TEMA LIVRE : Coluna do Arquimedes

Impudicícia
19/03/2014

Embora sigam me preocupando muito, as diretrizes e os caminhos que pretendem dar às tradições sociais, à família, ao sentido da propriedade e dos bens materiais, às liberdades individuais e coletivas, ao direito de livre expressão e aos horizontes filosóficos, políticos e de produção, da Nação Brasileira, já não me preocupam mais as lides político-partidárias, os desacertos público-administrativos, os descaminhos voluntários da classe política que tanto nos envergonha, e o descaso que tem sido dado às porções da sociedade brasileira que ainda desejam manter firme o leme no rumo do amanhã apontado por José Bonifácio, Pedro II, Isabel, Mauá, Rui Barbosa e tantos outros.

O rumo da soberania plena, da cultura da verdade, da decência, da moralidade pública, da competência e do exercício da cidadania sem peias, cabrestos, arreios ou chibatas.

A cidadania onde governo e povo – cada um a seu tempo e à sua vez – cumprem obrigações e são respeitados em seus direitos. A cidadania que faz grande as nações e dignos os povos.

Mas não é que deixaram de me preocupar, pura e simplesmente. Se assim fosse é certo que eu mesmo teria deixado de lado as minhas obrigações cidadãs. Não me preocupam mais, porque têm sido um verdadeiro malhar em ferro frio as campanhas feitas no improviso das ruas e nos corredores mal iluminados dos poucos setores públicos que ainda primam pelo cumprimento satisfatório dos seus deveres de ofício.

Não me preocupam mais, porque na razão inversa do deleite de quem nos espolia sonhos e alma, crescem o desencanto e o descontentamento no peito dos que – como eu – não podem fazer nada pra mudar o todo.

E as nossas Forças Armadas; me pergunto? Não posso e nem quero acreditar no que dizem algumas acanhadas e quase anônimas denúncias da mídia, aqui e ali.

Me recuso, na verdade, a acreditar que haja compra de comandantes. Porque, aquiescendo que haja, eu estaria admitindo que entre suas fileiras há quem seja capaz de se vender.

E isso seria o fim da esperança do povo e do Brasil. Chegando aos quase 70 anos de idade, me permito pensar assim.

Quero seguir firme no sentimento de que elas estão lá, prontas e dispostas ao cumprimento de sua missão constitucional de defender o Brasil e os interesses do povo brasileiro.

Isto não é o apelo de um desesperado! É o desabafo de um velho cidadão cansado do descaso de tantos que têm sob suas obrigações defender os interesses do País e do povo, e não o fazem.

O noticiário de todos os dias nos empurra com brutalidade à indignação que sempre nos causa a impudicícia dos poderosos.

...

Arquimedes Estrázulas Pires é só um cidadão brasileiro.

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