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Cresce número de brasileiros na Legião Estrangeira
04/03/2008 - Natalia Viana - BBC

O número de brasileiros que se alistam na Legião Estrangeira, corpo do exército francês formado apenas por estrangeiros, tem aumentado nos últimos anos. São, na maioria, ex-militares descontentes com as condições das Forças Armadas no Brasil.

Segundo dados do próprio exército francês, em 2005 havia cerca de 155 brasileiros na Legião, formando 2% do total de 7.699 soldados. Em 2007, o número subiu para cerca de 230 – um aumento de 50%.

A Legião Estrangeira é considerada como um corpo de elite do exército francês. É conhecida pela sua ação de guerra rápida e eficaz.


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¨É uma tropa formada por jovens estrangeiros, que na maioria passaram por dificuldades em seus países. Nesse sentido, são soldados mais ´durões´¨, disse à BBC Brasil o tenente-coronel Christian Rascle, responsável pelo setor de comunicação.

¨Além disso, oficialmente, todos são solteiros e, portanto, é uma unidade que pode ser deslocada mais rapidamente para missões operacionais. E claro, o fato de serem soldados estrangeiros profissionais também é interessante para a França do ponto de vista político¨, afirmou o tenente-coronel.

Candidatos

Qualquer homem estrangeiro pode se alistar, desde que tenha entre entre 17 a 40 anos e um documento de identidade válido. Não é preciso nem mesmo falar francês, e o alistamento é feito em 11 escritórios em toda a França.

A cada ano, cerca de 7 mil candidatos de 150 países diferentes se alistam. Depois da pesada bateria de testes, apenas mil são aceitos.

O Brasil é o país latino-americano com mais recrutas. Somente em 2007, cerca de 50 brasileiros foram aceitos - um em cada 20 novos recrutas. A grande maioria vem das regiões Norte e Nordeste do país.

¨Os brasileiros são geralmente considerados bons recrutas porque na maior parte são corajosos, além de serem muito motivados¨, disse Rascle. Segundo ele, o número de brasileiros que se torna sub-oficiciais cresceu, o que demonstra um sinal de confiança da Legião com relação à comunidade.

Os legionários brasileiros são, na maioria, jovens entre 23 e 36 anos que prestaram o serviço militar obrigatório ou que deixaram as Forças Armadas para tentar uma carreira militar no exterior.

A Legião Estrangeira não divulga números exatos porque em alguns países é proibido o alistamento de cidadãos nacionais no exterior. Segundo o Ministério da Defesa, este não é o caso do Brasil.

Motivação

Um dos fatores que colaboraram para o aumento da procura de brasileiros foi o a avanço da internet no país.

O site oficial da Legião Estrangeira traz explicações detalhadas sobre o alistamento em 14 línguas, inclusive em português. E no Orkut, rede de relacionamento pela internet, já são mais de 20 as comunidades onde aspirantes e ex-legionários podem trocar informações. A maior delas tem mais de 2,5 mil membros. O mediador, Luiz Camões, diz receber em média dez e-mails por semana.

¨Os maiores incentivos para esses jovens são a aventura, o salário superior ao do exército brasileiro, a idéia de que vão poder combater e a possibilidade de virar um cidadão francês ou receber visto permanente¨, disse Camões à BBC Brasil.

Depois de 3 anos de serviço, os legionários têm direito a residência na França e à nacionalidade francesa. Outro grande incentivo é o salário: o vencimento inicial é de cerca de 1 mil euros (R$ 2,7 mil), podendo chegar a mais de R$ 3,7 mil no primeiro ano. No Brasil, o soldo de um recruta é R$ 207 e o de soldado, marinheiro ou fuzileiro naval pode chegar a R$ 741.

Mas a maior motivação para os ex-militares brasileiros é a falta de perspectiva na carreira militar dentro do país. Eduardo Vidali, de 27 anos, diz que decidiu fazer a prova da Legião Estrangeira depois de ser ¨botado na rua¨ pelo Exército brasileiro.

