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Telefonemas ligam Abicalil a envolvido com dossiê
16/11/2006 - Folha de S. Paulo

A quebra do sigilo telefônico dos envolvidos na tentativa de compra do dossiê antitucano revela o nome de mais um deputado federal do PT que manteve contato com os envolvidos no episódio. Trata-se do reeleito Carlos Abicalil, que trocou pelo menos 20 ligações com Expedito Veloso, um dos negociadores da documentação montada por Luiz Antonio Trevisan Vedoin, apontado como um dos chefes da máfia das ambulâncias.

As ligações entre os aparelhos celulares dos dois ocorreram entre 17 de agosto e 12 de setembro e se concentram nas datas em que Veloso -- ex-diretor de Gestão de Riscos do Banco do Brasil e integrante da campanha de Lula -- esteve em Cuiabá para negociar a compra dos papéis.


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No dia 22 de agosto, por exemplo, véspera da primeira de três vindas de Veloso à capital de Mato Grosso, os dois, Veloso e o deputado, trocaram sete ligações, segundo as quebras de sigilo sob análise da CPI dos Sanguessugas e da PF.

Além de Veloso, os dados mostram que o gabinete de Abicalil em Brasília (DF) recebeu, no dia 5 de setembro, pelo menos duas ligações de Valdebran Padilha, escalado pela família Vedoin, para negociar com o PT o dossiê contra tucanos.

O empresário Luiz Antonio Vedoin pretendia vender a petistas, por R$ 1,75 milhão, documentos e informações que supostamente incriminariam candidatos do PSDB, em especial o hoje governador eleito de São Paulo, José Serra. O principal adversário do tucano na disputa pelo governo paulista era o senador petista Aloizio Mercadante (SP).

Segundo Abicalil, as ligações telefônicas com Veloso foram provavelmente motivadas pela ida do diretor do BB a Cuiabá, pois este afirmou que viria a Mato Grosso ¨tratar de assuntos da campanha¨, mas não teria dito quais assuntos. Abicalil negou ter conversado com Padilha.

O primeiro nome de um deputado que surgiu na investigação sobre o dossiê foi o do presidente licenciado do PT Ricardo Berzoini (SP). Na ocasião, Berzoini era coordenador da campanha de reeleição do presidente Lula. Conforme a PF, o ¨articulador¨ da negociação para a compra do dossiê foi Jorge Lorenzetti, então coordenador de inteligência da campanha de Lula e subordinado a Berzoini.

A análise do sigilo telefônico indicou que o comitê de campanha de Berzoni fez ligações para Osvaldo Bargas, também investigado pela PF como um dos negociadores do dossiê. Outras chamadas foram feitas para a Caso Sistemas, empresa em nome da mulher do ex-secretário particular do presidente Freud Godoy.

As quebras de sigilo mostram ainda que o escritório nacional do PT em Brasília também fez ligações para o celular de Abicalil. O número foi apresentado à PF por Lorenzetti, em depoimento, como sendo de seu local de trabalho.

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