PF indicia 13 pessoas por usar relatório fraudulento em Brumadinho 21/09/2019
- AGÊNCIA BRASIL
A PolÃcia Federal (PF) indiciou ontem sete funcionários da mineradora Vale e seis da consultoria alemã Tüv Süd por falsidade ideológica e uso de documentos falsos.
Os crimes de falsidade ideológica e uso de documento falso estão previstos no Artigo 69º da Lei de Crimes Ambientais.
Segundo a PF, houve elaboração fraudulenta do relatório de revisão periódica de segurança de barragem apresentado pela Tüv Süd em junho de 2018 e, consequentemente, da declaração de condição estabilidade.
Em setembro, a consultora alemã realizou ainda uma inspeção de segurança, gerando mais um documento que teria sido fruto de fraude.
De acordo com o delegado Luiz Augusto Nogueira, para os crimes de falsidade ideológica e uso de documentos falsos, as provas são robustas.
O relatório conclusivo desta parte da investigação foi apresentado ontem. Foram ouvidas 80 pessoas e realizadas 34 perÃcias. Nenhum dos indiciados pertence ao alto escalão da Vale.
“A investigação revelou que houve um deturpação dessa condição de estabilidade. Na verdade, a barragem não tinha a segurança que os documentos supunham. A declaração de estabilidade não deveria ter sido dada, o que acarretaria em diversas medidas a serem adotadas pelos órgãos públicos e pela empresaâ€.
Um painel com especialistas realizado pela mineradora em 2017 concluiu que o fator de segurança mÃnimo recomendável para estruturas como a barragem de Brumadinho era 1,3. Os estudos da Tüv Süd chegaram ao fator de segurança de 1,09.
Segundo os delegados, os empregados tinham o conhecimento de qual seria o mÃnimo adequado e, mesmo assim, agiram para que a declaração de condição de estabilidade fosse concedida.
Makoto Namba, em depoimento, chegou a afirmar que se sentiu coagido por Alexandre Campanha para assinar o documento.
“A empresa e seus empregados continuarão contribuindo com as autoridades e responderão à s acusações no momento e ambiente oportunosâ€, acrescenta o texto.
A PF pede medidas cautelares, proibindo os 13 funcionários de prestarem consultorias ou novos trabalhos nessa área, mas não apresentou pedidos de prisão neste momento.
Apesar do mesmo número, nem todos os nomes são os mesmos.
Na lista dos deputados estaduais mineiros, foi incluÃdo, por exemplo, o então diretor-presidente da Vale, Fábio Schvartsman, que não consta entre os indiciados da PF.