Austríaco preparou calabouço antes de raptar a própria filha 04/05/2008
- Agência EFE
Fritzl planejou o porão de sua casa e local foi preparado cerca de um ano antes da jovem ser raptada
Josef Fritzl, de 73 anos, planejou a construção do ¨calabouço¨ do porão de sua casa, na cidade austríaca de Amstetten, antes de trancar ali sua filha Elisabeth durante quase 25 anos, segundo deduziram os especialistas encarregados do caso, que continuaram suas investigações no local ontem, sábado.
¨Fritzl planejou com antecedência. Em 1983 já havia construído o calabouço¨, explicou Franz Polzer, chefe do Escritório contra o Delito da Baixa Áustria.
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De acordo com as declarações de Elisabeth Fritzl, de 42 anos, foi em 1984 que seu pai a atraiu até o porão, a agrediu e amarrou suas mãos, mantendo-a trancada durante 24 anos, nos quais a estuprou sistematicamente e a deixou grávida de sete filhos.
Segundo o agente, Fritzl - um técnico eletricista aposentado que está mantido em prisão preventiva após ser detido no domingo passado - pediu a autorização necessária para reformar o edifício onde vive em Amstetten.
¨Os planos que apresentou foram aprovados, mas não incluíam os quartos que agora descobrimos. No entanto, eles já estavam construídos em 1983. Ele foi muito hábil¨, disse Polzer em declarações por telefone.
A tese policial é de que, após obter a autorização para levar a cabo a reforma, o homem realizou construções além do permitido, mas tapou depois o que não estava nos planos. Por isso, a habitual inspeção realizada posteriormente nas construções austríacas não descobriu nada.
¨Era a parede de um porão, e ele disse que o cômodo terminava ali. Mas atrás da parede havia mais¨, assinalou Polzer. ¨É muito complicado explicar, mas na segunda-feira informaremos à imprensa e apresentaremos um plano para que todos entendam melhor¨, anunciou.
Polzer indicou que cerca de 30 agentes participaram das investigações feitas no cativeiro subterrâneo, que continuarão no domingo, embora com uma equipe menor. Segundo ele, ¨o mais importante agora é esclarecer de maneira detalhada como foi construído este calabouço, e analisar tudo o que foi encontrado nele para averiguar como viviam seus habitantes, do que dispunham e do que não dispunham¨.
¨Precisamos a todo custo saber como funcionava o gás, a eletricidade. Como foram tratados, se foram torturados¨, insistiu.
Elisabeth Fritzl isenta mãe de culpa
Elisabeth Fritzl disse que sua mãe não teve qualquer culpa pelo martírio sofrido nos 24 anos em que viveu trancada em cativeiro e submetida a abusos de seu pai, Josef Fritzl, informa a revista ¨Der Spiegel¨ em sua próxima edição.
Em todos esses anos de cativeiro ela só recebeu alimentos e roupas de seu pai, e sua mãe, Rosemarie, nunca soube de nada nem teve qualquer relação com o que ocorreu, declarou à Polícia Elisabeth, de 42 anos, segundo a Der Spiegel.
De acordo com essa fonte, a filha de Fritzl passou os primeiros nove anos de cativeiro em um único cômodo do porão, e até 1993 seu pai não criou qualquer outro espaço para ela viver.
Com isso, os filhos nascidos nesse período foram ainda testemunhas das violações contínuas de Josef Fritzl.
A vítima contou ainda que seu pai a manteve algemada durante os dois primeiros dias de cativeiro e que nos seis ou nove meses seguintes ela ficou amarrada.
A Der Spiegel assinala que a família esteve sob observação de assistentes sociais de menores que jamais suspeitaram de nada e que inclusive constataram em suas atas que o pai estava ¨aliviado¨, após a comoção sofrida por ¨ter encontrado um bebê abandonado¨ em sua porta.
Elisabeth ficou trancafiada durante quase um quarto de século no porão de sua casa, onde foi abusada sistematicamente por seu pai, com quem teve sete filhos.
Três desses filhos viveram na parte superior da casa, junto com Rosemarie e o restante da família, porque Josef os fez acreditar que as crianças tinham sido abandonadas.
Elizabeth e os outros três filhos que sobreviveram ao martírio permaneceram todos esses anos no calabouço subterrâneo.
A filha mais velha de Elisabeth, Kerstin, continua internada em estado grave no hospital de Amstetten, possivelmente devido a uma infecção originada no cativeiro.