¨Fui voluntário. Sempre gostei das Forças Armadas. Queria usar o uniforme verde-oliva do meu país¨, disse Vidali à BBC Brasil.

Depois de prestar o serviço militar obrigatório em Jundiaí, Vidali foi contratado como militar temporário e passou a trabalhar para o Exército. Chegou a ser promovido a cabo, mas depois de 7 anos, de acordo com a lei, seu contrato não podia mais ser renovado. ¨Depois de tudo isso foi simplesmente ´adeus, até mais´¨.

Já o carioca Marcelo, de 36 anos, oficial do 2º Regimento de Pára-Quedistas da Legião Estrangeira, conta que sentiu sua carreira ser prejudicada porque a gratificação adicional de pára-quedistas foi cortada.

¨Além disso, acabaram os cursos de comandos, de salto livre, então não me senti motivado a continuar lá. O salário era muito baixo, eu sabia que ia ganhar bem mais estando do lado de fora.¨

No exército francês há 3 anos, Marcelo conta que outro grande atrativo é a estrutura, muito superior na Legião. ¨No Brasil faltam recursos financeiros, bons equipamentos¨, afirmou à BBC Brasil.

Ele diz que gostaria de estar servindo o seu próprio país. ¨Eu prefiria estar com a bandeira do Brasil aqui no braço, mas infelizmente quem me deu a oportunidade de continuar a minha carreira, de fazer o que eu gosto, foi a França. Minha missão agora é lutar pelo Exército francês. Se o Brasil me chamasse eu voltava, largava a Legião. Mas infelizmente isso não vai acontecer¨, disse.

Ex-legionário

Já o sargento-chefe Fausto Camilo da Silva, de 40 anos, recém-aposentado da Legião, disse à BBC Brasil que se sente ¨um pouco francês¨ depois 18 anos de serviço. Apesar de sempre ter sonhado em ser miltar brasileiro, ele abandonou a carreira por causa do baixo salário.

Durante todos esses anos, Fausto participou de algumas das missões mais importantes das Forças Armadas da França. Ele integrou a equipe responsável pelo resgate de cidadãos franceses no Chade e em Ruanda em 1990, durante o conflito entre Tutsis e e Hutus; apoiou a ocupação americana à Somália em 1993; e no Kosovo fez parte de uma missão de manutenção de paz sob a bandeira da Otan em 2001.

¨Ficamos 19 dias em Ruanda¨, ele lembra. ¨O país estava em guerra civil e os rebeldes estavam avaçando na capital. Fizemos um pouso de assalto e tomamos o aeroporto. Dali, partimos para tomar outras posições estratégicas na cidade, como a embaixada francesa e uma escola francesa, onde reunimos todos os cidadãos franceses e outros europeus que quisessem sair. Foi uma operação muito bem-sucedida.¨

Outra missão que ficou na memória foi a da Somália, quando as forças francesas foram chamadas a apoiar a ocupação americana de 1993.

¨A nossa missão era controlar o norte do país. O trabalho era fazer patrulhas pra ver se encontrávamos rebeldes, e daí desarmá-los. Fomos atacados uma vez, mas sem perda de vidas. O mais complicado era o clima, muito quente. Montamos um quartel no meio do deserto, de onde fazíamos as missões.¨

Assim que se aposentou, no ano passado, ele voltou para São Paulo. Além da cidadania francesa, trouxe na mala uma aposentadoria de 900 euros mensais, cerca de R$ 2,5 mil reais.

Recém instalado, já está em busca de trabalho em uma área muito popular entre ex-legionários do mundo todo: segurança Vip. ¨Tenho experiência nessa área e um bom treinamento. Estou fazendo testes para uma empresa inglesa¨, conta.

¨Somos a bucha de canhão¨, diz brasileiro

Apesar de satisfeito com a carreira de soldado na Legião Estrangeira, onde está desde 2005, o carioca Marcelo, de 36 anos, afirma que o trabalho dos legionários não é simples e que a Legião é ¨a bucha de canhão do Exército francês¨.
¨O primeiro tiro quem dá é a gente, depois vem o Exército. Se a Legião ganha a guerra, tudo bem, mas o mérito é do Exército francês. Se perdeu, tudo bem, quem morreu era estrangeiro mesmo¨, disse Marcelo à BBC Brasil.

