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TEMA LIVRE : Valéria Del Cueto
Senta no toco
19/09/2017
Cronista, minha cronista. Que bom que por aqui não anda. Reclusa que está, em seu encarceramento voluntário do outro lado do túnel.
Aqui quem fala é aquele seu estupefato amigo extraterreste, Pluct Plact, testemunha involuntária de fatos praticamente inenarráveis de tão inacreditáveis.
Não há mais espaço para a sua especialidade por aqui. Impossível alcançar a sofisticação existente no critério inventividade.
Não, não se trata de um problema em relação a produção possível e necessária das deliciosas histórias cotidianas que fazem parte de sua lavra, cara amiga.
O caso é outro. Se chama operação Malebolge, o oitavo círculo do inferno de Dante. É décima segunda fase da Ararath. A primeira após a delação premiada do ex-governador Silval Barbosa.
Demorou, mas ela chegou com busca e apreensão em 65 endereços. De alto a baixo, de cabo a rabo. Em dois estados e no Distrito Federal.
Em âmbito ministerial temerístico pegou na veia. Nosso representante foi o Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi (PP), com direito a busca e apreensão no apartamento funcional de Brasília, a casa de Rondonópolis e o seu escritório na Amaggi de Cuiabá.
No Congresso Nacional os mato-grossenses agitaram as já efervescentes duas casas com as visitas das equipes da PF.
No Senado o alvo foi Cidinho Santos (PR) que recebeu a PF em sua residência cuiabana. No caso da Câmara a visita foi por lá mesmo, ao deputado federal Ezequiel Fonseca (PP).
Em Mato Grosso também sobrou para todos os lados. Em Cuiabá o prefeito Emanuel Pinheiro recebeu a visita dos agentes em sua casa e na prefeitura. Em Juara, a visitada foi prefeita Luciane Bezerra (PSB).
Na Assembleia Legislativa o movimento foi intenso com apreensões nos gabinetes dos deputados estaduais Gilmar Fábris (PSD), Baiano Filho (PSDB), Zé Domingos Fraga PSD), Romualdo Júnior (PMDB), Wagner Ramos (PSD), Oscar Bezerra (PSB), Ondanir Bortoloni, o “Nininho” (PSD) e Silvano Amaral (PMDB).
O caso de Gilmar Fábris, vice-presidente da Assembleia Legislativa, é ainda mais complicado. Suspeito de ocultar provas na Operação Malebolge por decisão do Ministro Luiz Fux foi preso e afastado do cargo.
No Tribunal de Contas do Estado valeu a regra do jogo conhecido como
“Resta Um”.
Houve busca e apreensão nos endereços residenciais, gabinetes e respectivas assessorias no TCE, dos conselheiros José Carlos Novelli, Waldir Teiss, Antonio Joaquim, Valter Albano e Sérgio Ricardo (afastado).
Posteriormente, o Ministro Luiz Fux mandou afastar cinco dos seis conselheiros. Só restou um...
Nem a Procuradoria Geral do Estado ficou de fora do limpa-trilhos.
O Gabinete do Procurador e ex-deputado Alexandre Cesar também estava na lista dos endereços visitados pelas equipes da Polícia Federal.
Para fechar a lista, em São Paulo entrou na roda o presidente do Bic Banco, José Bezerra de Menezes.
Tá ruim?
Pois fique sabendo, amiga cronista, que as coisas tendem piorar ainda mais praquelas bandas.
O governador Pedro Taques, comemora a volta do Comendador Arcanjo ao sistema prisional estadual mandando recados provocativos para o detento recolhido aos costumes.
Parece ignorar o velho ditado que diz: “Senta no toco e espera”.
É lá que anda Arcanjo. Esperando...
Isso, enquanto esquenta a chapa e aguardamos que seja homologada a delação premiada do ex-presidente da Assembleia Legislativa, José Riva.
Recordista em processos na justiça, é bom lembrar que só haverá acerto se forem apresentados – e provados – fatos novos em relação aos inúmeros desmandos praticados por ele e seus asseclas.
Por essas e por outros e que recomendo veementemente sua permanência no conforto amigo de sua cela cinco estrelas.
É muita notícia quente neste calor insuportável.
Na próxima lua minguante que é para ninguém me ver, prometo uma nova análise e, quem sabe, melhores notícias.
Do sempre teu, Pluct plact.
...
*Jornalista, fotógrafa, gestora de carnaval e porta-estandarte do Saite Bão. Essa crônica faz parte da série “Fábulas Fabulosas” do SEM FIM... delcueto.wordpress.com
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