|
TEMA LIVRE : Talvani Guedes da Fonseca
Quem tem medo de Karl? -- VI
20/11/2005
Quando não existir mais propriedade, luta de classes, dominação e a exploração do homem pelo homem, que desafiam o tempo, também acabará e haverá igualdade.
Numa sociedade sem contradições de classe o Estado não só se tornará desnecessário como impossível, e isso foi Lênin quem disse.
Sem o capitalismo não haverá exploradores, explorados, opressores ou oprimidos, porque sem o trabalho não existirá capitalismo.
A força de trabalho humana assumiu a forma de mercadoria, e o capital é o fim em si, é fazer dinheiro e acumular riquezas, é dono dos meios de produção, das máquinas e matérias-primas e paga salários a quem nada tem, além da energia, a força de trabalho que o operário é obrigado a vender. Quem produz é o operário, mas o produto do trabalho pertence ao capitalista.
Daí os interesses dos capitalistas e dos trabalhadores não serem os mesmos, porque o capitalismo marginaliza a população em benefício das classes dominantes.
Qualquer trabalho vale mais do que o salário que se paga.
É importante que os trabalhadores se organizem como classe e não percam de vista a voz das bases, porque a meta é destruir a propriedade privada, para emancipar-se. Oprimido e ignorante, o operário é o escravo moderno, explorado no aluguel, farmácia, mercado, em tudo.
Uma vez terminada a exploração do operário pelo fabricante, logo que ele recebe seu salário, caem sobre ele as outras partes da burguesia, o proprietário da casa, o dono da venda, o usurário, e não sou eu quem diz isso, está no Manifesto que a luta do trabalhador contra a burguesia começa com sua própria existência.
E o que ele produz?
Um carro, um armário, um tecido?
Não, o que ele produz só tem um nome, mercadoria, enquanto o patrão retém o produto do trabalho, acumula-o na forma de capital e passa a ser dono do que o operário produz, e ele é um detalhe a mais na produção que se vende diariamente, como uma mercadoria qualquer, um artigo de comércio, como qualquer outro, e vai por aí, os ricos são sempre considerados bons, educados, cultos e dignos de respeito e os pobres, exatamente o contrário, preguiçosos, imorais e sem valor.
E daí?
Ter belo aspecto ou estar bem nutrido e vestido não quer dizer que se tenha credibilidade! Assim acontece com as nações e nós, periféricos, somos os subdesenvolvidos, somos o terceiro mundo. Em outras palavras, os preguiçosos, os imorais e sem valor que os Estados Unidos e a Europa, educadíssimos, exploram.
O capitalista diz que trabalho e capital não são antagônicos, que se complementam como faces da mesma moeda e que, na origem do capital está o trabalho, não o empresário capitalista, aquele que possui os recursos financeiros e vive de aplicá-los. E não me venham com essa, de que o empresário é a figura mais importante na produção econômica, que é o patrão quem assume os riscos e que, sem a sua iniciativa, não se criaria empregos para outros trabalhadores. Esta é mais uma mentira.
O que importa é a origem do capital.
Se você vende e compra, faz dinheiro; no entanto, alguém tem que trabalhar para produzir o que você vai vender ou comprar, alguém que se vendeu, vendeu seu suor, seu talento, sua força de trabalho.
Se a origem do capitalismo é a riqueza acumulada e o lucro é um custo indevidamente acrescentado ao preço da mercadoria produzida pelo trabalho.
Em sua teoria econômica Karl deixa claro que capital e trabalho são e serão, sempre, duas coisas absolutamente opostas, muito diferentes.
O valor de qualquer produto é fruto exclusivo do trabalho, que está associado à fadiga, mas o capital está associado ao lucro, algo que é acrescentado pelo capitalista ao preço, e o lucro nada mais é do que a expropriação do trabalho. Marx e Engels explicam isso, direitinho, no Manifesto Comunista, que o lucro faz do trabalhador uma mercadoria, que não usufrui o próprio trabalho.
...
*Talvani Guedes da Fonseca é jornalista, poeta e escritor norte-rio=grandense.
Compartilhe:
|
|