Centrão pressiona por mudanças no texto e economia pode ser menor 14/06/2019
- O ESTADO DE S.PAULO
Parlamentares dos partidos do Centrão (grupo informal formado por PP, PL, PRB, DEM e Solidariedade) e da oposição ainda pressionam o relator da reforma da Previdência, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), para fazer novos ajustes no texto antes mesmo da votação na Comissão Especial.
Segundo apurou o Estadão, as futuras alterações podem retirar mais R$ 150 bilhões dos R$ 913,4 bilhões da economia esperada em dez anos.
O presidente do PSB, Carlos Siqueira, elogiou a retirada das mudanças no benefÃcio de assistência social a idosos (BPC) e da aposentadoria rural, mas as regras de transição e de cálculo não agradaram aos parlamentares do partido.
PUBLICIDADE
Durante a apresentação do novo texto na Comissão Especial, Siqueira recebeu mensagens de parlamentares do partido criticando esses pontos.
O PSB, que se posicionou contrário ao texto apresentada pelo governo, vai reunir o diretório do partido, nos próximos dias, para avaliar o posicionamento em relação ao parecer apresentado ontem.
Para o deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP), a regra de transição incluÃda pelo relator ficou ainda pior do que a apresentada pela equipe para os trabalhadores que estão próximos de se aposentar.
Embora tenha sinalizado para a possibilidade de novas mudanças em seu parecer, o relator evitou comentar a possibilidade de redução da economia prevista de R$ 913,4 bilhões em dez anos.
“O processo vai caminharâ€, limitou-se a responder.
Durante a sessão de apresentação do relatório, a oposição tentou faturar a retirada do texto no BPC, aposentadoria rural e da capitalização.
A lÃder da minoria na Câmara, a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), disse que foi uma vitória da articulação polÃtica da oposição. Outros oposicionistas seguiram o mesmo tom.
O lÃder do DEM, Elmar Nascimento (BA), destacou que foram os partidos do Centrão que primeiro se manifestaram contra esses pontos e negociaram as mudanças com o relator.
O deputado Alexandre Frota (PSL-RJ), coordenador da bancada do PSL na comissão especial da reforma, terá uma reunião, na próxima segunda-feira, com o ministro da Economia, Paulo Guedes.
A nova versão da reforma da Previdência apresentada ontem garante uma economia de R$ 913,4 bilhões em 10 anos. A meta inicial do governo era de R$ 1,2 trilhão.
O relator da proposta, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), teve de recorrer à alta de tributo para compensar as perdas com concessões feitas ao lobby dos servidores públicos.
O relator incluiu a elevação de 15% para 20% da alÃquota da Contribuição Social sobre o Lucro LÃquido (CSLL) paga pelas instituições financeiras.
Medida que vai engordar os cofres do governo em R$ 5 bilhões por ano.
SaÃram ainda as mudanças na aposentadoria rural e no BenefÃcio de Prestação Continuada (BPC), pago a idosos e pessoas com deficiência de baixa renda.
A leitura do parecer levou cerca de cinco horas, apesar do acordo da oposição para não travar os trabalhos em troca um debate mais longo nas próximas semanas. Os oposicionistas, no entanto, pretendem mudar a postura na hora da votação para tentar atrasar o avanço da proposta e adiar a votação para depois do recesso parlamentar de junho.
Já há, pelo menos, 149 deputados inscritos para o debate.
A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), considerou uma vitória polÃtica não existir uma definição de data para se votar a reforma na Comissão Especial.
Ontem, o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), deu uma previsão de que o relatório de Moreira poderia ser votado no dia 25, o que provocou reação imediata dos partidos da oposição
Lideranças do governo publicamente minimizaram o risco de novos adiamentos, mas nos bastidores consideram que a proposta só deve ser votada no plenário da Câmara após o recesso.