Chávez ameaça nacionalizar bancos espanhóis se rei não se desculpar 01/12/2007
- Folha Online
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, ameaçou nacionalizar os bancos espanhóis no país --Santander Central Hispano e BBVA-- caso o rei da Espanha, Juan Carlos, não se desculpe por ter exigido que o presidente venezuelano se calasse durante um debate com o premiê espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, na Cúpula Ibero-Americana, realizada no mês passado, no Chile.
¨Até que o rei de Espanha peça desculpas, porque o rei de Espanha me agrediu, não há nada a fazer¨, disse Chávez. ¨As empresas espanholas, tenho uma lista, compraram uns bancos, vamos nacionalizá-los novamente para colocá-los a serviço dos venezuelanos¨.
Os bancos Santander e BBVA detêm 10,73% e 9,99% do mercado venezuelano respectivamente, atrás apenas dos nacionais Banesco (com 13,26%) e Mercantil (11,91%), segundo a consultoria Sofline, ouvida pela France Presse.
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Referendo
Chávez encerrou ontem a campanha para o referendo de domingo (2) sobre a reforma constitucional com denúncias, advertências e acusações contra ¨inimigos¨ internos e externos.
As principais acusações foram contra os presidentes dos Estados Unidos, George W. Bush, e da Colômbia, Álvaro Uribe. Ele atribuiu ao americano planos para incitar a violência na Venezuela, e se queixou do colombiano, que cancelou a sua mediação no processo para troca de reféns das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) por guerrilheiros presos.
O presidente venezuelano ameaçou interromper a exportação aos EUA 1,5 milhão de barris de petróleo diários, caso seja executada a suposta ¨Operação Tenazes¨ --que teria sido idealizada pela CIA para gerar violência em território venezuelano antes da divulgação do resultado do referendo.
Vestido com uma camisa vermelha, a cor de sua ¨revolução bolivariana¨, Chávez também ordenou aos militares que ¨ponham em andamento os planos especiais de proteção¨ e tomem os campos petrolíferos, junto aos trabalhadores.
Chávez também disse que o governo de Uribe pôs em risco a vida dos reféns das Farc ao interceptar as provas de vida dos seqüestrados. Ele afirmou que Uribe tomou a decisão de pôr fim a seu papel de mediador ¨seguindo ordens¨ dos EUA.
Ameaça aos Estados Unidos
O presidente venezuelano, Hugo Chávez, afirmou ontem que os Estados Unidos estão armando um plano para deflagrar a violência na Venezuela e advertiu que suspenderá o abastecimento de petróleo para o país, na próxima segunda, caso exploda a violência após o referendo constitucional de domingo (02).
O referendo irá decidir se uma reforma constitucional será realizada no país. A proposta de reforma inclui a reeleição presidencial ilimitada, a extensão do mandato do presidente de seis para sete anos e expande os poderes do presidente em relação à economia, Exército e propriedade privada.
Chávez disse que há perigo de ocorrer uma onda de violência como parte de um plano dos Estados Unidos chamado de ¨Operación Tenaza¨.
¨Se a ´Operación Tenaza´ for efetivada no domingo, na segunda-feira não haverá uma gota de petróleo da Venezuela nos Estados Unidos¨, prometeu Chávez.
¨Se, no domingo, ganhar o ´sim´, como tudo indica, e aqui, a oligarquia e os ´piti-yanquis´ apelarem para a violência, se quiserem nosso petróleo terão de passar 100 anos de guerra na Venezuela¨.
¨Senhor presidente da (estatal do petróleo) PDVSA (Rafael Ramírez), mande rever os embarques de petróleo pendentes para os Estados Unidos¨.
Chávez também determinou às Forças Armadas que ponham em marcha um plano especial de proteção dos campos petroleiros e das refinarias: ¨ordeno ao Ministério da Defesa, ao Exército, à Aviação, à Marinha de Guerra e à Guarda Nacional que, a partir de hoje, elabore planos especiais de proteção de nossos campos petroleiros e nossas refinarias¨.
¨A partir desta noite serão ocupados pelo Exército, junto com os trabalhadores da PDVSA¨, disse Chávez, no discurso de encerramento da campanha para o referendo de reforma da Constituição, que reuniu milhares de pessoas em Caracas.
CIA e referendo
Chávez afirmou ainda ter mais de 15 pontos de vantagem no referendo sobre a reforma constitucional e atribuiu o empate nas pesquisas à ação da CIA, a agência americana de inteligência.
¨Não temos menos de 15 pontos¨ de vantagem, disse Chávez para a multidão reunida na avenida Bolívar, garantindo que as pesquisas foram manipuladas pela CIA, que ¨pensa, inclusive, em me matar¨.
¨Quem votar no ´não´ votará em George W. Bush (presidente dos EUA), eles (os opositores) estão fazendo o jogo sujo do ´Império´ americano, nosso verdadeiro inimigo, esta é a batalha¨.
¨Já não sou eu, sou o povo, pertenço a vocês (...) Se o povo venezuelano decidir que governarei até o ano de 2050, até o ano de 2050 governarei¨.
¨Os que votarem no ´sim´ estarão votando em Chávez¨, completou.
Outras propostas de mudança incluem a criação de propriedades comunitárias e permitem ao presidente declarar estados de emergência indefinidos durante os quais o governo pode prender cidadãos sem acusação e censurar a mídia.