capa | atento olhar | busca | de última! | dia-a-dia | entrevista | falooouu
guia oficial do puxa-saco | hoje na história | loterias | mamãe, óia eu aqui | mt cards
poemas & sonetos | releitura | sabor da terra | sbornianews | vi@ email
 
Cuiabá MT, 23/11/2024
comTEXTO | críticas construtivas | curto & grosso | o outro lado da notícia | tá ligado? | tema livre 30.926.841 pageviews  

De Última! Só lendo para acreditar

TEMA LIVRE : Marli Gonçalves

Outras colunas do Tema Livre

Descaso mata. Mas não morre nunca
09/02/2019

O celeiro de jovens atletas, em contêineres, bem ao lado de cilindros de oxigênio, inflamáveis, explosivos, e onde nos papéis oficiais deveria ser só um estacionamento.

O restaurante e os prédios administrativos bem abaixo no caminho da barragem que se rompeu, sem as sirenes que apenas agora soam descontrolados aos ouvidos de outras cidades, de outras barragens.

As árvores, as pedras, que caem e que rolam, nem elas se aguentam de ver aos seus pés sempre tanta sujeira, tantas construções irregulares.

Pessoas arrancadas de suas vidas em átimos, segundos, o tempo que piscamos.

Nós piscamos. Eles, os que se foram, fecham os olhos. Para sempre.

Outros, os que fecharam os olhos durante muito tempo para esses erros bárbaros, para essas tragédias mais do que anunciadas, previstas, cantadas, soletradas, continuam.

Sacando de seus bolsos, sabe-se lá se deixando cair algum dinheiro ganho enquanto dormitavam, lenços, onde choram compungidos.

Consolam as vítimas, os sobreviventes, seus familiares, tentam explicar o inexplicável, abrem suas rigorosas investigações lentas, decretam luto oficial, bandeiras a meio mastro.

Foi assim em Mariana, foi assim em Santa Maria.

Será assim, talvez, em Brumadinho, nas cidades vizinhas alarmadas agora a todo instante.

Poderá ser assim em mais pontes e viadutos que se dissolvem, assim como o asfalto vagabundo com o qual seguidamente recapeiam ruas e estradas, crateras abertas, feridas em chagas que não se curam, bueiros e bocas abertas esperando as suas próximas vítimas.

O descaso com que tratam as cidades, os espaços onde vivemos, os espaços públicos e privados, as ruas por onde passamos, as estradas por onde andamos, é aterrador.

São os fios pendurados que eletrocutam, deixados ali por uma empresa, pela outra que mexeu, por mais uma que precisou desligar ou ligar.

São as responsabilidades jogadas de ombro a ombro, de mão em mão, de governo a governo, de uma esfera a outra.

Promessas ouvimos.

Mas quem tem de fazê-las, definitivamente, somos nós.

Aos deuses, para que nos protejam dos perigos que o descaso de anos nos têm sido seguidamente mostrados, e anos após anos.

Câmaras municipais dormentes dão nomes dos mortos às ruas e avenidas que os mataram – afinal precisam ser homenageados, como dizem, para não serem jamais esquecidos.

Aqui e ali fazem leis que nem eles cumprem; outras, apenas ridículas.

Em qual vereador você votou nas últimas eleições municipais, lembra?

Assembleias legislativas?

Ora, faça-me o favor.

Olha a do Rio de Janeiro, quase toda atrás das grades, por desvios, corrupção, fantasmas bem vivos, laranjas espremidos, “rachadinhas” de salários.

A de São Paulo aguarda investigações; claro, se acharem alguém lá dentro daqueles corredores vazios e inúteis para perguntar qualquer coisa.

Eles, os deputados, certamente dirão que estão nas suas “bases”, lutando por suas regiões, pelas cidades que representam no Estado.

Em qual deputado estadual votou na última eleição há poucos meses, lembra?

Aí ficamos nós, daqui de nossas vidas, chorando, varrendo a água para fora de nossas casas, recolhendo escombros e até culpando Deus por tantas desgraças, assistindo ao show diário de insanidade e briga pelo poder no Congresso Nacional, Câmara e Senado Federal.

Lá longe.

Lá no bonito Planalto Central.

Volte para cá.

Volte seus pensamentos de novo ao seu ao redor.