No entanto, o legionário afirmou que que apesar de não ter seguido carreira no exército brasileiro - serviu por dois anos no Rio de Janeiro – ele sempre quis se aprimorar como soldado pára-quedista e A Legião lhe deu esta oportunidade.

¨Estou fazendo coisas aqui que eu nunca conseguiria fazer no Brasil¨, contou.

Carreira militar

Marcelo vê a sua entrada na Legião como uma continuação da carreira militar. Depois de deixar o Exército brasileiro, ele trabalhou como entregador, segurança e assessor parlamentar. Mas sempre manteve o objetivo de virar legionário.

¨Eu sempre quis vir, mas casei, tive um filho. Quando me separei, pensei: é agora ou nunca.¨

Ao chegar à França, se alistou logo no primeiro dia. Para ele, os meses iniciais foram os mais difíceis.

¨Quem é novo tem que fazer faxina até as 9 horas da noite, além de treinar como todo mundo. E no começo não tem telefone, não tem contato com ninguém. Fiquei um ano sem ter contato com um civil, sem conversar. Foi só trabalho, trabalho e trabalho.¨

A rotina de um legionário começa cedo, por volta 5h30 da manhã, quando acontece a primeira revista aos alojamentos. Às 6h, todo mundo tem que estar preparado para as instruções.

Quando não há cursos ou missões, o dia se divide em tarefas rotineiras dentro do quartel, como cozinhar, fazer a faxina ou trabalhos burocráticos, além de esportes e treinamento.

O serviço termina às 17h30. ¨O mais difícil é o fator psicológico, por ser cada um de uma nacionalidade diferente”, conta Marcelo. “Acaba acontecendo o que a gente chama de máfias. Você acaba se unindo ao cara que tem a mesma pátria que você. Existe muito racismo¨, disse ele à BBC Brasil.

Marcelo vê com bons olhos a vinda de mais brasileiros à Legião, mas acha que o número “está longe do ideal”. Hoje em dia, já não é incomum, segundo ele, haver feijoadas e batucadas aos fins-de-semana em alguns regimentos.

Missões

Por escolha própria, Marcelo foi para o 2º Regimento de Pára-Quedistas, que fica na ilha da Córsega.

¨Ali, o treinamento é ainda mais puxado. Fazemos cursos de salto, estágio de comandos na selva, montagem e desmontagem de todas as armas. Saltamos de helicóptero no mar, alpinismo, estamos o tempo todo ralando.¨

Ao longo desses três anos, o carioca esteve com o exército francês em missões no continente africano, como no Chade e na República do Djibuti, e no Libano. Além disso, já fez guarda na Torre Eiffel, em Paris, com uma equipe anti-terrorismo. Mas de todas as operações, a que mais marcou foi a primeira, na Costa do Marfim, em 2006.

¨O país tinha acabado de sair da guerra civil, as tropas da ONU já estavam lá, e nossa missão era ajudar a manter a paz. Entramos em conflito com os rebeldes 3 vezes, isso me marcou. E também foi o primeiro contato que eu tive com a África. Ver aquela situação de miséria e fome me marcou muito.¨

Ele participou de missão na Costa do Marfim.
Marcelo se diz satisfeito em ser um ¨soldado profissional¨. Ganha 1,8 mil euros (R$ 4,7 mil) e ainda tem seguro de vida, férias e fundo de garantia.

Apesar das críticas que tem sobre o trabalho, ele contou à BBC Brasil que pretende ficar na Legião até se aposentar, o que pode acontecer depois de 15 anos de serviço.

No entanto, passados três anos, as experiências na Legião já mudaram um pouco sua visão sobre a profissão que escolheu.

¨Acho que no fundo todos somos pacifistas. Quem quer a guerra? Guerra só traz destruição. Me diz um soldado que quer a guerra, ele está louco da cabeça. A gente faz porque é o nosso trabalho. Tem que fazer, a gente faz¨, contou.

  

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