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TEMA LIVRE : Coluna do Arquimedes

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Por que Renan?
26/01/2013

No próximo dia 1º de fevereiro deste 2013 que já vai a galope aí pelos dias finais do seu primeiro mês, o Senado Federal deverá eleger sua próxima Mesa Diretora, que gerenciará os ritos, o regimento e os atos da chamada Câmara Alta do Poder Legislativo Brasileiro, pelos próximos dois anos; este e mais o ano da copa. Não que a copa seja “o assunto”, mas por referência sempre vale um marco assim; visível. Ainda que às duras penas para o País, como ela, a copa.

O que me embala nesse compasso de quase perplexidade, enquanto comento o tema, é justamente o jeito como a classe política tem se comportado e se importado em relação às coisas de sua obrigação, neste imenso território tupiniquim.

Não vai muito longe no tempo - e na história - o período em que o senhor Renan Calheiros impressionava o noticiário diuturno – de todas as mídias – com seu estrelato no grande escândalo envolvendo viagens de recreio e amores clandestinos, que ficou conhecido como “Renangate”, em 2007. Coincidentemente, embora eu não acredite em coincidências, à época o ilustre senador, que então daquele jeito deslustrava a própria imagem, era nada menos do que o Presidente do Senado da República.

O caso foi tão violentamente desrespeitoso ao Brasil e à sua gente, que o ator, teatrólogo e diretor de cinema, TV e teatro, Juca de Oliveira, produziu uma peça teatral que, durante longos meses em cartaz, angariou muitos aplausos e sucesso na Paulicéia Desvairada, cantada em prosa por Mário de Andrade. A peça de Juca de Oliveira, estrelada pela competentíssima atriz Bibi Ferreira, filha do imortal Procópio Ferreira, e não menos competente e famosa do que o seu pai, mereceu de José Neumane Pinto, nada menos do que este comentário:

“A história do senador adúltero que leva a amante a tiracolo em viagens internacionais bancadas pelo dinheiro do desdentado da favela é tão comum que Juca de Oliveira a transformou na comédia “Às Favas com os Escrúpulos”, em cartaz em São Paulo””. E Renan renunciou ao mandato.

Pois não é que justamente Renan Calheiros é o favorito da maioria dos 81 senadores para presidir a Casa pelos próximos dois anos?!

Nada tenho contra esta ou aquela candidatura. Até porque, há um vozerio secular dizendo que desde o Império vivemos uma democracia e esta, tais são as vozes, implica admissões a todas as liberdades. Portanto, as senhoras e os senhores senadores, evidentemente, têm toda a liberdade de eleger quem melhor lhes aprouver, para dirigir a mais alta instância legislativa do País. O que causa espécie é só o gosto das pessoas! Quem gosta de ser liderado por quem está sendo processado pelo Supremo Tribunal Federal, aí?

A pergunta tem uma razão de ser: Se Renan Calheiros está sendo investigado em inquérito no STF, e sejam lá quais forem as razões para isso, pode significar que, eleito, presidirá o Senado na condição de “denunciado’. O que poderá resultar em condenação e, nesse caso a pergunta que grita sob soluços no coração brasileiro é: E fica assim? Onde o zelo pela imagem da mais alta instância legislativa do Brasil?

Criado junto com a Constituição Imperial de 1824, há 189 anos, portanto, e por ele tendo passado vultos da mais alta competência, moral e dignidade, como Rui Barbosa, Darcy Ribeiro, Humberto Lucena e Paulo Brossard, pra citar apenas uns poucos de honradez e brilho histórico indiscutíveis, o Senado Federal, na minha modesta porém patriótica visão, merece ser visto com olhos de quem valoriza o bom exemplo, o zelo legislativo, a moralidade pública e os feitos grandiosos. Afinal de contas, trata-se de uma Casa Legislativa responsável pela rejeição de ações que deponham contra a imagem do Brasil, ou pela aprovação daquelas que alavanquem e engrandeçam a soberania e o reconhecimento pátrio em todos os continentes. Não parece que tudo esteja se passando assim. O Senado da República não pode ser presidido por quem não seja detentor(a) de conduta ilibada; não pode!

Ah! Mas o PMDB é o maior partido político com assento na Casa e, por tradição, tem o direito de deter a Presidência da sua Mesa Diretora. Tudo bem! Mas será que não há mais ninguém além de Renan Calheiros, pra fazer esse papel? E se tiver que ser do PMDB então que seja dada a primazia a Pedro Simon, que é histórico e até prova em contrário, inatacável! A Roberto Requião, polêmico, brigador, intrépido, mas certeiro em suas análises e implacável em suas críticas. Ou quem sabe, Cristovam Buarque, do PDT, morno, mas irrepreensível. Ou ainda... Pedro Taques, também do PDT, representante de Mato Grosso, o que lhe dá uma luminância especial, sóbrio e competente, qualidades acrescidas do fato de ser justo e audaz?!

Há tantos nomes aproveitáveis e tão mais facilmente aceitáveis pela Nação - em última instância a parte mais interessada nos aplausos que sejam endereçados ao Congresso Nacional, do qual o Senado faz parte - do que o do Senador Renan Calheiros, por cujos pés, segundo a história, já transitou muita lama.

Vivemos tempos de transição geológica, mental, espiritual e filosófica do Planeta e, certamente, entre “os herdeiros da Terra” não haverá lugar para seres – políticos ou não – instituições e segmentos sociais dessintonizados com esse clima novo e de vento ameno que nina os sonhos do povo brasileiro.



...

*Arquimedes Estrázulas Pires é só um cidadão brasileiro.

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Comentários dos Leitores
Os textos dos leitores são apresentados na ordem decrescente de data. As opiniões aqui reproduzidas não expressam necessariamente a opinião do site, sendo de responsabilidade de seus autores.

Comentário de Vanderlei Oliveira (vanroboli@gmail.com)
Em 23/02/2013, 09h16
Noticias.
Amigo Arquimedes, está tudo bem? Sentimos sua falta.

Comentário de ceneka (ceneka@ig.com.br)
Em 26/01/2013, 19h22
Dá medo!
Se os senhores e senhoras senadores tem a liberdade de eleger quem lhes aprouver, é aí que mora o perigo, pois no caso, o que melhor lhes aprouver pode ser uma negociação espúria, contrária aos interesses populares. Dá medo!

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