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Críticas Construtivas Se todo governante quer, por quê não?!!!

TEMA LIVRE : Antonio Copriva

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Doguibol, esporte bom pra cachorro
10/11/2005

A origem dessa prática esportiva é controversa. Alguns de seus praticantes afirmam que, como o futebol, é de origem bretã, mas há quem discorde. Seu nome original, seguindo a mesma linha de adaptação do mais popular esporte do Brasil, é “dog-ball”, o que já dá uma certa pista para quem possua rudimentos da língua de Shakespeare, Tony Blair e Jack, o Estripador, além de Mônica Lewinski, é claro. Mas aqui não trataremos de charutos, com certeza.

Entre algumas anotações encontradas nos pertences de um alpinista que virou picolé no Himalaia, foram achadas referências a certo Le Chien au La Pelote, que é num francês desgraçado de ruim mas pode indicar o conhecimento do esporte na terra de August Comte, ou mesmo já entre os gauleses. Os fragmentos dessas anotações do infeliz alpinista sinalizam no sentido de que esse exercício esportivo poderia se reportar às aldeias de Asterix, Obelix e Idéiafix. Pelo que se pôde depreender das anotações, entre os gauleses eram utilizados testículos de javali na prática do esporte, funcionando como bola. Ao final, o “móvel da disputa” era devorado pelos jogadores. Uma verdadeira porcaria.

A razão de um congelado escalador de morros manter entre seus pertences tão exóticas notas ainda é totalmente desconhecida, além de fugir do objeto de nossa abordagem. Poderíamos, a título de ilustração, citar que alguns autores menos ortodoxos admitem que Erik, o Visigodo, na invasão da península Ibérica, teria trazido consigo um manual com regras que orientariam um certo Volsksbundenstagënbulldogaufstrausschucrutte, jogo que lembraria em muito o popular doguibol tropical, usando um repolho roxo nos arremessos. Como as provas dessa descoberta não foram até hoje oficialmente apresentadas, ficamos só no registro descompromissado do suposto fato.

Agora vamos, finalmente, à vaca fria. Ou melhor, ao hot-dog, que é a prática do doguibol. Você precisa, inicialmente, de uma bola. Pode ser de tamanho médio, de couro, borracha e até mesmo de meia. Pedaços de pau foram totalmente descartados pelo COI, Comitê Olímpico Internacional, depois que os sem-terra ameaçaram requerer a inscrição do lançamento de foice como esporte olímpico. Dá pra entender.

Conseguida a bola, você vai necessitar, então, de um cachorro. É isso mesmo, um daqueles bichos que latem e abanam o rabo (quando têm um) e, eventualmente, mordem. Aconselha-se aos iniciantes na prática do doguibol arrumar um cão de índole pacífica, conhecido da família e sem traumas com relação a objetos esféricos. Conseguida a bola e amansado o cão, parte-se para a prática propriamente dita. Claro, você ainda precisa de algum espaço físico livre. Pessoas que tentaram praticar o doguibol em apartamentos terminaram sendo expulsas dos condomínios. Outras buscaram ensaiar algumas jogadas nas dependências das suas casas e acabaram destruindo móveis, vidraças, aparelhos de tevê, dentaduras, espelhos e objetos de maior ou menor valor.

Vencido esse último obstáculo, digamos, geográfico, você pode dar início ao salutar esporte. Apanhe a bola, encha os pulmões de ar, gire o braço e arremesse a gorduchinha no espaço vazio à sua frente. O cão deverá, a partir daí, correr como um desesperado até o local onde caiu a bola e traze-la de volta para você, dando início à seqüência do jogo. Um cientista russo chamado Pavlov estudou essa interação homem/bicho, chamando a reação daquele que tratamos como irracional de reflexo condicionado. Ainda existem dúvidas sobre quem condiciona quem. No entanto, como esporte é vida e saúde, não estamos aqui pra levantar polêmica. Depois de uma meia hora de prática do doguibol, provavelmente nem você nem o cachorro estarão em condições físicas ou mentais de avaliar se valeu ou não a pena. Deixe, dessa forma, esse pormenor para o dia seguinte, numa nova rodada. Se o seu cachorro não entendeu o espírito da coisa, tente com o do vizinho. Sobrevivendo à aventura e não tendo obtido sucesso, comece a tentar com outros animais, como porcos, galinhas, vacas, cavalos, coelhos, sapos, cobras e lagartixas. E boa sorte.

Com certeza você vai precisar muito...

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