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TEMA LIVRE : Valéria Del Cueto

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Depois, e agora?
29/03/2015

Nas muitas campanhas políticas em Cuiabá, Mato Grosso, havia uma pista do traquejo do marketing e a afinidade de produção televisiva com a realidade local.

Os cuiabanos viviam (pelo menos em suas lúdicas imaginações esperançosas) ainda ligados ao rio e seus ciclos.

Suas águas serviam para sobrevivência de muitos e lazer de quase todos com suas pescarias diárias e atividades de finais de semana.

Rio Cuiabá este que, por estar morrendo pela ação desordenada do crescimento da cidade, era um ótimo mote de campanha.

Especialmente nos clipes musicais em que se tentava, com belas e iconográficas imagens, criar uma empatia com o telespectador/eleitor. Um vínculo emocional.

Quando o programa eleitoral entrava no ar, aparecer na apresentação um take de um pescador na beira do rio jogando uma maravilhosa e brilhante tarrafa que apontava na direção do rio e ia se abrindo em câmera lenta até que o peso do seu chumbo puxasse a rede para o fundo das águas, era a certeza da ignorância dos responsáveis pela produção de televisão do cotidiano dos locais.

Acontece, que, apesar da cena belíssima, com reflexos do por do sol brilhando na água e o contra luz do pescador na beira de sua canoa, manuseando e jogando a rede, a prática era criminosa. Esta forma de pescaria era proibida pela legislação!

No segundo programa, com certeza a cena no clip era substituída por outra politicamente mais correta como a pá do remo da canoa fazendo marolas hipnóticas no caminho da embarcação preguiçosa e a campanha seguia seu rumo...

Outro dia, nuvens pesadas antecipavam a tempestade que viria quando ia para a Pedra do Arpoador. Choveu de maneira intermitente o dia inteiro e o fim de tarde chegava anunciando que haveria tempestade durante a noite.

A praia estava vazia. Poucos banhistas passeavam em direção ao Arpoador ou se aventuravam na praia. O mar, num tom meio acinzentado, refletia as nuances do céu sombrio. Transparente apesar da mancha de sujeira que chegava com a maré cheia. Era essa maré que havia reduzido o banco de areia, afinando a faixa de praia e criando um paredão a ser transposto para se alcançar a beira do mar.

Para o lado da Praia do Diabo, na direção de Copacabana, com o Pão de Açúcar delineado ao fundo, a entrada da Baía de Guanabara e o litoral de Niterói recortados ao longe, o tempo não parecia tão ruim. Em compensação, o que estava por chegar, vindo do sul, eram nuvens pesadas e plúmbeas que escondiam os topos dos Dois Irmãos e se projetavam como uma cunha ameaçadora sobre o Leblon e Ipanema.

Ali estava ele com sua tarrafa fazendo o tempo andar para trás. Usava um enorme saco de lixo como capa para se proteger dos chuviscos que anunciavam a viração das chuvas de março chegando e dos respingos das marolas que batiam nas pedras por onde ele pulava. Nos pés um par de velhas havaianas. Numa mochila apetrechos que não chegou a precisar.

Andava entre as pedras até encontrar o que achava ser o melhor lugar para jogar a rede. Em alguns momentos parecia que caminhava sobre as águas quando depois de começar a esticar a rede pela ponta, já com a corda da beira da malha ou um chumbo na boca, passava a arrumar a malha e ordenar os chumbos.

Na hora de lançar a tarrafa tudo é movimento e coordenação (Não pense que é fácil). Sob o olhar do pescador concentrado em observar e se equilibrar entre as marolas que castigam a ponta da pedra escolhida, a tarrafa afunda.

Depois é puxar a rede e ver o resultado. Agora, é o momento de acreditar que tudo será diferente. Como de fato não foi, já que não precisou abrir sua mochila em busca dos apetrechos...


...

*Valéria del Cueto é jornalista, fotógrafa, gestora de carnaval e porta-estandarte do Saite Bão. Essa crônica faz parte da série “Parador Cuiabano”, do SEM FIM... delcueto.wordpress.com


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