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TEMA LIVRE : Serafim Praia Grande
As coxas da dona Lu
31/10/2006
Sempre fui um esteta
Acima de referências políticas, sociais, econômicas, éticas, morais, cabalísticas, religiosas, programáticas ou pragmáticas coloco a visão estética com um enfoque de acentuado teor.
Se tivesse vivido nos tempos de Cleópatra, daria importância menor às suas tramas em busca de poder e iria tentar descobrir se possuía, de fato, as qualidades de cortesã que tanto apregoava e usava como moeda de troca e arapuca para aqueles que se tornavam escravos de sua beleza e das suas artimanhas concupiscentes.
Tomou?
Quando me reúno com a minha gangue (ué, se o presidente pode, por que não eu?) em torno de honoráveis tira-gostos e malte gelado da melhor
qualidade, reporto-me sempre à ótica visual das personagens, contribuindo, assim, pra
despressurizar discussões acaloradas e pontos-de-vistas contundentes e conflitantes, como aqueles que envolvem motivações preservacionistas e eventuais sopapos e unhadas.
Temos em nossas hostes algumas gatas brabas que mais se assemelham a jaguatiricas, calipígias, porém visceralmente kamikazes.
Isso pode se tornar um vício, bem sei, e contribuir para que assuntos da maior importância se vejam minimizados e colocados a reboque de uma cruzada de pernas à Sharon Stone, uma fugaz escapada pela madrugada louca ou de um seio assim querendo se expor e impor sua presença majestática diante do mundo.
Vou me corrigir, prometo.
Mas não ainda desta vez.
Agora que os resultados das urnas são sabidos, podemos tergiversar com muito mais liberdade sobre vicissitudes mais levianas, mas nem por isso de menor importância. Afinal, olhos são para ver e, muitas vezes, cobiçar.
Há alguns anos o comediante Jô Soares, que não tinha ainda resolvido exibir seu egocentrismo num talk-show nem competir com todos os seus entrevistados em erudição, graça e antipatia, criou um personagem que se chamava Padilha. Era um ser simplório, sem-graça, porém casado com uma mulher de pujantes predicados físicos, a assim chamada potranca!
Um bordão ficou famosa, à época, repetido no quadro de TV quando a estonteante criatura chamava o marido e ele relutava em deixar os amigos. Todos, olhinhos lúbricos postos nos atributos físicos da personagem, entoavam em coro: ´´Vai pra casa, Padilha!!!``
Observando de vários ângulos a simpática companheira do candidato derrotado, passei a imaginar como seria assistir a uma sessão de prova de roupas em que ela se dedicasse a avaliar cada um dos 400 vestidos que ganhou de um certo costureiro. Aliando essa perscrutação a um olhar mais crítico sobre pequenos flashes de televisão em que pude perceber as suas bem torneadas e saradas pernocas, ocorreu-me repetir o bordão famoso do personagem criado pelo Jô:
-- Vai pra casa, Geraldo!!!!!
Só não vale fazer pregação de moral e ética nessa hora. Se pegar segundo turno por aí, vai acabar indo dormir no sofá pro resto da vida...
...
*Serafim Praia Grande é ¨sócio-atreta¨ do Saite Bão
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