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TEMA LIVRE : Serafim Praia Grande
Casca, Bagaço, Água & Lagoa
13/10/2006
Complicado esse negócio de escolher.
Quando você tem muitas opções, fica enrolado pra tentar descobrir se os iguais são diferentes, onde isso se exerce, quando, como, e aí tudo se mistura como farinha e é a cara de um no focinho do outro.
Se a coisa se aplica apenas a times esportivos, a escolas de samba, corridas de cavalo, ainda assim você toma seu partido, escolhe as suas cores, e se a droga do seu lado perde você não se sente forçado a adotar outra posição. Fica fora.
Dificilmente numa hora dessas você precisa ter um Plano B.
O funesto e idiotizado Bush invade o Iraque em sua sanha assassina, manipulado pela indústria bélica, esse monte de menininhos frustrados brincando de caubói e fudendo a humanidade com suas guerras imbecis, aí fica difícil alguém em sã consciência aceitar essa insanidade e acreditar no conto da Carochinha da defesa da democracia, da liberdade, da torta de maçã e da fé em Deus.
Você não precisa querer virar churrasquinho-de-terrorista num ataque suicida nem sair por aí gritando vivas a um hipotético bin Laden (será que esse cara existe, mesmo, pelo menos com aquelas características que a mídia amestrada pelos EUA projeta?) pra condenar a política externa do simiesco presidente americano, esparramada pelo mundo por Madame Chapinha, Condoleeza Rice.
É pegar ou largar, achar uma merda ou aplaudir a estupidez na turma do gargarejo, agüentando os perdigotos do Bushinho lendo aquilo que escrevem pra ele despejar nos ouvidos da moçada.
Convenhamos, esse cara era melhor quando bebia...
Mas a nossa campanha eleitoral rolou, resolveram-se, bem ou mal, as questões internas aqui da terrinha, os perdedores já enfiaram as violas nos sacos ou saíram por aí a tentar explicar porque é que goiabeira não dá caju enquanto os contemplados começam a se preparar para os próximos anos dourados. O assunto está encerrado nessa instância, restando ainda aqueles arrufos legais que podem apear alguns sacripantas de seus diplomas e de suas sagradas imunidades.
Haja Lexotan!
Agora, para o mais alto cargo político do país restou uma segunda rodada, uma saideira indigesta, um tira-gosto com jeito de sopa-de-pedra. Isso principalmente se você foi eleitor convicto da Heloísa e do Christovam, porque os demais estavam ali, de verdade, pra regurgitar suas vaidades de anões.
A escolha do lado não é uma tarefa simples.
Não se trata de um FlaxFlu animado, de um ferrenho Santos versus São Paulo, de uma luta do aposentado Popó, de uma reentré do nosso Guga ou de se esperar que a Marques de Sapucaí revele o verde-e-rosa da Mangueira de dona Zica, o Império Serrano, a Mocidade, a Tradição, a Viradoura e tantas outras, como a Beija-Flor que o adoentado Joãosinho Trinta levou a seguidas glórias, como a vencedora do carnaval.
O buraco aqui é muito mais em baixo.
Temos que escolher, caríssimos, entre o Picolé-de-Chuchu, com seu discurso encomendado, baseado nas indicações das pesquisas, um ator canastrão que ficaria mal até em dramalhão mexicano, e o Sapo Barbudo e suas engrolações etílico-filosóficas em torno de churrascos e escândalos.
Não é fácil, colegas. Não gostaria, sinceramente, de estar na pele de vocês numa hora dessas. Nem na minha.
...
*Serafim Praia Grande é sócio-atreta do Saite Bão, de nossa equipe olímpica, ¨catiguria¨ alterocopismo
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