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CIDADANIA LÍQUIDA
24/08/2018

Há um crescente mal-estar na sociedade brasileira quanto à nossa política. As pessoas não se sentem representadas nos partidos e no Estado brasileiro.

Como diagnostica o professor Marco Aurélio Nogueira, o mal-estar institucional (...), é real. Insegurança e falta de confiança são seus principais indicadores.

Hoje, no Brasil, o sistema vive numa espécie de “caos estável”: funciona, mas está cheio de problemas e gera pouca adesão cívica.

Os cidadãos “obedecem” às regras instituídas, mas fazem isso sem muita convicção.

A adesão se faz por “gratidão” ou receio da punição, não por algum critério racional de “respeito” ou “apreço”.

Há pois, além da falência das instituições, uma falência da cidadania, o outro pilar da democracia.

Os políticos profissionais são a contrapartida dos cidadãos que só querem “se dar bem e o mundo que se exploda”.

Essa é a combinação explosiva da crise que vivenciamos.

O campo dos políticos profissionais é o reino da sordidez, entre os cidadãos o reino da alienação e da desinformação voluntária.

A alienação política é aquela situação em que a pessoa se recusa a exercer, de fato, a sua cidadania; tem total desinteresse por todas as questões públicas; pouco se interessa em acompanhar ou investigar os atos de seus governantes.

A maior parte dessas pessoas ainda confia, cegamente, o seu destino a alguns líderes políticos, achando que esses são os “que entendem de política e serão capazes das decisões mais acertadas”.

Enfim, elas entendem exercício do voto, mais como um peso do que um direito legítimo.

Nas duas últimas décadas, o mundo passou por grandes transformações entre elas o salto representado pelas novas tecnologias de informação e comunicação – as TICs.

Essas permitiram aos indivíduos, maior independência pessoal e maior protagonismo, que recusam a exercer.

O paradigma anterior era baseado na cultura, instituições e valores que nasciam na produção da vida material na sociedade industrial, ou seja, gerador de consciência de coletividade.

O novo paradigma é baseado no consumo, ou seja, em um fator essencialmente individual, que quando exacerbado se transforma na patologia social do individualismo.

O pensador polonês Zygmunt Bauman dedicou-se, com intensidade, à análise dessa transição e construiu o conceito de “modernidade líquida”, contrapondo-a a “modernidade sólida” da sociedade industrial

Quando se chega à sociedade da informação, todas as estruturas sociais e mentais surgidas da sociedade industrial, baseadas na estabilidade, se diluem.

Para Bauman, as relações transformam-se, tornam-se voláteis.

Trata-se da individualização do mundo, em que o sujeito agora se encontra “livre” para ser o que quiser.

A cidadania torna-se líquida.

A liquidez a que Bauman se refere é justamente essa inconstância e incerteza, que derivam da falta de pontos de referência socialmente construídos.

Na nova realidade, as regras, instituições e valores, se diluem.

As pessoas não tomam posição articuladas na vida em sociedade.

É o onanismo mental e cultural.

Cada um acha suficiente a sua própria verdade que vai se alterando ao sabor das circunstâncias, juntando-se em ondas aqui, que se dissolvem logo ali.

As verdades tornam-se líquidas, conformando-se a cada situação, sem continuidade histórica.

No período eleitoral que estamos vivendo, a modernidade líquida reflete-se na transformação da luta política, absolutamente necessária, em jornadas de raiva e intolerância, em manifestações de incivilidade, em reinados de fake news.

Mas o que propõe o eleitor raivoso a respeito disso: o nada, a verdade líquida, descompromissada, cada um julga estar certo com a sua verdade e isso lhe basta.

Essa mística individualista, de fundo liberal, só pode produzir equívocos e, atualmente, é um dos vetores do crescimento do populismo e do fanatismo.

Ele não se percebe, ao mesmo tempo, como vítima e responsável.

...

*Engenheiro Civil e professor aposentado da UFMS.



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