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TEMA LIVRE : Coluna do Arquimedes
Partidos políticos
06/07/2013
O Brasil não é um partido político e os partidos políticos não representam o povo brasileiro, muito embora a este não reste nenhuma alternativa, caminho ou possibilidade para escolher quem – politicamente - o represente bem.
A democracia implica a existência de partidos políticos para que, dentre seus membros, o povo possa escolher – através do voto – os melhores representantes.
E nessa estrutura institucional – que a própria democracia exige – há pessoas de todas as índoles, todos os propósitos, todas as condutas e todos os princípios.
Há gente boa e há gente que não está nem aí para a bondade, a licitude, os bons propósitos e os bons princípios de moral e ética.
O que mais encabula é o fato de que entre as agremiações partidárias, dessas que fazem parte do universo político brasileiro, nenhuma há que prime pela composição de suas fileiras a partir só de pessoas de bem.
Independente de tamanho ou ideologia, todos eles estão atulhados de gente que adora indecoro, enriquecimento ilícito, bingos, mensalões, anacondas, propinodutos, ambulâncias, privatarias, sanguessugas, dinheiro na cueca, voos clandestinos, aviões militares e coisas assim.
Basta olhar o noticiário de todos os dias e em todas as mídias.
Não é obsceno, isso?
O que não significa - em nenhuma hipótese e por mais radical que seja - que todas as pessoas que fazem parte de partidos políticos sejam amantes ou adeptos da antiética, da indecência e da imoralidade política.
Mas quem acredita que, apesar da ilicitude, os líderes políticos que a praticam devam continuar agentes públicos, e calam diante deles, não merece – sequer! – ser chamado de cidadão.
Quem se cala diante da ilegalidade comete o pecado comum a todos os que têm deixado a humanidade perecer pelas mãos daqueles que a tem desmerecido.
Nesse particular o Brasil tem sido vitimado pelo eleitor quase maquinal que - por incúria - tem permitido reeleições sucessivas, de personalidades políticas para quem falar de probidade, moral e ética, é falar javanês.
No entanto - e isso é bom - nem todos os eleitos fazem parte dessa lista cor de azeviche, que tanto enfeia a política brasileira, o maior e mais eficiente instrumento de transformação da sociedade humana, que aqui tem sido desfigurado pela corrupção e pela ilegalidade.
É imperativo que as distorções históricas sejam resolvidas, que os erros do passado sejam corrigidos, que os problemas venham à tona e que a administração pública retome por inteiro a sua missão de gerenciar o que é de todos nós, fazendo-o com competência, lisura, perseverança na legalidade e determinação no cumprimento de metas novas.
E essas metas têm que contemplar, obrigatoriamente, a revisão do desempenho da função pública.
Inclusive dos critérios políticos para condução a cargos do gênero e inclusive a famigerada estabilidade sem critérios, com que péssimos servidores do povo têm afeado a imagem de tantos outros que se dedicam e produzem bem.
O mau hábito tende à perenidade e isso é imperdoável no País que tem a maior população cristã do Planeta; o quê que é isso?
Somos capazes de seguir incondicionalmente a líderes políticos de índole duvidosa ou notoriamente perversa, e só fazemos de conta que seguimos o Líder Maior do Amor Incondicional, da caridade e da ética.
Nos dizemos Cristãos – embora haja muita gente de outros segmentos religiosos, entre nós – mas temos sido incapazes de praticar as virtudes recomendadas pelo Cristo.
E nem são muitas!
Aliás, apenas duas delas já seriam absolutamente suficientes para mudar o mundo para muito melhor: O amor a Deus e o amor ao Próximo.
Amando a Deus estaríamos reverenciando o Criador de todos os mundos e fazendo do nosso um lugar sempre ótimo pra se viver.
Amando ao Próximo estaríamos fazendo a ele apenas as coisas que ficamos felizes quando alguém as faz por nós.
Simples assim!
