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TEMA LIVRE : Valéria Del Cueto
Se alguém dissesse...
21/12/2014
Era uma vez na mais profunda selva selvagem, na América Central, onde repousam os restos imortais da civilização Maia. Foi descoberto no século XIX, um muro de previsões baseadas nos espetaculares calendários da lendária civilização para o ano correspondente a 2014. A descoberta foi logo descartada por suas “imprecisões”....
Em busca de explicações para o que estava vendo e precisava transmitir para a cronista ensandecida (ainda guardada do outro lado do túnel), Pluct, plact, o alienígena, as resgatou no banco de informações do Universo. Diziam as previsões:
Que a crise seria séria e em progressão geométrica. Potencializada e não adicional, como uma progressão aritmética (eles manjavam muito de matemática).
Que esta era apenas a gota inicial. Ela se espalharia por toda a superfície da vida local. O início das convulsões seria determinado por um acontecimento que deveria ser um grande êxito perante o mundo.
Que um imenso país de chuteiras teria seu chopp “batizado” nas semifinais do campeonato mundial do esporte. Em sua própria casa com uma surra de 7X1 dos representantes do país que inventou a bebida. Que este faria seus treinos próximos as terras indígenas dançando as danças dos habitantes originais dos tempos do descobrimento da nação derrotada. Vingança!
Que esse mesmo povo veria sua maior empresa, orgulho nacional, ter suas ações com apenas um dígito nas bolsas de valores puxando para baixo sua economia, sendo processada por investidores no exterior e investigada pela Águia do Norte.
Que isso seria provocado pelo que os responsáveis por essa derrocada chamariam de “mal feitos”. O que para o restante da população seria chamado chulamente de assalto, roubo e corrupção.
Que a ponta desse terremoto seria localizada ao norte das terras do grande império dos Maias e seu nome seria na língua dos destruidores da referida civilização.
Que esta movimentação sísmica geraria o encarceramento de responsáveis pela construção das obras monumentais da segunda década do primeiro século do segundo milênio da terra e por molhar a mão de ex guerreiros e representantes do povo nas casas parlamentares para serem os escolhidos para desenvolver as construções.
Que das obras prometidas para o mega encontro mundial de esportes (localizadas em vários pontos da maior nação tropical do planeta) tirando as pirâmides principais, grande parte não estaria pronta. Nem para o encontro dos povos, nem depois...
Que o mesmo modus operandi de captação financeira para viabilização política se alastraria por todas as camadas sociais representativas e empresarias. Esgarçando o tecido ético interno.
Que o epicentro da movimentação devastadora estaria localizado na cidade do governo central. Os representantes do povo que investigariam as denúncias que envolviam seus membros apresentariam um relatório com o selo do EU NÃO SABIA, mas este seria rompido para a inclusão dos outros envolvidos.
Num outro ponto do muro maia dizia também que duas nações vizinhas e beligerantes fariam um acordo depois que o velho líder na menor reconhecesse que estavam cumpridas as exigências que ele julgava impossíveis serem atendidas para a reaproximação: “que a Águia do Norte fosse Negra e que o Papa oriundo do povo que dominou e destruiria o Império Maia”...
No final das previsões tudo era uma maçaroca. Letras/carrancas maias se confundiam sem nexo. Nem para Pluct plact era possível adivinhar os sinais do final do ano ainda não decifrados! Por que será que ninguém levou fé na quimera arqueológica desse ponto em diante?
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*Valéria del Cueto é jornalista, fotógrafa, gestora de carnaval e porta-estandarte do Saite Bão. Essa crônica faz parte da série “Fábulas fabulosas”, do SEM FIM... delcueto.wordpress.com
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