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TEMA LIVRE : Fausto Matto Grosso

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FIGURINHAS POLÍTICAS
27/09/2018

Aproximam-se as eleições. Os principais contendores, segundo as pesquisas, têm também, as maiores rejeições. Temos pela frente uma eleição de ódio e medo, dois maus conselheiros. O país que herdaremos poderá ser um Brasil ainda mais dividido, com mais instabilidade política e social.

O pano de fundo da eleição que se aproxima é o de esgotamento da política tradicional, caracterizada pelo descompromisso programático, pela promiscuidade entre o público e o privado, pela corrupção, e pelo clientelismo, situação essa que afeta os mais diferentes partidos e suas lideranças.

Diferentemente de eleições anteriores, quando todos os candidatos pareciam iguais aos olhos dos eleitores, hoje a cena está mais iluminada. A exposição dos candidatos nos debates, nas pesquisas e nas mídias eletrônicas está deixando mais claro o que cada um representa.

Será que escolheremos o mais acertado?

Uma boa ajuda para a tomada de decisão do voto pode vir da análise da tipologia dos líderes políticos construída pelo chileno Carlos Matus.

O autor tipificava os estilos de liderança política em Chimpanzé, Maquiavel e Gandhi, em uma escala civilizatória.

Tais como nos grupos de chimpanzés, os líderes, assim classificados, são caracterizados pela expressão “o fim sou eu”.

A forca representa o seu atributo político principal.

Não existe projeto algum - o líder guia a manada a lugar nenhum e é guiado pela lógica de que “o projeto é o chefe e o chefe é o projeto”.

É o estilo mais primitivo de fazer política. Os ditadores sul-americanos, velhos e novos, são uma boa representação desse espécime.

“Os fins justificam os meios” essa é a síntese da ideologia que sustenta o estilo Maquiavel.

Em relação ao estilo anterior, a grande diferença é que neste caso há um projeto, que transcende o líder.

O projeto não é mais individual, é coletivo, tem base social, mas é impossível realizá-lo sem o líder messiânico.

Aqui o poder pessoal não é o objetivo, mas o instrumento.

Nesse contexto, não há adversários, e sim inimigos que devem ser derrotados e, se necessário, eliminados.

A esquerda autoritária foi pródiga em produzir tais lideranças.

Mas a humanidade já conseguiu produzir, embora mais raramente, outro tipo de líder, que baseia a sua liderança na força moral e no consenso.

Gandhi é o paradigma desse tipo de liderança política.

Também aqui o projeto é coletivo, mas o líder não disputa para sê-lo.

Não precisa força física, lidera pela superioridade de seus valores e da sua ética.

Não precisa construir inimigos para vencê-los, mas sim subordinar e ganhar os adversários pela razão objetiva do projeto socialmente superior.

Pratica a coerência entre discurso e ação, essa coisa hoje tão rara na política, cuja escassez está na origem da desmoralização dos líderes políticos.

Esses estilos de lideranças políticas raramente são encontrados em estado puro.

O estilo real de cada político acaba sendo uma combinação particular entre esses estilos básicos, sendo, normalmente, possível identificar o que é preponderante em cada um.

A cada estilo de liderança, a cada combinação de estilos, vai corresponder, no exercício do poder, um comportamento político previsível.

O de pensar e usar o governo como coisa sua, ou comportar-se segundo princípios republicanos.

O de isolar-se no uso pessoal do poder ou de compartilhá-lo com a sociedade.

O de perpetuar conflitos ou buscar convergências que possam viabilizar projetos de interesse público.

A essa altura, cada um deve estar procurando colocar as figurinhas dos líderes da atual disputa, nos álbuns de personalidades que lhes correspondem.

O critério é de cada um, assim como a responsabilidade do acerto ou erro.

De acordo como os líderes são hoje, é possível prever como serão seus governos. Repare bem, não adianta reclamar depois.

...

*Engenheiro Civil, Professor aposentado da UFMS



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