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TEMA LIVRE : Coluna do Arquimedes
Sonhando amanhãs
09/10/2013
Um partido político deveria ser um agrupamento de pessoas com objetivos coletivos, voltados para o bem comum, irradiando exemplos dosados na ética individual e pública, em princípios e em virtudes. Nunca um aglomerado de seres ávidos de enriquecimento inexplicável, de vantagens e privilégios corporativistas, sedentos pelo estrelato e pela celebridade, mesmo que isso os torne párias sociais ao cabo de – não raro - apenas um mandato.
Sou apaixonado pela ciência social que trata do governo e da organização do estado - o que conhecemos como política - mas, adrede me arredo das lides partidárias. Não por descrédito na raça humana, mas pelo desdouro com que têm sido tratadas as agremiações produtoras de líderes temporários, que se ocupem dos destinos de municípios, estados e nações.
É patético ver-se um vereador cínico, um deputado prescindível, um senador impudico e mandatários insensatos e volúveis, que agem conforme interesses de apoiadores e mudam de ideia conforme mudam os apoios que recebem.
De quem é dado galgar píncaros políticos é lícito esperar que ajam com equidade, representem com lucidez, administrem com parcimônia e conduzam-se com honradez pelos corredores da história. Como Abraham Lincoln e Rui Barbosa, exemplares de uma quase finada categoria que a memória preserva com carinho e que, embora mumificados no quase esquecimento, vez ou outra inspiram o nascimento, aqui e ali, de personalidades públicas capazes de fazê-los lembrados.
Lamente-se, porém, a existência de incontáveis velhacos que, sufragados, se adonam do quinhão que lhes cabe zelar e passam a agir, desde então, como se nenhuma atenção ou explicação devessem a quem garante o que – lícita ou ilicitamente - lhes cai nas mãos; o cidadão e contribuinte. Nesse desconcertante e leviano proceder traem amigos, pais, mães, tios, irmãos, mulheres, maridos, correligionários e seja lá mais quem for. Porque têm um único objetivo: o poder a qualquer custo; político ou financeiro.
Nesse afã mefistofélico pisoteiam a dignidade que deveriam usar como abre alas em sua passagem pela vida, deturpam princípios, tisnam a ética, abastardam a política e trituram quaisquer oportunidades de vida digna que se lhes apresente Deus. Esquecem-se, entretanto, de um fundamento elementar que nas palavras do escritor e Reitor do “Gaian Institute – http://gaian.zip.net”, Roberto Crema, fica fácil de entender: “De que serve o mundo inteiro, se você perdeu a sua alma”?
Não me debato ou esperneio em torcida pra que Marina tenha uma Rede, e tampouco me preocupo se Eduardo Campos agrega adeptos e valores para uma composição vitoriosa nas eleições de 2014. Me atiça, entretanto, o sonho novo, se apenas uma única possibilidade regar a messe aonde essas sementes agora parceiras venham a germinar. O sonho de liberdade ao Brasil, este continente ajoelhado diante de vontades que não são suas, e que mais do que a Pátria Livre – que o hino canta - tem sido uma incubadeira de ideologias senis e desusadas, que nada de nós trazem em si mesmas, mas que são capazes de triturar raízes, destruir princípios e tradições, produzir exemplos de vilania e arrebentar sonhos muito sonhados.
Que não haja partidos políticos como caminho único à conquista do poder temporal, se por seus traçados só forem dados passe e trânsito a pessoas com pés de caipora, como os corruptos contumazes, que deixam rastros feios, assustam, metem medo e espantam esperanças.
Se for impossível o existir de partidos decentes e translúcidos, que então nos seja possível escolher sem eles! Mas escolher cidadãos limpos, de pés alvos, rastros dignos, conduta admirável e amor pelo Brasil. Ou restaremos empacados “ad eternum” sobre a sarça, com vontade de saltar, mas sem coragem de fazê-lo.
Marina e Eduardo? Maria e João? Que importa, se o que queremos é tirar o País do movediço leito um dia transitável e que hoje o retém empastado e lerdo? Que importa quem sejam os governantes que virão no bojo do amanhã que chegará em 2014, se o que não queremos é o continuísmo da imoralidade, da corrupção e da impunidade? Que importa quem virá amanhã, se forem mais dignos do que aqueles que hoje estão?
Importa que o Brasil respire, que o povo grite liberdade, que o progresso volte, que haja prosperidade, que todos precisem trabalhar e que o trabalho seja reconhecido e honrado.
Importa que não haja privilégios, mas direitos iguais; que não haja bolsas acintosas e marotas, mas que as oportunidades sejam igualitárias, os sonhos possíveis, as esperanças verdejantes, os amanhãs otimistas, a história digna e a Nação confiante.
Importa que a felicidade volte ao Brasil e aqui fique sem temores, sem incertezas e com vontade de ficar.
Que sejam bem vindos à nossa história todos os que sonham com amanhãs assim.
...
*Arquimedes Estrázulas Pires é só um cidadão brasileiro.
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