, além de tudo o que aí está, pra mostrar que Tem Poder?

Então é evidente que também não Precisa de arautos que em Seu nome locupletem-se através das promessas que sem nenhum pudor comercializam em igrejas e templos. O Próprio Jesus Cristo chama a esses vendilhões, de “túmulos caiados de branco”. Por fora, puríssimos; por dentro... a própria podridão.

Também o povo não precisa de políticos famintos de poder e dinheiro, mas incapazes de qualquer atitude ou gesto que possa sinalizar no sentido da ética e do respeito ao que não lhe pertence, mas ao conjunto da sociedade e, especialmente, ao contribuinte. Porque vivemos tempos em que há tantas benesses distribuídas a mancheias, que já começa a ficar difícil identificar o que é de direito ou de escambo.

Todos somos interessados em que os governos andem bem, pra que haja dignidade e prosperidade igualitária em todo o mundo. E todos somos interessados em que as crenças sejam capazes de promover a raça humana a uma condição de paz interior e de prosperidade também igualitária. Esse binômio garantiria a existência da humanidade sob valores morais e éticos à toda prova.

Não precisamos de governantes inimigos da verdade, não precisamos de tiranos que nos afogam por conta de vontades que não são nossas, mas que nos são enfiadas goela abaixo, e não precisamos de políticos fantasistas, que mais prezam os próprios caprichos, do que as obrigações assumidas com o povo.

Da mesma forma, não precisamos de templos cheios de miseráveis seguidores de mirabolantes e pretensamente miraculosos arautos de uma verdade só sua e que em nada se assemelha à simplicidade, ao despego e à humildade do Nazareno que, outra coisa não veio fazer além mostrar que colhemos do que plantamos e que, por pior que seja a lavoura, a ninguém nos é dado reclamar, senão a nós mesmos.

Políticos e líderes religiosos de princípios pequenos, levianos e canalhas, são absolutamente desnecessários! Uns e outros prestam enorme e medonho desserviço à sociedade do tempo em que vivem.


...

*Arquimedes Estrázulas Pires é só um cidadão brasileiro


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Comentários dos Leitores
Os textos dos leitores são apresentados na ordem decrescente de data. As opiniões aqui reproduzidas não expressam necessariamente a opinião do site, sendo de responsabilidade de seus autores.

Comentário de Arquimedes Estrázulas Pires (estrazulas10@gmail.com)
Em 11/01/2013, 12h30
Uma declaração necessária
Meus sinceros respeitos a todas as exceções; em ambos os casos.

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