É nele que precisamos ficar atentos, fiscalizar, denunciar, fotografar, registrar todos os pedidos que fazemos quando ( e se é que ) conseguimos ser atendidos por algum canal oficial, e que são solenemente ignorados, até que um dia…a casa cai, a árvore se mata e mata, o buraco engole, o prédio pega fogo, a ponte cai, o rio transborda, o fio eletrocuta, a pedra rola do morro, a barragem rompe…

Ah, não esqueça de pagar o IPTU.

Ele está vencendo esses dias.

E o dinheiro que ele arrecada – pode ler no “carnê” – deveria servir para que não amargássemos tantas tragédias nas nossas portas.

Há também muitos outros, além dos embutidos como linguiças em tudo o que compramos.

Cadê o dinheiro que tava aqui?

O gato comeu, o urubu pôs fogo, a lama levou.

...

*Jornalista – Dizem que tenho sorriso fácil. Pois vejam só: ele anda sumido nas últimas semanas.

Cidades, ainda muito burras, pleno e amargo 2019

E-mails:
marligo@uol.com.br
marli@brickmann.com.br


OUTRAS COLUNAS
André Pozetti
Antonio Copriva
Antonio de Souza
Archimedes Lima Neto
Cecília Capparelli
César Miranda
Chaparral
Coluna do Arquimedes
Coluna do Bebeto
EDITORIAL DO ESTADÃO
Edson Miranda*
Eduardo Mahon
Fausto Matto Grosso
Gabriel Novis Neves
Gilda Balbino
Haroldo Assunção
Ivy Menon
João Vieira
Kamarada Mederovsk
Kamil Hussein Fares
Kleber Lima
Léo Medeiros
Leonardo Boff
Luciano Jóia
Lúcio Flávio Pinto
Luzinete Mª Figueiredo da Silva
Marcelo Alonso Lemes
Maria Amélia Chaves*
Marli Gonçalves
Montezuma Cruz
Paulo Corrêa de Oliveira
Pedro Novis Neves
Pedro Paulo Lomba
Pedro Pedrossian
Portugal & Arredores
Pra Seu Governo
Roberto Boaventura da Silva Sá
Rodrigo Monteiro
Ronaldo de Castro
Rozeno Costa
Sebastião Carlos Gomes de Carvalho
Serafim Praia Grande
Sérgio Luiz Fernandes
Sérgio Rubens da Silva
Sérgio Rubens da Silva
Talvani Guedes da Fonseca
Trovas apostólicas
Valéria Del Cueto
Wagner Malheiros
Xico Graziano

  

Compartilhe: twitter delicious Windows Live MySpace facebook Google digg

  Textos anteriores
26/12/2020 - MARLI (Marli Gonçalves)
21/12/2020 - ARQUIMEDES (Coluna do Arquimedes)
20/12/2020 - IDH E FELICIDADE, NADA A COMEMORAR (Fausto Matto Grosso)
19/12/2020 - 2021, O ANO QUE TANTO DESEJAMOS (Marli Gonçalves)
28/11/2020 - OS MEDOS DE DEZEMBRO (Marli Gonçalves)
26/11/2020 - O voto e o veto (Valéria Del Cueto)
23/11/2020 - Exemplo aos vizinhos (Coluna do Arquimedes)
22/11/2020 - REVENDO O FUTURO (Fausto Matto Grosso)
21/11/2020 - A INCRÍVEL MARCHA DA INSENSATEZ (Marli Gonçalves)
15/11/2020 - A hora da onça (Coluna do Arquimedes)
14/11/2020 - O PAÍS PRECISA DE VOCÊ. E É AGORA (Marli Gonçalves)
11/11/2020 - Ocaso e o caso (Valéria Del Cueto)
09/11/2020 - Onde anda a decência? (Coluna do Arquimedes)
07/11/2020 - Se os carros falassem (Marli Gonçalves)
05/11/2020 - CÂMARAS MUNICIPAIS REPUBLICANAS (Fausto Matto Grosso)
02/11/2020 - Emburrecendo a juventude! (Coluna do Arquimedes)
31/10/2020 - As nossas reais alucinações (Marli Gonçalves)
31/10/2020 - MARLI (Marli Gonçalves)
31/10/2020 - PREFEITOS: GERENTES OU LÍDERES? (Fausto Matto Grosso)
26/10/2020 - Vote Merecimento! (Coluna do Arquimedes)

Listar todos os textos
 
Editor: Marcos Antonio Moreira
Diretora Executiva: Kelen Marques