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Força-tarefa monta para a CPI o organograma da corrupção
16/08/2006 - Agência Estado

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Sanguessugas montou o organograma da corrupção que envolve setores do governo. O mapeamento, realizado a partir de quatro bases de dados, inclui histórico de 161 mil convênios firmados entre janeiro de 2000 e junho de 2006. Por meio desses instrumentos, cerca de 600 prefeituras adquiriram ambulâncias, equipamentos hospitalares e remédios com recursos liberados pelo Ministério da Saúde. ¨É o itinerário da corrupção¨, declarou o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), que integra a CPI.

Quinze técnicos do Tribunal de Contas da União (TCU), Banco Central (BC), Controladoria Geral da União (CGU) e da assessoria do Senado e da Câmara passaram 50 dias debruçados sobre a papelada, rastreando os caminhos da máfia das ambulâncias, que cresceu, principalmente, segundo as apurações, nos Ministérios da Saúde, Ciência e Tecnologia e Educação. ¨É uma força-tarefa patriótica¨, empolgou-se o deputado Júlio Redecker (PSDB-RS), sub-relator da comissão para as fraudes na administração federal.

¨Quem sabe logo colocaremos a ferro aqueles contra os quais existem evidências e provas. Queremos provas, mas com segurança. Não podemos ser irresponsáveis.¨


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Os dados consultados foram selecionados em quatro áreas. A primeira base coleciona todas as emendas dos últimos sete anos, apontando datas e valores correspondentes. A segunda base esmiúça os convênios da saúde com as administrações municipais beneficiadas. A terceira aponta todas as licitações que os Executivos municipais abriram por força dos convênios, a lista de empresas e fornecedores contratados mediante fraudes e o montante desembolsado.

O quarto grupo apresenta informações sobre recursos que ingressaram na conta de parlamentares ou dos assessores. Os auditores também indicaram existência de ¨emendas genéricas¨, produzidas por deputados sanguessugas sem especificação. A varredura compreende outros dois ministérios, o da Ciência e Tecnologia e o da Educação. Os técnicos levantam programas dessas duas pastas. ¨Vamos verificar a atuação do esquema nos ministérios, o percurso da corrupção¨, assinalou Sampaio. ¨Esse organograma é um roteiro da corrupção porque evidencia a participação e o envolvimento de parlamentares e o repasse de recursos para suas próprias contas.¨

Também está no foco o governo Wellington Dias (PT-PI), que teria direcionado uma concorrência pública de R$ 12,5 milhões para favorecer empresários da máfia. O governador nega irregularidades.

Essa etapa do cruzamento levará mais duas semanas e, a partir dos resultados, a CPI pedirá a quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico de suspeitos. ¨Pode ser o sigilo de qualquer um, agente político, agente público e privado¨, avisou Redecker. Ele afirmou que ainda não pretende convocar ex-ministros da Saúde. ¨Não posso antecipar a construção da casa pelo telhado¨, disse. Mas mandou um recado a quem não acatar convocações da comissão. ¨Vamos usar as faculdades legais.¨

A equipe técnica usou um programa de computador israelense para montar os diagramas relativos aos 72 sanguessugas. Os depoimentos do empresário Luiz Antônio Vedoin, dono da Planam - empresa que atuou como carro-chefe da máfia -, foram a principal referência dos auditores.

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