Chávez avança rumo ao Partido Único. Cubanos ¨somem¨ 23/07/2007
- James Ingham - BBC e Agências EFE e Reuters
Hugo Chávez diz que novo partido será base para ¨revolução socialista¨
Os planos para a formação de um partido único dos aliados do presidente Hugo Chávez na Venezuela avançaram neste fim de semana com a realização das primeiras reuniões de ativistas do futuro Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV). Cerca de seis milhões de simpatizantes de Chávez já assinaram suas fichas de filiação ao novo partido.
Os críticos do governo manifestam preocupação com o que acreditam ser uma ameaça à pluralidade, mas os organizadores do novo partido dizem que ele dará aos venezuelanos comuns um instrumento mais eficaz para avançar com a construção de seu modelo socialista.
O Parlamento venezuelano, a Assembléia Nacional, é formada quase que totalmente por políticos favoráveis a Chávez, mas atualmente eles são filiados a diferentes partidos.
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O presidente quer unir todas essas diferentes agremiações em um único partido, o qual ele diz que será criado “a partir das bases”.
As 6 milhões de pessoas que já assinaram suas fichas de filiação foram divididas em “batalhões”. Mais de mil desses batalhões já realizaram seus primeiros encontros.
Nas chamadas “assembléias de base”, eles estão elegendo seus representantes em um congresso nacional que dará forma ao estatuto do PSUV.
Porém o processo vem criando divisões dentro da própria coalizão governista.
Três dos partidos chavistas se recusam até agora a se dissolver e expressaram preocupações de que esse novo estilo de política poderia levar a um sistema de pensamento único.
Mas Chávez diz que os batalhões serão o centro do debate para a construção de sua “revolução
socialista”.
Estrangeiro que criticar governo será expulso
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, ordenou ontem à Vice-Presidência e aos Ministérios do Interior e de Relações Exteriores que expulsem do país estrangeiros que falem mal de seu governo.
¨Estrangeiros que vierem aqui denegrir a imagem dos venezuelanos, e do governo livre, democrático e legítimo da Venezuela, têm que ser, com todo respeito, mandados para Maiquetía (aeroporto internacional de Caracas)¨, afirmou, em seu programa dominical Alô, presidente.
Chávez falou sobre o tema um dia depois de o presidente da Organização Democrata Cristã da América (ODCA), Manuel Espino, declarar, em Caracas, que o governo venezuelano é um exemplo da ¨tendência demagógica, populista e autoritária que atenta contra as liberdades e direitos fundamentais dos cidadãos¨.
Espino, que é líder do Partido Ação Nacional (PAN), do México, assinalou em entrevista coletiva que uma nova reforma constitucional, como a proposta por Chávez para anular os limites às reeleições presidenciais na Venezuela, lhe parecia ¨uma argúcia do presidente para se manter no poder¨.
O mexicano também criticou a recente decisão de Chávez de não renovar a permissão da emissora privada de televisão RCTV para operar em sinal aberto.
¨Aparentemente, o presidente não gostou das críticas ao seu governo, e cometeu um abuso, um atropelo¨, criticou.
¨Até quando nós vamos permitir que um fulano de tal, de outro país do mundo, venha aqui mesmo, em nossa casa, para dizer que aqui há uma ditadura, e que o presidente é um tirano. Não, isso está proibido aos estrangeiros¨, disse hoje o governante.
Chávez disse ainda que conversou no sábado à noite com o vice-presidente, Jorge Rodríguez sobre o assunto. E criticou a falta de ação do governo frente às críticas.
¨Nenhum estrangeiro, seja ele quem for, pode vir aqui e criticar o nosso governo. Aqueles que vierem devem ser expulsos deste país; não se pode permitir, é uma questão de dignidade¨, acrescentou.
Chávez também revelou que, há pouco tempo, ¨deportaram da Colômbia dois venezuelanos, um reitor de uma universidade e um deputado, pois o governo colombiano considerou que estavam interferindo em seus assuntos internos¨.
Pan 2007: mais dois cubanos estão desaparecidos
Os dois principais boxeadores de Cuba nos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro não se apresentaram neste domingo a seus combates, desencadeando versões de que teriam se unido a outros dois membros da delegação da ilha que ¨desertaram.¨
O campeão olímpico Guillermo Rigondeaux, da categoria 54 quilos, e o campeão mundial dos 69 quilos Erislandy Lara deveriam tentar o bicampeonato no Rio, após os títulos obtidos em Santo Domingo-2003.
O porta-voz da delegação cubana não foi encontrado para comentar o fato e os jornalistas foram impedidos de abordar os outros lutadores que se apresentaram para seus combates.
Os treinadores cubanos também não se aproximaram para falar com a imprensa.
O jogador de handebol Rafael D´Acosta Capote e o treinador de ginástica artística Lázaro Lamelas abandonaram a delegação cubana no Rio de Janeiro.
Rigondeaux é bicampeão olímpico dos 54 quilos, com títulos em Sydney-2000 e em Atenas-2004. Ele também foi campeão dos Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo em 2003 e dos Centro-Americanos e do Caribe de Cartagena, na Colômbia, em 2006.
O atleta foi ainda campeão mundial em sua categoria em Myanyang, na China, em 2005.
Há dois dias, no Rio, ele ganhou seu primeiro combate no torneio de boxe. Esta foi sua 104a vitória consecutiva, e ele não perde uma luta desde os Jogos de Santo Domingo.
Por sua vez, Lara foi campeão mundial em Myanyang e reinou nos Jogos Centro-Americanos e do Caribe em 2006.