O texto foi enviado como resposta a uma reportagem do próprio jornal, que, com base em diálogos obtidos pelo The Intercept Brasil, envolvendo membros da força-tarefa da Lava Jato, encontrou evidências de que procuradores encarregados pelo caso desconfiaram dos depoimentos do empreiteiro durante quase todo o tempo em que se dispôs a colaborar com as investigações.
O empreiteiro apresentou a versão que incriminou Lula em abril de 2017 quase um ano após o inÃcio das investigações. Pinheiro condenou o petista ao afirmar que a OAS reformou o trÃplex do Guarujá.
Em 2016, o ex-presidente da OAS foi condenado na Lava Jato e recorria em liberdade, mas temia ser preso caso o Tribunal Regional Federal da 4ª Região rejeitasse sua apelação.
As mensagens obtidas pelo The Intercept Brasil mostram que os relatos apresentados pela empreiteira sofreram diversas mudanças no perÃodo de um ano.
“Acho que tem que prender o Leo Pinheiro. Eles falam pouco. Quer dizer, acho que tem que deixar o TRF prender. Me parece que não esta valendo a penaâ€, afirmou Januário Paludo, integrante da força-tarefa de Curitiba.
Embora apontassem omissões nos relatos entregues pelos advogados da OAS, os procuradores achavam que conseguiriam mais informações ao entrevistar os executivos da empresa.
“Pessoal os anexos que a OAS entregou hoje são muito semelhantes à queles que a Carol enviou antes aqui. Só há alguns anexos novosâ€, comentou outro integrante da força-tarefa da Lava Jato Jerusa Viecilli.
Mesmo insatisfeitos, em agosto os procuradores aceitaram assinar um termo de confidencialidade para fazer as negociações avançarem.
Após o vazamento, a maioria dos procuradores defenderam a suspensão das negociações como resposta à quebra de sigilo. Entretanto, o chefe da força-tarefa, Deltan Dallagnol, pensava diferente.
A Procuradoria-Geral da República anunciou a suspensão alguns dias depois. Uma semana após o ocorrido, VEJA publicou trechos de sete anexos da delação e afirmou que a empresa revelara a existência de uma conta secreta usada para fazer pagamentos ao petista.
Em seu depoimento, em abril, ele afirmou que a empresa tinha uma conta informal para administrar acertos com o PT, introduzindo o tema revelado pela VEJA.
O relato permitiu para que Moro conectasse o apartamento à corrupção na Petrobras, justificando a prisão de Lula pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Em maio, os procuradores voltaram a conversar com Pinheiro.
O empreiteiro continuava sendo alvo de desconfianças pelos procuradores.
Os advogados de defesa do petista afirmaram que a reportagem “reforça a forma ilegÃtima e ilegal como foi construÃda a condenação do ex-presidente Lula no chamado caso do ‘triplex’â€.
“Conforme histórico do caso, Leo Pinheiro, que ao longo do processo nunca havia incriminado Lula, foi pressionado e repentinamente alterou sua posição anterior em troca de benefÃcios negociados com procuradores de Curitiba, obtendo a redução substancial de sua penaâ€, informa a nota enviada à imprensa.
“Tais elementos mostram que jamais houve intenção de apurar a verdade dos fatos, mas apenas a de impor a Lula uma condenação sem qualquer prova de culpa e desprezando as provas de inocência que apresentamos durante o processo. As novas revelações se somam a tantas outras que mostram a necessidade de ser anulado todo o processo e a condenação imposta a Lula, com o restabelecimento de sua liberdade plenaâ€, conclui o texto, assinado pelo advogado Cristiano Zanin Martins.