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TEMA LIVRE : Kleber Lima

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O bonzão
14/09/2005

Tenho observado com certo interesse as declarações do ex-prefeito de Rondonópolis, Percival Muniz, sempre criticando alguém, nunca propondo nada de produtivo, de proativo, de construtivo. E fico pensando daqui do meu canto qual o motivo de tanto palavratório contra os aliados do governo.

Hora é contra Jaime Campos, hora é contra Roberto França, outra contra Pedro Henry, outra contra José Riva, contra secretários de Estado, como fez no caso de Célio Wilson, quando foi vítima recentemente de um assalto... Tem uma música sertaneja que diz mais ou menos assim: “Ih, essa festa não tá com nada. Ih, o sanfoneiro não tá com nada. Ih, a mulherada não tá com nada... E pra quem não entendeu, hoje o bom aqui sou eu...”.

Vem bem a propósito do comportamento do ex-prefeito. Ou seja, no fundo, o que Percival deseja dizer é exatamente isso: excetuando-se ele – e talvez o governador Blairo Maggi -, ninguém mais na política de Mato Grosso vale um pequi roído.

Enquanto isso, as já delicadas relações políticas do governo com sua base ficam mais comprometidas. Afinal, Muniz é ninguém menos que ex-presidente do partido do governador e de boa parte dos secretários de Estado e dos deputados aliados.

Aparentemente, as críticas de Percival são as politicamente mais corretas, embasadas num comportamento ético referencial, etc e tal. Conversa. Escondem, no fundo, algumas pretensões eleitorais difusas a olho nu, mas bastante tangíveis para quem sabe, por exemplo, que Muniz está numa encruzilhada histórica, sem mandato, desprotegido e com uma necessidade premente de tomar a decisão correta sobre que cargo disputar nas eleições do ano que vem para voltar a ter proteção e imunidade.

Não sabe, por exemplo, se disputa para deputado estadual, federal ou senador. Mas, a grande tentação é ser senador. E como a Turma da Botina acha que Blairo Maggi elege até um poste para senador, por inércia, a pergunta que começaram a se fazer é a seguinte: “Por que o poste tem que ser aliado e não alguém nosso mesmo?”.

Deriva daí, por exemplo, aquela proposta esdrúxula da coalizão governista de lançar vários candidatos a senador para manter a disputa no seu próprio grupo. Mas, isso é “grupo” (gíria juvenil que significa enrolação, dissimulação) para canalizar todo o apoio oficial, durante a campanha, ao candidato que lhes interessa. E, claro, Percival Muniz seria esse poste.

Admita-se que a estratégia é inteligente. Mas, somente se do outro lado houvesse apenas neófitos em política, o que não é verdade. Por isso, o que mais me chama a atenção é exatamente descobrir por que Percival continua lançando suas perfídias impunemente, sem uma reação mais contundente dos atacados. Pelo jeito, alguma razão há de ter o nosso falastrão rondonopolitano, senão alguém já teria chutado o pau de sua barraca.

...

*Kleber Lima é jornalista em MT --kleberlima@terra.com.br



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