Saddam condenado à forca 05/11/2006
- Associated Press e Reuters
O ex-ditador do Iraque foi considerado culpado de crimes contra a humanidade
O ex-ditador do Iraque, Saddam Hussein, foi considerado culpado por crimes contra a humanidade e condenado à morte por enforcamento. Ao ouvir a sentença, visivelmente abalado, Saddam gritou ¨Deus é grande!¨. Depois, tremendo, acrescentou: ¨A vida pela nação gloriosa, e morte a seus inimigos!¨
Também foram condenados à morte o ex-presidente do Tribunal Revolucionário Iraquiano, Awad Hamed al-Bandar, e o meio-irmão de Saddam e ex-chefe de espionagem do Iraque, Barzan Ibrahim.
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O ex-ditador havia se recusado a obedecer a ordem do juiz Raouf Adbul-Rahman, para que se levantasse a fim de ouvir a sentença. Dois meirinhos agarraram Saddam para forçá-lo a se pôr em pé.
Antes do início da sessão, um dos advogados de Saddam, o ex-secretário de Justiça dos EUA Ramsey Clark, foi expulso da corte, depois de entregar ao juiz um memorando no qual se referia ao processo como uma farsa. Abdul-Rahman apontou para Clark e disse, em inglês: ¨Caia fora¨.
A pena está sendo imposta pelo massacre de 148 homens e meninos xiitas da aldeia de Dujail, em 1982.
O julgamento de Saddam e outros réus, neste caso, teve início em 19 de outubro de 2005, e foi realizado pelo Tribunal Especial Iraquiano.
Este é apenas o primeiro de uma série de processos abertos contra o ex-ditador. Não está claro se Saddam será executado antes ou depois da conclusão dos demais processos movidos contra seu regime, derrubado pela invasão americana de 2003.
Durante a fase de depoimentos, Saddam reconheceu ter aprovado a sentença de execução do grupo de xiitas, mas justificou a ordem dizendo que eles haviam conspirado para assassiná-lo.
Além das execuções, centenas de pessoas denunciaram torturas e expropriação de terras em conseqüência da repressão que se seguiu a um atentado contra o comboio de veículos de Saddam em Dujail.
Saddam Hussein foi preso no Iraque, por tropas americanas, no dia 13 de dezembro de 2003, depois de uma perseguição de 9 meses.
As sentenças
Além de Saddam, sete outros réus responderam ao processo pelo massacre de Dujail. Todos foram condenados, menos um. As sentenças são:
Saddam Hussein, ex-presidente do Iraque: morte por enforcamento.
Barzan Ibrahim, meio-irmão de Saddam e ex-chefe de espionagem: morte por enforcamento.
Awad Hamed al-Bandar, ex-chefe da Corte Revolucionária: morte por enforcamento.
Taha Yassin Ramadan, ex-vice-presidente do Iraque: prisão perpétua.
Abdullah Kazim Ruwayyid, ex-integrante do Partido Baath: 15 anos de prisão.
Mizhar Abdullah Ruwayyid, ex-integrante do Partido Baath: 15 anos de prisão.
Ali Dayih Ali, ex-integrante do Partido Baath: 15 anos de prisão.
Mohammed Azawi Ali, ex-integrante do Partido Baath: inocentado.
Governo diz que Saddam recebeu sentença merecida
O governo do Iraque afirmou que Saddam Hussein recebeu o que merecia no tribunal que o condenou à forca, mas um importante parlamentar sunita classificou o veredicto de domingo como político.
¨O veredicto foi como esperado¨, disse Ali al-Dabbagh, porta-voz da coalizão do governo xiita, depois de o ex-presidente deposto ter recebido a pena de morte por crimes contra a humanidade praticados contra xiitas em Dujail, em 1982.
¨Isto é o mínimo que Saddam merecia porque seus crimes foram graves. Nenhuma outra punição era possível.¨
Uma influente autoridade árabe sunita do parlamento, que pediu para não ser identificada por medo de represálias sectárias, disse, no entanto: ¨Este é um veredicto político de um tribunal político.¨
O vice-primeiro-ministro iraquiano, Barham Salih, curdo, afirmou à Reuters: ¨O tribunal provou ser profissional e justo. Saddam recebeu a justiça que negou ao povo do Iraque durante 35 anos.¨
E acrescentou: ¨Eu espero que o veredicto represente o fim desse episódio trágico e brutal da história do Iraque. Nós não devemos esquecer nunca e devemos estar sempre alertas para não deixar nunca mais a tirania se levantar aqui no Iraque, mas é hora de seguir adiante.¨
Abdul Aziz al-Hakim, líder do bloco xiita islâmico mais poderoso no governo, acolheu a sentença, mas disse que agora é a hora de os iraquianos se unirem:
¨Saddam passou ... Sua tirania e injustiça acabaram para sempre¨, disse Hakim a um canal de tevê de seu partido.
¨O que aconteceu com ele serve de lição para todos. Todos os tiranos vão receber o que merecem das mãos daqueles que sofreram injustiças¨, disse Hakim, que no passado liderou a Brigada Badr, que combatia Saddam do exílio no Irã. ¨Eu conclamo todos os iraquianos a se unirem.¨