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Moro perde o Coaf; Bolsonaro minimiza revés na Câmara
23/05/2019 - Veja.com

O presidente Jair Bolsonaro minimizou a derrota imposta pela Câmara dos Deputados ao retirar o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) do Ministério da Justiça, comandado por Sergio Moro, e devolvê-lo ao Ministério da Economia.

Questionado sobre o tema por jornalistas durante evento em homenagem aos 71 anos da criação do Estado de Israel, em Brasília, Bolsonaro se limitou a dizer: “(o Coaf) continua no governo”.

A realocação do órgão foi aprovada por 228 votos contra 210.


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Pouco após a definição, Sergio Moro se manifestou: “sobre a decisão da maioria da Câmara de retirar o Coaf do Ministério da Justiça, lamento o ocorrido. Faz parte do debate democrático. Agradeço aos 210 deputados que apoiaram o Ministério da Justiça e Segurança Pública e o plano de fortalecimento do Coaf”, disse.

O órgão de inteligência financeira e combate à lavagem de dinheiro havia sido deslocado para a pasta de Moro no desenho original do governo Bolsonaro.

A volta do Coaf para a pasta da Economia foi votada em um destaque apresentado ao relatório do senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) sobre a medida provisória 870, que trata da reforma administrativa.

Antes da apreciação das emendas ao texto, o plenário aprovou a manutenção da estrutura do governo Bolsonaro em 22 ministérios.

As votações do texto-base de Bezerra Coelho e dos destaques a ele foram simbólicas, ou seja, os votos dos deputados não são registrados individualmente.

No caso do Coaf, no entanto, após a rejeição do destaque pela permanência do órgão na Justiça em votação simbólica, deputados governistas pediram a votação nominal e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), concordou.

Os líderes partidários que encaminharam os votos de suas bancadas a favor da ida do Coaf ao Ministério da Economia argumentaram que o órgão funcionou adequadamente sob o Ministério da Fazenda durante toda a Operação Lava Jato; que Moro não pode concentrar tanto poder; e que os países mais desenvolvidos do mundo têm instituições como o Coaf subordinadas aos ministros da Economia.

Orientaram votos para tirar o Coaf de Sergio Moro os líderes de partidos de oposição (PT, PSOL, PCdoB, PSOL e PSB) e de siglas do chamado Centrão (PP, MDB, PTB, PRB, DEM, Solidariedade e PR).

Encaminharam votos pela continuidade do órgão na pasta da Justiça e Segurança Pública os líderes de PSL, partido de Bolsonaro, PROS, Podemos, Cidadania, Novo e PV.

Liberaram os deputados, diante de divergências internas, PSDB e PSD.

Além da questão do Coaf, o plenário da Câmara também votou outros pontos da reforma admnistrativa e negou a recriação dos ministérios da Cultura, absorvido pelo Ministério da Cidadania, e do Trabalho, incorporado pelas pastas da Cidadania, da Justiça e Segurança Pública e da Economia.

Nesse item, o governo saiu vitorioso com a redução ministerial.

Sessão encerrada após desabafo

Em outro ponto do texto votado ontem, a Fundação Nacional do Índio (Funai) e a competência sobre a demarcação de terras indígenas foram incluídas no Ministério da Justiça.

A oposição defendeu a mudança, que governo e deputados ligados ao agronegócio tentaram modificar.

Originalmente, a Funai havia sido transferida para a pasta dos Direitos Humanos e Família, da ministra Damares Alves; e a demarcação, ao Ministério da Agricultura, comandado por Tereza Cristina.

Por volta das 23:00, a sessão foi encerrada após desabafo do líder do DEM, o deputado Elmar Nascimento (BA), que criticou as relações entre Planalto e Congresso.

“O procedimento que está havendo nesta Casa por parte do governo é um procedimento canalha. Quero saber se a liderança no Senado é corrupta, e a da Câmara é a correta”, declarou Nascimento na tribuna da Casa.

Em reação ao pronunciamento, Rodrigo Maia decidiu transferir o encerramento da votação para esta quinta-feira 23, por entender que “o clima não ia ficar bom na noite de hoje”.

Em destaque ainda não votado, os deputados analisarão a limitação da competência dos auditores fiscais da Receita Federal à investigação de crimes tributários, sendo eles proibidos de atuar em indícios de delitos de outra natureza e de informar ao Ministério Público sobre indícios destes crimes.

A votação da MP 870, cuja validade acaba no próximo dia 3 de junho, foi conduzida após o Centrão, grupo de partidos que inclui DEM, PP, PSD, PR, PRB, MDB e Solidariedade, concordar em dar prioridade à matéria – outras medidas provisórias que estavam à frente dela foram votadas ontem.

A oposição também não obstruiu a votação no plenário e apenas o PSOL se posicionou contra o texto de Fernando Bezerra Coelho.

Depois de passar pela Câmara, o relatório e os destaques seguirão ao Senado.

Caso os senadores também aprovem a medida provisória, o texto seguirá à sanção presidencial.

  

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