Governantes toscos e de alma marrom acinzentada, têm sido corriqueiramente vistos pelas páginas da nossa história, enquanto outros, limpos, competentes, justos, probos e diligentes, por vergonha das coisas em que a política partidária no Brasil tem sido transformada, têm se reservado o direito de permanecer no anonimato ou à margem da melhor história que poderiam ajudar a escrever sobre o Brasil e sobre todos nós.
O que é uma pena.
De Juscelino Kubitschek de Oliveira (1956 – 1961) pra cá, pouca coisa tem dado certo na vida política brasileira.
Não deu certo com Jânio Quadros, não deu certo com Jango e, no pós-governo militar, período da história em que o Brasil cresceu economicamente, equipou-se em infraestrutura, modernizou-se industrialmente e preparou-se para uma abertura democrática que também não deu certo, governos catastróficos têm composto a nossa história.
Especialmente pelas mãos de Sarney, Collor, Lula e Dilma.
Nesse período o Brasil tem crescido como rabo de cavalo: pra baixo. E olha que lá se vão quase 30 anos!
No governo Sarney perdemos a indústria de material ferroviário onde empresas como Cobrasma, Mafersa e Santa Matilde, que juntas empregavam mais de 40 mil pessoas, sumiram do cenário econômico e empresarial.
No governo Collor perdemos dinheiro, liberdade econômica, credibilidade externa, ânimo e patriotismo.
E nos governos do PT, além da credibilidade lá fora, continuamos perdendo divisas, poder econômico, a independência de empresas como a Petrobrás, que tem amargado perdas irrecuperáveis, perdemos a confiança no governo e perdemos brasilidade.
Fatos altamente lamentáveis.
As ruas gritam, as instituições são questionadas, os arroubos de alguns próceres governamentais se sucedem, mas, para assombro e desencanto, ministros de Estado e líderes parlamentares como o próprio Presidente do Congresso Nacional, abusam de um poder que não lhes confere tanto, tripudiam sobre a opinião pública e continuam dando péssimos exemplos à juventude aqui dentro e aos nossos observadores lá fora.
Mudar de partido, porque apodreceram, não resolveria a questão porque outros precisariam ser criados com urgência e a toque de caixa ou – quem sabe – de corneta.
E a experiência tem mostrado que a pressa é, realmente, inimiga da perfeição.
Mas há que se planejar e fazer a troca, porque como está é que não pode continuar.
Fala-se em reforma política, mas uma do gênero só serviria se quem tem ou teve mandato eletivo jamais pudesse voltar a tê-lo.
Todas as bocas estão tortas pelo uso do cachimbo que aqui se chama equívoco.
Porque estão todos equivocados, aqueles que se sentem donos do Poder!
Na vida tudo é efêmero e como tal deveria ser tratado; inclusive os mandatos eletivos e inclusive a função pública.
Quem se alimenta para resistir a um dia, vive melhor e mais saudavelmente do que aquele que come como se fosse para a vida toda.
Até porquê, quanto tempo é uma vida toda?!
Penso que o leite dos partidos políticos brasileiros azedou e é hora de dispensá-lo.
Não precisamos mais de Lula, não queremos mais Dilma e não nos farão nenhuma falta partidos políticos como os que aí estão.
A menos, é claro, que reestruturem-se, reformem-se, transmutem-se e virem partidos que realmente façam jus à condição de canais para produção de líderes políticos e de representantes do povo.
Nunca mais como está e nunca de outro jeito!
Por utópico que possa parecer, isso é imperativo.
Quem diria que não era utópica a ocorrência de manifestações como as que têm produzido o povo do Brasil, nas últimas semanas?!
As urnas de 2014 terão o fundamental papel de transformar o Brasil; ou de nada terão valido as manifestações do povo, nas ruas e nas páginas da história que se escreve.
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Arquimedes Estrázulas Pires é só um cidadão brasileiro
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